quinta-feira, 29 de julho de 2010

BP, uma bomba relógio no sistema financeiro internacional





BP, uma bomba relógio no sistema financeiro internacional

Segundo Michael R. Kratke, Professor de Economia Política e Diretor do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido, a BP é uma bomba de relógio no sistema financeiro mundial. A empresa refinancia-se com derivados creditícios e fundos de pensões que agora, e para infelicidade dos seus clientes, têm grandes perdas. Dois elementos tão centrais como obsoletos do atual capitalismo – uma economia baseada na energia fóssil e na especulação financeira à escala planetária – levam-nos diretamente à próxima catástrofe.

Michael Kratke - Sin Permiso


O que começou como uma crise financeira em setembro de 2008, com a irrevogável falência do banco Lehman-Brothers, pode agora entrar na próxima ronda com a previsível queda da BP. A transnacional britânica é uma bomba relógio financeira, não só para a Grã-Bretanha mas para todo o Reino Unido. Os custos do desastre petrolífero no Golfo do México estimam-se em 70 bilhões de dólares.

Para os britânicos, a BP é como instituição nacional, a maior sociedade anônima do país, a blue chip mais brilhante do mercado de valores londrino. Muitas pessoas julgam que a BP é uma empresa petrolífera. E é verdade. A BP fornece petróleo, tem oleodutos e refinarias um pouco espalhados por todo o mundo. Mas a BP é, simultaneamente, um banco com um raio de ação internacional que, tal como a Enron ou a General Motors, actua nos mercados financeiros internacionais.

De AA a BBB

Como, oficialmente, não é uma entidade financeira, a British Petroleum esta a meio caminho de ser um negócio OTC ou fora do mercado organizado de valores, isto é, que atua fora das bolsas, num negócio sem regulação nem controle. O refinanciamento é através da titularização de derivados creditícios de alto risco, CSOs [obrigações colaterais sintéticas, na sua sigla inglesa], a que não corresponde qualquer valor patrimonial, mas apenas derivados creditícios. São um próspero comércio esses derivados financeiros. A BP é detentora ou tem participações em pelo menos 18% dos papéis deste tipo que circulam por todo o mundo. Recordamos que a crise financeira mundial foi desencadeada pela queda em cadeia de derivados titularizados: as CDOs [obrigações de dívida colateral, na sua sigla inglesa] e os CDS [derivados creditícios de dívida, na sua sigla inglesa]. Agora, os riscos nas CSOs são muito maiores e o alavancamento creditício de maior envergadura e as regulações são desconhecidas.

Por outras palavras: Quando a BP quebrar, a sua falência terá consequências globais. Como supostamente sucedeu no caso Lehman-Brothers, ninguém sabe até que ponto a BP está endividada, nem quem nem em que jogos de azar estão envolvidos os créditos da BP. Mas, como a transnacional é considerada a pérola da coroa da indústria financeira britânica, com fundamento se pode suspeitar que estão aqui metidos todos os que gozam de reputação e hierarquia no mundo financeiro internacional. Não há dúvidas: a próxima bolha está prestes a rebentar. É só uma questão de tempo. Mais provável dentro de semanas que de meses.

O valor patrimonial das instalações da British Petroleum atinge agora o montante de 240 bilhões de dólares. Muitos dos seus campos petrolíferos e participações estão à venda por todo o mundo. Desde finais de abril, perdeu metade do seu valor em bolsa. Deverá entrar um investidor estratégico, provavelmente um fundo estratégico árabe. Os líbios querem ser uma opção mas ninguém se balança a tamanho risco. E os meros boatos de uma entrada de mil milionários árabes não convencem as agências de qualificação do risco.

A Fitch, a menor das três grandes, baixou drasticamente no passado dia 15 de junho a qualificação do gigante petrolífero, pela segunda vez em duas semanas: e desta vez nada menos do que seis escalões de uma vezada, de AA para BBB. Se as duas grandes – a Moody’s e a Standard & Poor’s – a seguirem, os empréstimos da BP baixarão à categoria de lixo, como os títulos da dívida pública grega. De qualquer modo, grandes investidores destas agências, como Warren Buffet, colocaram milhares de milhões em ações e obrigações da BP, o que explica a moderação da Moody’s e da Standard & Poor’s.

Nada de OPAs hostis

Entretanto, a BP teve que ceder à pressão do governo dos EUA e sujeitar-se a um fundo de garantias num montante de 20 bilhões de dólares. Pelo menos até ao próximo ano a BP não poderá continuar a pagar dividendos, terá que seguir uma política de poupança férrea e eliminar milhares de postos de trabalho, os primeiros 5.000 já em 2010. Há fortes indícios que levam à suspeita que a explosão do passado dia 20 de abril no Golfo do México assenta numa implacável política de redução de custos. A segurança e o cuidado, como é sobejamente sabido, custam tempo e dinheiro. Quem louva o capitalismo pela sua eficiência não sabe do que fala. Ou se sabe, dá a entender aquilo em que não acredita.

A questão é que Londres prepara-se para o pior. Debaixo de um clamoroso silêncio acompanhado de rotundos desmentidos, trabalha-se em planos de emergência. A queda descontrolada ou uma tomada de controle da BP seria uma catástrofe para os britânicos. As ações da BP têm fama em todo o mundo de investimentos seguros e lucrativos. A BP pagava regularmente, trimestre a trimestre, polpudos dividendos.

Os fundos de pensões, os maiores investidores institucionais nos mercados financeiros internacionais, compravam e mantinha enormes quantidades de acções da BP. E no sistema britânico de reformas os fundos de pensões jogam um papel chave. Só que, precisamente os rendimentos de reforma cobertas por capital são tudo menos seguros. Quando rebentou a bolha imobiliária estadunidense em 2008, muitos fundos de pensões resultaram em prejuízos dos depositantes e pensionistas. Para os fundos de investimento britânicos que há alguns anos investiam em acções da BP, a catástrofe petrolífera é ao mesmo tempo um desastre financeiro. Cerca de um sexto de todos os dividendos que se pagam no Reino Unido vêm da BP! Assim, os fundos perderam de três formas: patrimonialmente pela queda livre das ações da BP, pelos dividendos evaporados, e pela diminuída capacidade de crédito.

