sexta-feira, 15 de maio de 2009

Inverno antigo





Inverno antigo

Rogel Samuel

É um pequeno poema este de Salvatore Quasimodo. Com o apoio da tradução de Geraldo Holanda Cavalcanti, ensaio uma tradução:

Desejo tuas mãos claras
na penumbra dessa chama:
sabiam a carvalho, rosas,
ou morte. Antigo inverno.

Pássaros buscavam milho
e eram súbito feitos neve;
como palavras.
Um pouco sol, um halo de anjo,
e logo a névoa, as árvores,
e nós, como o ar da manhã.

O poema é obscuro, difícil, como quase tudo que Quasimodo escreveu. Ele era um poeta hermético. As mãos estão em chama, mãos de desejo, mãos secretas, aqueciam no inverno, com ungüento perfumado de madeira e flor. Ou morte, um cheiro de morte. Fora, os pássaros aparecem, vem comer. O frio a neve as palavras. Amanhece? Um pouco de sol sobre as árvores, vence a névoa. E nós? Como o ar da manhã, de manhã o sol é um anjo. Poema difícil, porém belo. Cheio de sugestões, são lembranças? Imagens que passam, em flashes, em cenas desconhecidas, misturadas, compostas como a realidade.

2 comentários:

Jefferson Bessa disse...

A efemeridade do inesperado, do repentino. Excelente poema! Obrigado pela postagem, Amigo!

Um abraço.
Jefferson

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

eu é que agradeço a visita e leitura