quarta-feira, 10 de outubro de 2007



olê olá


Grupo sério, interessante de ver, sindicalistas protestam na porta do Palácio, Lula sai, convidado a sair, sai, protestos aumentam, mas logo começam a gritar, em uníssono: "olê, olê, olá, Lula, Lulá", meu Deus, que gente é esta?, que felicidade é esta?, que grande novidade republicana?, a que talvez nunca mais poderemos assistir, outra vez, um certo Operário, que nunca a História se repete, um amado Presidente, amado pelo seu povo. Por enquanto? Sim, claro. Talvez, talvez, nada é eterno, a Reforma da Previdência aí vem, ou já veio, e já se foi, dependendo de quando será publicada está croniquinha. Sim, exulto, eis aí, inacreditável, passados tantos meses, tantos anos, Lula Presidente: mas súbito meu microcomputador pára, congela, ameaça e morre. Um dia de enlouquecer, aquele. Sem computador me suicido?! Telefono urgente, aflito, para Nappy, socorro meu!, minha boa amiga, que sempre me salva, horas aflitivas, e ela, que de fato aparece, me diz coisas complicadas, não compreendo, estressado, tonto, em pânico, meu computador, velhíssimo, seis longos anos de idade, pré-histórico, agora, como todo velho, sem memória, esclerosado, em crise de incompatibilidade consigo mesmo, com sua (placa)mãe, contraíra ou não um vírus, seja asiático, seja africano (porque, para nós, todos vêem daquelas regiões dos países eternamente distantes, perigosamente cheios de ozamas e saddans), ela — a Suprema Nappy — me disse, e o que diz ela — a Poderosa Nappy — eu rezo, ela é a Nossa Senhora Desatadora dos Lógicos Nós, e mui compungido, eu crente, ela minha mestra em computação, por ela que hoje sei fazer a webpage, e agora distinguir um gif animado de um arquivo html (sabe o que é "html"? — nem eu), excelsa linguagem, Indecifrável Poesia Internet, extra Internet non est sallus, Maria Poema, Poema Visual-virtual, extra Internet nemo salvatur, e fico mudo, cego e surdo, sem micro, nem Macro, fora da Comunidade Internet, como minha amiga Leila esteve pelas longas horas de uns dias, eu sem nada, ou melhor, reduzido ao Absoluto Nada do sem Senha, eu, o Deletado, na caixa de lixo do spam, sim, ponho-me a tocar um concerto histérico de Pehr Henrik Nordgren, um compositor finlandês, sim, Nordgren, como Erik Bergman, expressa violenta, claramente o que sinto, cortado, expulso, exilado, no campo nu do sem horizonte, sem conexão o que restou do que sou? — mas Nappy vai salvar-me, do suicídio talvez, retorna à casa, de onde me traz, embrulhada, emprestada, aquela sua extraordinariamente rápida máquina, oh, o que sou, quem sou eu sem o word?, o nestscape? que até mesmo o amor só hoje se tem de fazer sob a proteção antivirótica dos nortons, nos chats blogs combs, sim, preservado pelos preservativos de cafeína você acredita que exista vida fora da sala de vídeo, "dia virá / em que os amantes serão caçados a bala", escrevi, e em linux e windows só ela, a Nappy mágica, capaz de me fazer algo assim, olê, olê olá, vivá, vivá, o telefone toca, a Chris, que me diz, de São Paulo, isto e aquilo, e lhe conto a odisséia não-Maria, ó Neuza Machado, e recomendado por Chris que não compre novo micro agora, o que é Real é Virtual, que deixe para terça-feira próxima, que vem nova fase, tal astro em conjunção com qual casa, na superação de si e reconstrução da subjetividade perdida — e tudo bem ensaladado, na semana que vem estarei lá, olê olá, vamos vadiar, no Rio, no mar, vamos sambar.

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