Os fundos de pensões perderam já muito dinheiro com as ações dos bancos e, agora, cai-lhes em cima a situação da BP. Se se calcularem as possíveis perdas tendo por base uma pensão média entre 12 mil e 13 mil libras esterlinas anuais, falamos de 800 a 1.000 libras esterlinas por ano. Daí, o governo do primeiro-ministro Cameron não ter escolha. Se a BP ajoelha, terá que intervir com um novo pacote milionário de resgate. Se foi necessário para os grandes bancos, não será menos necessário para a BP. Isso significa mais dívida pública e ainda mais desproporcionados pacotes de poupança.

A BP não pode desaparecer, pois ela é, de longe, um dos maiores contribuintes fiscais da Ilha e controla uma boa parte das infra-estruturas vitais do reino insular, como a Forties Pipeline System que liga mais de 50 campos petrolíferos no Mar do Norte, ou o oleoduto Baku-Tiblisi-Ceihan, que possibilita o trânsito de petróleo do Cáucaso para a Europa ocidental. Por isso, David Cameron anuncia que o seu governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir o controle da BP por empresas petrolíferas chinesas, árabes ou russas. Se a BP cai nas mãos das gigantes norte-americanas, acabaram-se as considerações para com os fundos de pensões ou para quaisquer outras necessidades britânicas. Dentro de poucos dias a BP tem que liquidar os pagamentos que se vencem no segundo trimestre de 2010. O seu montante é enorme.

Este caso ilustra com clareza como dois elementos tão centrais como obsoletos do capitalismo – uma economia baseada na energia fóssil e na especulação financeira planetária – nos aproximam do abismo da próxima catástrofe.

(*) Michael R. Krätke é Professor de Economia Política e Director do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster no Reino Unido.

Este texto foi publicado dia 26 de Julho de 2010 em www.sinpermiso.info

Tradução de José
Paulo Gascão

terça-feira, 27 de julho de 2010

CORREIA DO SUL: É A GUERRA

CORÉIA DO SUL: GUERRA

CAIO FERNANDO ABREU


"Quando percebi, estava olhando para as pessoas como se soubesse alguma coisa delas que nem elas mesmas sabiam. Ou então como se as transpassasse. Eram bichos brancos e sujos. Quando as transpassava, via o que tinha sido antes delas, e o que tinha sido antes delas era uma coisa sem cor nem forma, eu podia deixar meus olhos descansarem lá porque eles não se preocupavam em dar nome ou cor ou jeito a nenhuma coisa, era um branco liso e calmo. Mas esse branco liso e calmo me assustava e, quando tentava voltar atrás, começava a ver nas pessoas o que elas não sabiam de si mesmas, e isso era ainda mais terrível. O que elas não sabiam de si era tão assustador que me sentia como se tivesse violado uma sepultura fechada havia vários séculos. A maldição cairia sobre mim: ninguém me perdoaria jamais se soubesse que eu ousara.Ninguém me perdoaria se soubesse que eu sei o que elas são, o que elas eram."

Cientistas se aproximam da 'partícula divina'


Cientistas se aproximam da 'partícula divina'




Por Daniel Flynn


PARIS (Reuters) - Cientistas que trabalham com aceleradores de partículas na Europa e nos Estados Unidos disseram nesta segunda-feira que podem estar se aproximando do misterioso Bóson de Higgs, a "partícula divina" que supostamente foi crucial para a formação do cosmos após o Big Bang.


Pesquisadores do Grande Colisor de Hádrons (LHC), gigantesca máquina científica perto de Genebra, na Suíça, disseram que em apenas três meses de experiências já conseguiram detectar todas as principais partículas envolvidas no nosso atual entendimento da física, o chamado Modelo Padrão.


Rolf Heuer, diretor-geral do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern), responsável pelo LHC, disse na Conferência Internacional sobre a Física de Alta Energia, em Paris, que as experiências transcorrem mais rapidamente do que se esperava, entrando num estágio em que uma "nova física" irá surgir.


Isso pode incluir a aguardada prova da existência do Bóson de Higgs e a detecção da matéria escura, que supostamente constitui um quarto do universo, junto aos 5 por cento observáveis e 70 por cento de energia escura invisível.


"Este é um universo escuro, e espero que o LHC ... lance pela primeira vez luz sobre esse universo escuro", disse Heuer. "Isso vai demorar."


O LHC é um túnel circular de 27 quilômetros que cria pequenos Big Bangs ao provocar a colisão de partículas. Na atual etapa, as colisões ocorrem a cerca de metade do seu máximo nível energético -- 7 tera-elétron-volts (TeV).


A máquina deve chegar perto dos 14 TeV a partir de 2013, aproximando-se das condições do Big Bang, a grande explosão que criou o universo, 13,7 bilhões de anos atrás.


Cientistas de um projeto mais antigo e com menos energia, o acelerador de partículas Tevatron, perto de Chicago, disseram na conferência que reduziram o intervalo de massa possível para o Bóson de Higgs em cerca de um quarto, com uma confiabilidade de 95 por cento.


Mas eles ainda não são capazes de alcançar a região de baixa massa onde muita gente crê que o Bóson de Higgs "vive." Trata-se de uma partícula energética teórica, que muitos cientistas acreditam que ajudou a conferir massa para a matéria disparatada lançada pelo Big Bang.


Apresentando resultados do LHC, um projeto de 10 bilhões de dólares, os cientistas disseram que aparentemente detectaram pela primeira vez na Europa o Top Quark, uma enorme e efêmera partícula antes só identificada nos Estados Unidos.


"De agora em diante, estamos em um novo território", disse Oliver Buchmueller, pesquisador graduado do Cern. "O que vamos fazer é efetivamente voltar no tempo. Quanto mais elevarmos a energia, mais perto chegamos do que estava acontecendo no Big Bang."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Para quê serve a Didática Geral?


Para quê serve a Didática Geral?

Quando estamos na faculdade, nem sempre damos importância ao estudo da Didática.


http://www.blocosonline.com.br/home/index.php

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Mais de 70% das escolas públicas urbana têm acesso à internet banda larga


Mais de 70% das escolas públicas urbana têm acesso à internet banda larga



O Ministério das Comunicações divulgou hoje (23) que 72,75% das escolas públicas urbanas do país já tem acesso à internet de alta velocidade. No total, são 47.204 estabelecimentos municipais, estaduais e federais localizados em zona urbana no país. A meta do programa Banda Larga nas Escolas, lançado em 2008, é conectar todas as 64.879 escolas urbanas até o fim deste ano.

