terça-feira, 16 de novembro de 2010

Se o euro falir, a Europa falirá


"Se o euro falir, a Europa falirá"
Publicado em 16-Nov-2010
Situação tende a se deteriorar ainda mais na Europa...
A preocupação com os impasses e dificuldades para sair da crise (leia nota acima), agravada pela chamada guerra cambial, é mundial e um bom sinal disso disso está nas preocupações externadas, por exemplo, pela 1ª ministra da Alemanha, a chanceler Ângela Merkel, que vê riscos até de falência da Europa.

Ângela Merkel foi reeleita com 90,4% dos votos nesta 2ª feira (ontem) como líder da União Democrata-Cristã (CDU) para um 5º mandato de dois anos. No congresso do seu partido conservador que a reelegeu a 1ª ministra encareceu a necessidade da Europa derrotar os riscos à moeda local e criar uma nova âncora de estabilidade financeira e econômica na zona do euro.

Como ela mesmo chama a atenção a crise lá para eles também é grave. Além disso, está até em um processo de aprofundamento com a situação de Portugal e Irlanda se deteriorando sem que nada seja feito. Tanto os Estados Unidos como a China dão sinais também de que vão continuar a cuidar de suas economias - primeiro a deles, conforme demonstram as ações e medidas adotadas.

Diante da gravidade da situação, para Merkel é essencial que a União Européia (UE) trabalhe em conjunto para prevenir novas crises de confiança como a da Grécia e que se resolvam situações como as da Irlanda, pressionada agora a concordar com um pacote de socorro da UE para impedir a venda de títulos do mercado de dívida e o contágio a outros devedores europeus.

"Tudo está em jogo. Se o euro falir, a Europa falirá" previu Merkel.

A semana está apenas começando para os investidores brasileiros, mas já é preciso bastante fôlego para absorver todas as questões que rondam a economia global. A crise de dívida soberana na Europa, a inflação na Ásia e os efeitos da política monetária dos Estados Unidos formam o coquetel de dúvidas que deve dominar os mercados nos próximos dias.

Os problemas dos elevados déficits públicos da zona do euro voltam com tudo à cena, desta vez com a Irlanda no centro das tensões. Embora o “tigre celta” resista, com o procedente argumento de que não tem necessidade de financiamento no curto prazo, é cada vez maior a pressão para que aceite ajuda externa. Segundo o Financial Times, o Banco Central Europeu quer que a Irlanda acesse os recursos do fundo de suporte criado para a região. Os recursos serviriam para fortalecer os bancos irlandeses, altamente dependentes da liquidez oferecida atualmente pelo BCE.

A ajuda também poderia impedir o contágio para outras economias europeias. Uma nova preocupação é que Portugal parece ter entrado na fila. O próprio ministro de Finanças português, Fernando Teixeira dos Santos, reconheceu que o risco de o país ter de buscar socorro da Europa é alto, já que “o problema não é nacional”, mas da zona do euro.

Por isso, a reunião de dois dias dos ministros de Finanças da União Europeia, que começa hoje em Bruxelas, atrai grande atenção dos investidores internacionais. A questão é saber se já será fechado um acordo para a Irlanda. O encontro também acontece em meio à crise política na Itália, onde o primeiro-ministro Silvio Berlusconi sofre o risco de perder o cargo em razão de escândalos de corrupção e pessoais.

Outro tema relevante para os mercados é a pressão inflacionária sentida pela Ásia, fruto da alta dos preços dos alimentos, tendência que se confirma cada vez mais pesada. Na China, como a inflação dos alimentos atingiu 10% em outubro, o assunto traz preocupações. A Bolsa de Xangai despencou 3,98% hoje, diante da expectativa de que o governo anuncie providências.

O banco ING cita reportagem do China Securities Journal apontando que o governo considera a possibilidade de adotar inclusive controle de preços. “Nós acreditamos em um anúncio em breve, como na próxima semana”, escreve o analista Prakash Sakpal, do ING na Ásia.

Mesmo com todo o fluxo de recursos externos, a Coreia do Sul decidiu elevar os juros em 0,25 ponto porcentual, para 2,5%, movida pela pressão inflacionária. Com a medida, analistas acreditam que é apenas uma questão de tempo para o país anunciar novas medidas para conter a entrada de capital – ainda mais agora que o mecanismo ganhou o respaldo do G-20.

O pano de fundo é a política ultra acomodatícia dos Estados Unidos, que inunda outros países de recursos e levanta críticas generalizadas. Ontem, os Treasuries passaram por forte onda de vendas, com pressão de alta sobre os juros. Analistas enxergam diversas possibilidades para o movimento, desde uma realização das posições adotadas como antecipação ao anúncio do Federal Reserve até o risco de inflação – reclamação contida na campanha criada por um grupo de republicanos contra a estratégia de Ben Bernanke.

Os questionamentos sobre a inflação nos EUA acontecem num momento de melhora dos indicadores econômicos, a começar pelo payroll (relatório de emprego) do mês passado. Ontem, as vendas no varejo mostraram alta de 1,2% em outubro, acima da projeção de +0,8%. Hoje, o destaque da agenda é produção industrial de outubro, ao meio-dia (de Brasília).

Às 9h43(de Brasília), as bolsas de Londres (-1,50%), Paris (-1,57%) e Frankfurt (-0,80%) caíam, junto com o petróleo (-1,37%, para US$ 83,09 o barril).

No mesmo horário (acima), o euro operava a US$ 1,3592, de US$ 1,3587 do fim do dia ontem em Nova York. A libra valia US$ 1,6057, de US$ 1,6060. O dólar era cotado a 83,27 ienes, de 83,17 ienes na véspera.






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