terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Um outro lugar




Um outro lugar

Rogel Samuel


Impossível agüentar o calor carioca. Calor de Carnaval. Estou de partida. A contragosto, pois o sossego maior é sempre em casa. Passarei numa pequena cidade montanhosa. Não sei se terei conexão. Por isso, só depois do Carnaval posso escrever aqui. Espero a “Celebração da paz”, de Holderlin, que traduzo em parte e diz:

O salão sagrado, familiar, construído há muito tempo,
É arejado, e cheio com o divino,
Ecoando suavemente, modulando música quietamente.
Uma nuvem de alegria envia sua fragrância
Por cima dos tapetes verdes. Brilhando à
Distância, uma fila esplêndida de ouro-engrinaldada
Arranjo de xícaras, bem arrumadas, cheias de frutas maduras.
As mesas ao lado, subindo para cima
Do chão nivelado. Agora, pela noite,
Os convidados do amor se juntam, vindo de longe.

E com olhos semi-cerrados eu penso poder ver
O príncipe do festival, ele,
Sorrindo do trabalho sério do dia.
Embora você goste de negar sua origem estranha,
E até mesmo quando você abaixa seus olhos, cansado
Da longa cruzada — esquecido, ligeiramente sombreado—
Você assume a aparência de um conhecido,
Ainda seja reconhecido por todo o mundo; apenas sua superioridade
força as pessoas a se por de joelhos.
Não sendo eu nada em sua presença, eu sei
Você não é mortal. Uma pessoa sábia pode
Explicar muito, mas quando um deus aparece,
Há claridade diferente.
E com olhos semicerrados eu penso poder ver
O príncipe do festival, ele,
Sorrindo do trabalho sério do dia.

Um comentário:

Jefferson Bessa disse...

Assim habitamos a casa, o mundo e também esse terno poema de Hölderlin. Lindo! Obrigado pelo texto.

Boa viagem.
Jefferson.