O levantamento de dados, feito pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mostra que no primeiro semestre de 2010 foram incluídas 4.206 escolas no programa. São Paulo, Minas Gerais, Maranhão e Bahia são os estados que receberam o maior número de conexões e os estados da Região Norte foram os menos beneficiados. Segundo a Anatel, isso ocorre por causa das dificuldades de acesso das operadoras à região.

O Programa Banda Larga nas Escolas estabelece que as concessionárias de telefonia fixa devem levar aos municípios infraestrutura de rede para a conexão das escolas públicas urbanas em banda larga. De acordo com o compromisso assumido pelas empresas, mesmo as novas escolas que surgirem durante a execução do programa serão conectadas até o fim de 2010.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Se casa el príncipe Alberto de Mónaco


Se casa el príncipe Alberto de Mónaco


Alberto y su prometida se conocieron durante una competición de natación


El príncipe junto a su prometida durante una gala. Acrhivo / EFEPor The Associated Press

El príncipe Alberto II de Mónaco se casará en un año más con su novia, la ex nadadora olímpica sudafricana Charlene Wittstock, informó el jueves el palacio real.

El palacio del principado en la Riviera dijo que la pareja fijó la ceremonia religiosa para el 9 de julio de 2011. La ceremonia civil se realizará el día anterior.

Alfred conoció a la esbelta rubia en el 2000, durante una competición de natación en Mónaco. Wittstock ocupará el lugar que dejó una mujer emblemática, la adorada princesa Grace, quien murió en un accidente automovilístico en 1982.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

terça-feira, 20 de julho de 2010

Jen Hadfield's poem, set in Shetland, will leave you feeling drenched, windswept and thoroughly invigorated


Hüm (noun)

(For Bo)


http://www.guardian.co.uk/books/booksblog/2010/jul/05/poem-week-hum-jen-hadfield



Twilight, gloaming;
to walk blind
against the wind;



to be abject; lick snot
and rain from the top lip
like a sick calf.



To be blinded by rain
from the north.



To be blinded
by westerly rain.



To walk uphill
into a tarry peatcut
and bluster a deal
with the Trowes.


To cross the bull's field
in the dark.



To pass in the dark
a gate of hollow bars
inside which the wind is broaling.



To pass in the dark
a byre like a rotten walnut.



To not know the gate
till you run up against it.



Notes:
broal: cry of a cow or other animal; to cry as in pain
hüm: twilight; gloaming
trow: a mischievous fairy

I am writing like ...



At last! Website confirms I write like Margaret Atwood ...The phenomenally popular I Write Like analyses your prose and matches its style with famous authors. Who's your literary doppelganger?

http://www.guardian.co.uk/books/booksblog

This morning, I am writing like Nabokov (and no doubters, please - here is the proof). Yesterday it was HP Lovecraft (and here is proof again, for anyone with reservations about my ability to engage with the Cthulhu Mythos).

I, and 100,000 other people, have been messing around with a great new website. I Write Like, designed by software developers Coding Robots, lets you paste in a section of your prose and analyses your vocabulary, sentence-length and punctuation. It then compares this to a list of 40 famous writers, and comes up with the closest comparison to your style. It's proved a huge hit since it was launched last Friday, reaching the 100,000-visitors-in-a-day milestone on Tuesday and spreading like wildfire across blogs and Twitter.

In fact it's been so popular that Margaret Atwood, one of the authors included in the site's database, was prompted to try it out. Unfortunately, Atwood revealed, she writes like ... Stephen King. A second attempt told her she wrote like James Joyce. The site's creator is now promising to "train the database" with more of her works so it'll be able to recognise her in the future.

William Gibson , the author of Neuromancer, found he wrote like Haruki Murakami. He was subsequently added to the database – but then found he wrote like Nabokov (we've got so much in common).

So it might not be getting it right every time but I Write Like is an awful lot of fun. And being told that – yay! – this blog has been written in the style of Atwood has cheered me up no end. Give it a try – and let us know if your writing doppelganger is Dan Brown ...

Bolshoi ballet in London




Guardian photographer David Levene

As tentações imperiais da França




NOTA DO BLOG: PUBLICAMOS AQUI ESTE TEXTO, POR ACHAR INTERESSANTE, MAS NÃO CONCORDAMOS COM ELE. A FRANÇA VIVE ATUALMENTE UMA CRISE DE DESEMEMPEGRO ETC,



As tentações imperiais da França



A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês. As identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”. O artigo é de Reginaldo Nasser.

Reginaldo Nasser (*)

Em meio à crise política (corrupção e financiamento de campanha eleitoral) que atinge o seu governo, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, considerou uma vitória importante no Parlamento a aprovação, por 335 votos a favor e um contra, a lei que proíbe o uso do niqab e da burca pelas mulheres muçulmanas. Por que uma questão privada que afeta poucas pessoas na França ressurge como um foco de atenção exagerada? Por que religião e etnia saíram da esfera pessoal e tornaram-se públicas? O fato é que se estabeleceu na França um forte vínculo entre identidade e migração.

As polêmicas sobre o tema da identidade nacional são, antes de tudo, o medo do "outro", do não europeu. Os islâmicos são percebidos cada vez mais por europeus "brancos" não apenas como uma ameaça aos seus empregos, mas, sobretudo, uma ameaça ao “estilo de vida europeu”.

Diferentemente da campanha presidencial em 2005, em que os temas principais eram o desemprego e questões sociais, em 2007, o líder da extrema direita Jean-Marie Le Pen, pode assistir com satisfação a questão da “identidade nacional” assumir o primeiro plano nos debates entre os candidatos. Alguns chegam a especular que as razões da catastrófica atuação da equipe francesa, dentro e fora de campo na África do Sul, refletem as profundas transformações da sociedade francesa. Pois, se em 1998 a França pode celebrar orgulhosa a imagem de Zidane (capitão francês de origem argelina) erguendo a taça de campeão do mundo, revelando a integração de uma nação multi-etnica; no início desse ano, a equipe francesa foi vaiada por uma grande parte da torcida, de filhos ou netos de argelinos, quando jogava uma partida de futebol contra Argélia em Paris.

