sábado, 2 de maio de 2009

O pó dura para sempre




Hoje é sábado. Frase que se tornou clássica por Vinícius. Amanhã talvez não chova, como hoje.


"E não estou alegre nem triste.
Esse é o destino dos versos.
Escrevi-os e devo mostrá-los a todos
Porque não posso fazer o contrário
Como a flor não pode esconder a cor,
Nem o rio esconder que corre,
Nem a árvore esconder que dá fruto.


"Quem sabe quem os lerá?
Quem sabe a que mãos irão?


Ide, ide de mim!
Passa a árvore e fica dispersa pela Natureza.
Murcha a flor e o seu pó dura sempre.
Corre o rio e entra no mar e a sua água é sempre a que foi sua".



Isso escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. Ali se esconde um novelo místico, ou científico. O que dura é o pó. Ou: "Memento homo, quia pulvis es, et in pulverem reverteris" (Genesis 3:19 ). O mundo reduzido a cinzas. "In sudore vultus tui vesceris pane donec revertaris in terram de qua sumptus es quia pulvis es et in pulverem reverteris".

4 comentários:

Maria Azenha disse...

pois é , Amigo, o pó dura mesmo para sempre... lindo !

feliz sábado,


beijo,

Jefferson Bessa disse...

que linda postagem! entre o que passa e o que fica, sabe-se que "o pó dura para sempre".

Um abraço.
Jefferson.

Memória transparente disse...

Curiosamente estou entre mãos com Caeiro.

Deleito-me neste(s) seu(s) espaço(s).

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

obrigado, amigos... caeiro sempre acerta... o que pó também reverte... o Universo inteiro em átomos...