Apesar desse debate sobre crise da identidade nacional francesa ser indicativo de uma conjunção de fatores que atinge toda a Europa (globalização, crise financeira, desemprego, a ascensão da Ásia, etc), e que tende a se intensificar à medida que se perde a confiança em sua capacidade de superar os desafios, no caso da França a frustração tem levado a uma nostalgia do passado.

Pela primeira vez na história, soldados de 13 países africanos que pertenceram ao antigo império colonial francês marcharam na avenida Champs-Elysees, à frente das tropas francesas nas comemorações do Dia da Bastilha em Paris. Várias organizações da sociedade civil francesa protestaram contra as violações dos direitos humanos por alguns dos líderes africanos que estavam presente e acusaram Sarkozy de nostalgia colonial. Na ocasião Sarkozy anunciou aumento das pensões dos veteranos africanos para o mesmo nível que as dos franceses para corrigir uma injustiça. (os combatentes da 2ª Guerra Mundial estão agora com idades que variam entre 84 e 95 anos).

O tema reapareceu recentemente em mais um polêmico filme sobre a guerra pela independência da Argélia, "Hors la Loi" (Fora da Lei), sob protestos de manifestantes, em Cannes, portando bandeiras da França, dizendo que o filme macula a memória do Exército francês. O diretor é o mesmo do excepcional filme "Dias de Glória" de 2006. Ambos os filmes abordam a história dos soldados das colônias Francesas na África que combateram pela França na 2ª Guerra Mundial. Os britânicos e franceses aliciaram milhares de soldados das colônias com a promessa da futura independência dos seus países. Quando teve início a guerra, em 1939, o governo francês recrutou cerca de 500.000 africanos e De Gaulle recrutou mais 100.000 em 1943 para libertar a França.

No momento da celebração da vitória dos aliados os soldados africanos foram escondidos em lugares que pareciam verdadeiros campos de refugiados, pois De Gaulle queria uma celebração “mais branca”. Aqueles que ousaram tremular a bandeira da Argélia entre as bandeiras dos EUA, Inglaterra e França foram massacrados.

Os franceses criaram um mito e querem que acreditemos que ele existe como se fosse uma realidade: o Estado-Nação. Uma maioria acreditava que esse era o melhor caminho para consolidar e legitimar o governo sobre uma população que se caracteriza por uma língua comum ou por seu caráter étnico. O problema é que as identidades dentro das nações são instáveis e é muito difícil uma comunidade cultural coincidir com uma entidade política, tornando impossível buscar a realização daquilo que se chama “França autêntica”. A incapacidade do Estado Francês em desenvolver uma política eficiente que integre os imigrantes está fortemente baseada no desejo de promover a homogeneidade numa nação “única e indivisível”, que na verdade é impossível de se realizar, a não ser que Sarkozy assuma de vez o seu desejo de restaurar o velho e detestável Império francês.

(*) Professor de Relações Internacionais da PUC-SP

sexta-feira, 16 de julho de 2010

AERODINÂMICA










http://saepcar.vilabol.uol.com.br/aerodinamica.htm


"O nome aerodinâmica está relacionado ao estudo da dinâmica dos corpos que se movem dentro de fluidos como o próprio ar e outros gases, sendo um ramo importante da mecânica dos fluidos. Como exemplos de aplicações da aerodinâmica, podemos citar a criação dos corpos dos aviões, formato de projéteis e até mesmo a construção de simples cataventos. A base de estudo da aerodinâmica é determinada através uma lei: O Princípio de Bernoulli. Este princípio relaciona a velocidade do fluxo do ar e a pressão correspondente, desta forma temos que para maiores velocidades de fluxo, correspondem menores valores de pressão, assim como para aumentos de pressão, correspondem diminuições na velocidade de fluxo".

ROUBARAM O PÊNIS


Grabschändung
Penisraub bei Wolfgang Joop
16. Juli 2010, 17:53Die Genitalien des nackten Engels am Grab von Joops Eltern sorgten von Anfang an für Ärger - Nun hat er nur noch ein Loch zwischen den Beinen
Vandalismus: Dem steinernen Engel am Grab seiner Eltern wurde der Penis abgeschlagen
Potsdam - Seine ungewöhnliche Skulptur eines Engels auf dem Grab seiner Eltern sorgte von Anfang an für Ärger - nun ist sie auch ein Fall für die Polizei: Modeschöpfer Wolfgang Joop (65) hat Anzeige gegen unbekannt erstattet, nachdem seinem steinernen Engel der Penis abgeschlagen worden ist.

"Das ist Friedhofsschändung - das macht man nicht", sagte Joop traurig und entsetzt zugleich. Nur wenige Tage nach einem Zeitungs-Interview auf dem Bornstedter Friedhof bei Potsdam haben Unbekannte Anfang der Woche die Skulptur beschädigt. (APA)

CALOR E BANHO PÚBLICO EM VIENA

TEMPESTADE NA EUROPA

Calor pode bater o recorde na Rússia, com 37ºC



Calor pode bater o recorde na Rússia, com 37ºC


O Globo
Agências internacionais



MOSCOU - O calor que vem afetando a Rússia já destruiu quase 10 milhões de hectares de cultivos, e levou as autoridades a declarar estado de emergência em 17 regiões do país. Nesta sexta-feira, o escritório regional do clima em Moscou disse esperar que a onda de calor, que já custou ao setor agrícola US$ 1 milhão, continue na semana que vem. Os termômetros de Moscou podem chegar a 37ºC, o que romperia o recorde de 1936, 36,6º C.

- O dia de amanhã pode bater esse recorde - disse a responsável pelo instituto de meteorologia, Yelena Timakina.

As altas temperaturas e a seca aumentaram o número de incêndios. Uma coluna de fumaça e chamas rodeavam Moscou por conta dos incêndios florestais que ainda não foram controlados. De acordo com o governo, trata-se da pior seca no país em 130 anos.

EMPREGO E FRIO

PETROBRÁS

Petrobras: O empoderamento das mulheres


Petrobras: O empoderamento das mulheres



Conceição Oliveira

Segurando a imensa tristeza da morte de Saramago, leio uma boa notícia para continuar o dia. Trago-a para compartilhar com vocês: a Petrobras adere aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, propostos pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher. Mais que isso, em seis anos a empresa quase dobrou o número de mulheres em seus quadros: em 2003, eram 4.406 mulheres trabalhando na Petrobras, em dezembro de 2009, 8.268.

Do blog Petrobras

18 de junho de 2010



A Petrobras anunciou, esta semana, a adesão aos Princípios de Empoderamento das Mulheres, propostos pelo Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (UNIFEM) e pelo Pacto Global das Nações Unidas. O documento elenca sete princípios que fornecem às empresas orientações práticas para a promoção de igualdade de gênero no ambiente de trabalho, no mercado e na comunidade.

Em curso desde 2004, os Princípios de Empoderamento das Mulheres tem como objetivo proporcionar condições para que as mulheres participem plenamente da vida econômica em todos os setores e níveis da atividade econômica. Visa também atingir os objetivos internacionalmente acordados para o desenvolvimento, a sustentabilidade e os direitos humanos, melhorar as condições de vida para as mulheres, homens, famílias e comunidades e impulsionar as operações e metas dos negócios.

Os sete Princípios de Empoderamento das Mulheres são:
1. Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a igualdade de gênero;
2. Tratar todas as mulheres e homens de maneira justa no trabalho – respeitar e apoiar direitos humanos e não-discriminação;
3. Assegurar saúde, segurança e bem-estar a todos, trabalhadoras e trabalhadores, mulheres e homens;
4. Promover educação, treinamento e desenvolvimento profissional para as mulheres;
5. Implementar desenvolvimento empresarial e práticas de cadeia de suprimentos e marketing que empoderem as mulheres;
6. Promover igualdade através de iniciativas comunitárias e de defesa;
7. Medir e publicamente relatar o progresso no alcance da igualdade de gênero.

A Petrobras integra, desde 2006, o Programa Pró Equidade de Gênero, da Secretaria de Políticas para as Mulheres e, desde 2003, é signatária do Pacto Global da ONU. A participação das mulheres na Companhia tem crescido a cada ano. Em 2003, eram 4.406. Em dezembro de 2009, esse número já havia subido para 8.268.

O anúncio da adesão da Petrobras aos Princípios de Empoderamento das Mulheres foi feito esta semana (14/6) pela gerente de Orientações e Práticas de Responsabilidade Social da Petrobras, Sue Wolter Vianna, durante o Encontro Regional para o Fortalecimento da Equidade de Gênero, realizado no Rio de Janeiro. “Em maio, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, assinou os Princípios de Empoderamento das Mulheres. Este documento mostra o compromisso da Petrobras para avançar ainda mais nesta discussão. É também um marco para a empresa e um novo desafio junto com o Pacto Global para trazer mais organizações para esse movimento”, destacou Sue.

Através de um depoimento em vídeo exibido no Encontro, a representante do UNIFEM Brasil e Cone Sul, Rebecca Tavares, parabenizou a iniciativa da Petrobras. “A adesão da Petrobras aos Princípios de Empoderamento das Mulheres é um grande incentivo para que mais empresas brasileiras façam parte deste esforço mundial. Parabenizamos a visão de negócio da Petrobras de investir em mulheres e incorporar a igualdade de gênero na sua política organizacional”, afirmou a representante.

O evento, promovido pelas empresas que assinaram a Carta Compromisso com o Programa Pró-Equidade de Gênero, reuniu representantes das próprias empresas e da OIT e da Unifem, integrantes do Sistema das Nações Unidas. Os encontros são feitos regularmente para debater medidas de equidade de gênero no mercado de trabalho. Em 2009, foi realizado o I Ciclo, que reuniu 1500 pessoas em 5 reuniões em diferentes estados brasileiros.

Em 2009, Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Embrapa, Eletrobrás e Serpro assinaram a Carta Compromisso, que depois também recebeu a adesão de Itaipu e CPRM – Serviço Geológico do Brasil. No documento, as empresas signatárias propõem-se a promover o Ciclo de Encontros Regionais para Fortalecimento da Equidade de Gênero, com objetivo de intensificar a troca de experiências e estimular novas adesões à iniciativa.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Comissão isenta servidor inativo com mais de 65 anos de pagar INSS


Comissão isenta servidor inativo com mais de 65 anos de pagar INSS


Para Comissão da Câmara, desconto seria progressivo a partir dos 61 anos.
Proposta segue para análise do plenário da Câmara dos Deputados.

Eduardo Bresciani


Do G1, em Brasília

imprimir
A comissão especial da Câmara que discutia o fim da contribuição previdenciária de servidores inativos aprovou nesta quarta-feira (14) a isenção da contribuição para quem tem idade superior a 65 anos. O texto aprovado para a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), de autoria de Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), dá ainda desconto progressivo para quem tem acima de 61 anos.

O projeto segue agora para o plenário da Casa, onde precisa ser aprovado duas vezes com 308 votos favoráveis, antes de seguir para o Senado. Não há ainda previsão para o projeto ir a votação no plenário da Câmara.

O texto que sai da comissão não acaba com a contribuição, mas poderá ter um impacto de até R$ 1,8 bilhão ao ano nas contas da Previdência Social, segundo a previsão de Arnaldo Faria de Sá. Este impacto se daria quando todos os servidores que pagam a contribuição completarem 65 anos.

Atualmente, todos os servidores públicos inativos que recebem acima do teto da Previdência, que é de cerca de R$ 3,4 mil, pagam 11% de contribuição sobre o valor que excede este teto. Um aposentado do setor público que ganhe cerca de R$ 4,4 mil, por exemplo, paga cerca de R$ 110,00 de contribuição.

Com a mudança aprovada na comissão, o pagamento desta contribuição de 11% só seria feito de forma integral por quem tem até 60 anos. A partir daí o desconto será de 20% da contribuição para cada ano de vida com o servidor inativo ficando isento a partir dos 65 anos.

Arnaldo Faria de Sá esclarece que a PEC só valeria após sua promulgação e que não há previsão de que os valores pagos sejam devolvidos. “Quem pagou, pagou. Não tem devolução”.


quarta-feira, 14 de julho de 2010

TONY CURTIS INTERNADO


LOS ANGELES (EFE) - O ator americano Tony Curtis de filmes como "Acorrentados" (1958) e "Quanto Mais Quente Melhor" (1959), foi hospitalizado por conta de problemas respiratórios, informou nesta terça-feira o site "TMZ".


Divulgação: Tony Curtis e Marylin Monroe no elenco de 'Quando Mais Quente Melhor', que inclui ainda Jack Lemmon

O intérprete de 85 anos, que participou de várias comédias de Hollywood das décadas de 50 e 60, foi internado na semana passada em um centro médico em Las Vegas, onde permanece sob observação clínica em situação estável.

Aparentemente, o ator sofreu um ataque de asma, que se soma à doença crônica de que sofre e que provoca obstrução das vias pulmonares.

Curtis, que usa cadeiras de rodas e só consegue caminhar por distâncias muito curtas, esteve em situação muito grave em dezembro de 2006, quando contraiu uma pneumonia e ficou em coma durante vários dias.

terça-feira, 13 de julho de 2010

VÔO

CAIO FERNANDO ABREU


"Apenas já não somos mais crianças e desaprendemos a cantar. As cartas continuam queimando. Eu tentei pensar em Deus. Mas Deus morreu faz muito tempo. Talvez se tenha ido junto com o sol, com o calor. Pensei que talvez o sol, o calor e Deus pudessem voltar de repente, no momento exato em que a última chama se desfizer e alguém esboçar o primeiro gesto. Mas eles não voltaraão. Seria bonito, e as coisas bonitas já não acontecem mais."

segunda-feira, 12 de julho de 2010

HORÁCIO


HORÁCIO

Rogel Samuel

A Ode III de Horácio nos recorda a lembrança das aulas de latim no curso de letras na FNFi. Uma dificuldade, traduzi-lo. Um verdadeiro e labiríntico xadrez verbal. O original assim diz: “Ad navem qua Virgilius Athenas vehebatur. / Sic te diva potens Cypri, / Sic fratres Helenae, lucida sidera, / Ventorumque regat pater, / Obstrictis aliis praeter Iapyga / Navis, quae tibi creditum / Debes Virgilium, finibus Atticis / Reddas incolumen, precor, / Et serves animae dimidium meae. / Illi robur et aes triplex / Circa pectus erat, qui fragilem truci / Commisit pelago ratem / Primus, nec timuit praecipitem Africum / Decertatem Aquilonibus, / Nec tristes Hyadas, nec rabiem Noti, / Quo non arbiter Adriae / Maior, tollere seu ponere vult freta. / Quem mortis timuit gradum, / Qui siccis oculis monstra natantia, / Qui vidit mare turgidum, et / Infames acopulos Acroceraunia? / Nequiequam Deus abscidit / Prudens Océano dissociabili / Terras, si tamen impiae / Non tangenda rates transiliunt vada. / Audax Iapeti genus / Ignem fraude mala gentibus intulit. / Post ignem aeteria domo / Subductum, Macies, et nova Febrium / Terris incubuit cohors; / Semotique prius tarda necessitas / Lethi corripuit gradum. / Expertus vacuum Daedalus aera / Pennis non homini datis : / Perrupit Acheronta Herculeus labor. / Nil mortalibus arduum est : / Caelum ipsum petimus stultitia ; neque / Per nostram patimur scelus, / Iracunda Iovem ponere fulmina.
A tradução de Elpino Duriense (Lisboa, 1807), assim se faz:

AO NAVIO DE VERGÍLIO


Assim a deusa poderosa em Chipre,
Assim os irmãos de Helena, brilhantes
Astros, e o rei dos ventos, só com japis,
prendendo os mais, te reja,
Ó nau, que és de Vergílio devedora,
Que a ti se confiou, rogo-te, o ponhas,
Salvo nas terras áticas, e guardes
metade de minha alma.
Enzinho e tresdobrado bronze havia
Em torno ao peito, quem ao pego iroso
O baixel frágil cometeu primeiro;
Nem já temeu o ábrego.
Com os aquilões brigando impetuoso,
Hiadas tristes, nem de Noto a raiva;
Que é da Ádria o mór senhor, ou erguer queira,
Ou amainar as ondas.
Que gênero temeu de morte aquele,
Que a olhos secos viu nadantes monstros,
Que viu túrgido mar, e Acroceraunos
infamados cachopos?
Em vão próvido Deus com o oceano
As terras retalhou insociáveis,
Se contudo os baixéis ímpios trespassam
os não tocandos mares.
Audaz a sofrer tudo, a gente humana
Por defezas maldades se despenha;
Audaz a prole de japeto às gentes
com fraude iníqua o fogo.
Trouxe: depois que o fogo à casa etérea
Se furtou, a magreza e nova tropa
De febre sobreveio à terra, e o fado
vagaroso da morte.
Dantes remota, apressurou o passo
Tentou com penas ao mortal não dadas,
Dédalo o ar vazio: o Aqueronte
rompeu trabalho hercúleo.
Nada aos mortais é árduo: cometemos
Loucos o mesmo Céu; e não deixamos
Com os nossos crimes, que deponha Jove
Os iracundos raios.
[HORÁCIO. Obras completas. São Paulo, Cultura, 1941. p. 24-25.]
A tradução do naturalista cubano Felipe Poey y Aloy diz: “Nave, a quien se encomendó Virgilio, así la amable Diosa que reposa en Chipre, así los hermanos de la bella Elena, lúcidos astros, y el padre de los vientos te conduzcan, que lo restituyas salvo, te ruego, a las arenas áticas y guardes la mitad del alma mía.
Triple armadura de bronce y robusto pecho tuvo quien entregó primero un frágil leño al piélago señudo. Ni temió el Austro altivo desatado contra el fiero Aquilón, ni a las lluviosas Hyadas, ni la furia del Noto proceloso, señor del Golfo Adriático, bien encrespe sus olas, bien las tenga sosegadas. ¿Qué genero de muerte podrá espantar a quien con ojo enjuto vio el mar embravecido, vio los monstruos nadando y los fulminados escollos del Epiro.
En vano Júpiter prudente ciñó las tierras con mares disociables, si sacrílegas barquillas osan al fin salvar las inviolables llanuras. La gente humana, dispuesta a todo, se despeña a la impiedad vedada. El hijo audaz de Japeto hurta el fuego del sol y lo distribuye a las naciones. Tras de este fraude, cargó sobre la tierra la macilenta fiebre y un nuevo escuadrón de males; y la muerte inevitable, antes lenta, llegó con paso presuroso. Dédalo se lanzó a los aires con plumas no dispensadas a la humanidad; Hércules, con temerario aliento, penetró el Aqueronte. No hay obstáculo para el hombre: en su demencia, acomete al mismo cielo; y por su maldad, no permite que Jove soberano deponga sus iras y rayos justicieros.”
Há tradução de Alberto Lista (1775-1848) publicada na España em 1837, e a de Javier de Burgos de 1844.
e Alberto Lista:
Así la amable diosa
que reina en Chipre; así su luz serena
te den, nave preciosa,
los dos hermanos de la bella Helena;
y desatando el aura deliciosa,
el padre de los vientos soberano
enfrente a los demás el vuelo insano.
¡Ay! mi Virgilio, prenda a ti cedida
y que debes volver entrega sano
a la cecropia arena,
y en él la mitad guarda de mi vida.
De diamante formado
el pecho tuvo y de robusto acero
quien el piélago airado
un leño frágil entregó primero.
Ni temió el Austro altivo desatado
Contra el fiero Aquilón, ni las lluviosas
Híades, ni las furias procelosas
Del Noto que en el Adria siempre manda;
Bien encrespe sus olas espumosas,
O bien manso y ligero
Restituya a la mar su quietud blanda.
Al mortal atrevido
¿qué riesgo espantará, cuando sereno
vio el golfo embravecido
de escollos y nadantes fieras lleno?
en vano Jove el mundo dividido
ciñó con océano dilatado
que apartase los hombres, y alterado
enfrenase su intrépida osadía,
si a su pesar, del piélago negado
el más remoto seno
atraviesa veloz la nave impía.
De sosiego impaciente
y ansiosa de su mal, feroz y osada,
la sacrílega gente
se precipita a la maldad vedada.
El hijo de Japeto el rayo ardiente
robó del sol: al fraude pernicioso
siguió de males escuadrón sañoso,
que la tierra oprimió con rabia fiera,
y la muerte que en paso perezoso
la ley nunca evitada
cumplió primero, abrevia la carrera.
Surcó Dédalo el viento
con alas al mortal no concedidas;
el Orco macilento,
mansiones por las furias defendidas
Hércules penetró con firme aliento.
Nada es difícil al orgullo humano:
ya desde el Osa con furor insano
al mismo cielo, se atrevió primero,
ni permite que Jove soberano
las iras merecidas
deponga, ni su rayo justiciero.

40
Traducción de Javier de Burgos:
Nave que de Virgilio
El precioso depósito nos debes,
Que a su fe se confía,
Salvo a las playas áticas le lleves,
Y guardes la mitad del alma mía.
Así la cipria diosa
Y los gemelos fúlgidos de Helena
Te dirijan, oh nave,
Y Eolo, que los vientos encadena,
Y sople solo el céfiro suave.
Rodeaba sin duda
Triple armadura de templado acero,
El corazón de roble
Del que a fiar se aventuró el primero
Frágil esquife a piélago salobre;
Ni a las Hiadas tristes,
Ni del bóreas temió y ábrego insano
La continua refriega,
Ni al Noto, que señor del golfo adriano,
Tal vez sus olas alza, y tal sosiega.
¿Qué riesgo asombraría
Al que con ojo enjuto mirar pudo
Nadando en vasto giro
Monstruos alrededor, y el mar sañudo,
Y los tristes escollos del Epiro?
La tierra en vano Jove
Por hondos mares separó prudente;
Pues la sirte vadosa,
Donde tocar el cielo no consiente,
Sacrílega barquilla saltar osa.
Audaz por lo vedado
Desbócase el mortal; el mando bajo
Con fraudes Prometeo
Y osadía sin par el fuego trajo,
Que del alcázar arrancó Febeo.
La Amarillez, la Fiebre
Y de ignorados males hueste impía
Ocuparon el suelo
Entonces, y la muerte antes tardía
De entonces ¡ay! aceleró su vuelo.
Dédalo las regiones
Osó con alas al mortal negadas
Surcar del aura leve;
Forzó Alcides del Orco las moradas;
¿A qué del hombre el ansia no se atreve?
A veces desafía
Al cielo mismo nuestro orgullo vano,
Y por la culpa nuestra
No dejamos que Jove soberano
Desarme en fin la fulminante diestra.41

CAIO FERNANDO ABREU


Como a vida é tecelã imprevisível, e ponto dado aqui vezenquando só vai ser arrematado lá na frente. Três anos depois fui parar em Saint-Nazaire, cidadezinha no estuário do rio Loire, fronteira sul da Bretanha. Lá, escrevi uma novela chamada Bem longe de Marienbad , homenagem mais à canção de Barbara que ao filme de Resnais. Uma tarde saí a caminhar procurando na mente uma epígrafe para o texto. Por “acaso”, fui dar na frente de um centro cultural chamado (oh!) Camille Claudel. Lembrei da agenda antiga, fui remexer papéis. E lá estava aquela frase que eu nem lembrava mais e era, sim, a epígrafe e síntese (quem sabe epitáfio, um dia) não só daquele texto, mas de todos os outros que escrevi até hoje. E do que não escrevi, mas vivi e vivo e viverei.

domingo, 11 de julho de 2010

CAIO FERNANDO ABREU


Enrolado num capotão da Segunda Guerra, naquela tarde em Notre-Dame rezei, acendi vela, pensei coisas do passado, da fantasia e memória, depois saí a caminhar. Parei numa vitrina cheia de obras do conde Saint-Germain, me perdi pelos bulevares da le dela Cité. Então sentei num banco do Quai de Bourbon, de costas para o Sena, acendi um cigarro e olhei para a casa em frente, no outro lado da rua. Na fachada estragada pelo tempo lia-se numa placa: “II y a toujours quelque choe d’abient qui me tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta) — frase de uma carta escrita por Camilie Claudel a Rodín, em 1886. Daquela casa, dizia aplaca, Camille saíra direto para o hospício, onde permaneceu até a morte. Perdida de amor, de talento e de loucura.

FOTO DO FOGO: SEBASTIÃO SALGADO




BANDEIRAS

sábado, 10 de julho de 2010

Pitigrilli, o esquecido


Pitigrilli, o esquecido

Rogel Samuel


Li na juventude muitos livros de Pitigrilli. Ele se chamava Dino Segre (Turim, 9 de maio de 1893 — Turim,
8 de maio de 1975) era italiano.



Em Pitigrilli fala de Pitigrilli, uma das últimas obras, mostra sua opção pelo espiritismo, ou, pelo menos, sua enorme curiosidade pelo lado oculto das religiões. Já estava em idade avançada e morava em Buenos Aires, Argentina, onde se refugiou. Influenciou alguns autores e pensadores italianos, argentinos e brasileiros, como Guido Gozzano, Flavio Bonfá e Julio Cortázar.

Por isso fiquei feliz em encontrar

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/castidade.html

Ninguém mais lê Pitigrilli.

Só eu.

"Escrevo melhor em dólar"


"Escrevo melhor em dólar"

Rogel Samuel

Recentemente minha amiga Leila Miccolis escreveu e publicou um texto no seu blog
http://leilamiccolis.blogspot.com/ intitulado "O LUCRO DO SABER".
"Hoje recebi um e-mail de um escritor que propunha colocar à venda em Blocos um
livro seu porque o site desse autor "não tinha fins lucrativos", no dizer dele próprio",
disse Leila, e defendia a seguir a remuneração dos autores.
Ao seu texto escrevi o seguinte comentário (eu tenho a mania de escrever em maiúscula,
desculpem): O BRASIL SÓ SERÁ VISTO COMO UM PAÍS DESENVOLVIDO (E PÓS-MODERNO) QUANDO OS POETAS E ESCRITORES FOREM RESPEITADOS E REMUNERADOS COMO PRODUTORES DE CULTURA, ASSIM COMO OS CINEASTAS, OS MÚSICOS ETC. ESCREVER NÃO É UMA ATIVIDADE ESPORTIVA OU LAZER DE UMA CLASSE OCIOSA, NEM UMA ATIVIDADE DE FIM DE SEMANA, MAS O ESCRITOR QUE SE VÊ COMO TAL LEVA A SÉRIO O SEU TRABALHO E HOJE MAIS DO NUNCA PELA INTERNET ELE TEM NOVOS CANAIS DE COMUNICAÇÃO COM SEU PÚBLICO. POR ISSO LEILA MICCOLIS ACERTOU EM CHEIO NA RAIZ DO PROBLEMA: OU SEJA, A PROFISSÃO DE ESCRITOR!
ESSE DEBATE DEVE APROFUNDAR-SE, TEM DE APROFUNDAR-SE PARA LEVANTAR OS POETAS DO ESTADO ANESTÉSICO, DO TORPOR EM QUE NÓS NOS ENCONTRAMOS.
TRATA-SE DE UM PROBLEMA DE SOBREVIVÊNCIA DA NACIONALIDADE.
Sobre este tema me lembro do seguinte e curioso fato artístico, desta vez musical, narrado por
Nalen Anthoni em vídeo da EMI.
Depois da Segunda Guerra, o compositor inglês William Walton compôs um concerto para Jascha Heifetz a pedido deste. Depois, em 1956, o violoncelista Gregor Piatigorsky, um dos maiores do seu tempo, fez o mesmo pedido a Walton. Mas Piatigorsky fez o pedido através de um intermediário, o pianista Ivor Newton.
Walton respondeu: "Eu sou um compositor profissional. Escrevo não importa o quê para
qualquer um desde que me pague..." E depois de uma pausa, acrescentou: "Eu escrevo melhor quando me pagam em dólar".
Walton terminou o concerto no mesmo ano, o magnífico Concerto para Violoncelo e Orquestra, que está no vídeo, e que foi executado pela primeira vez em janeiro de 1957 por Piatigorsky com a Boston Symphony Orchestra, dirigida por Charles Munch.
Não se diz quanto o violoncelista pagou.



sexta-feira, 9 de julho de 2010

Nixon quis usar bombas atômicas contra Coreia do Norte


Nixon quis usar bombas atômicas contra Coreia do Norte


O ex-presidente dos Estados Unidos Richard Nixon (1969-1974) pensou em usar armas nucleares contra a Coreia do Norte após a derrubada de um avião espião dos Estados Unidos sobre o mar da Coreia em 1969.

Documentos confidenciais recentemente revelados pelo governo dos Estados Unidos mostram que o ex-presidente Richard Nixon (1969-1974) cogitou usar armas nucleares contra a Coreia do Norte, informou nesta quinta-feira (8) o jornal espanhol El País.

Nixon, que renunciou em 1974 após um escândalo de corrupção, colocou a bomba atômica como uma das opções em resposta ao abate do avião espião. De acordo com os documentos secretos, Nixon via a Coreia do Norte como uma "ameaça iminente" e queria atacar com armas nucleares se a República Popular Democrática da Coreia desferisse algum "ataque" aéreo contra o sul.

O plano, denominado de Freedom Drop, continha "opções acordadas para o uso de armas nucleares táticas contra a Coreia do Norte". Em nota, o secretário de Defesa à época, Melvin Laird, estima que as vítimas civis de um ataque como esse ficariam "entre cem e vários milhares".

Os documentos também mostram outras possíveis opções militares, todas elas dirigidas a um "ataque punitivo" contra as supostas "ameaças" da RPDC.

Nixon também quis usar a bomba atômica contra o Vietnã. Em abril de 1972, em conversa com seu assessor de Segurança Nacional, Henry Kissinger, o ex-presidente dos EUA achou que bombardear fábricas era muito pouco, e disse que preferia "usar a bomba atômica".

Kissinger disse que acredita ser exagerado o uso da bomba A, ao que Nixon contestou: "A bomba nuclear lhe incomoda, Henry? Só quero que pense grande".

Apesar dos planos de Nixon, no entanto, as armas nucleares ainda não foram usadas contra o Vietnã ou a Coreia do Norte. O único país que sofreu o ataque criminoso com bombas nucleares foi o Japão, com as cidades de Hiroxima e Nagasaki sendo arrasadas e que matou instantanêamente mais de 200 mil pessoas, em 1945, no fim da Segunda Guerra Mundial.

Da redação, com informações do El País

CAIO FERNANDO ABREU


Toda vez que chego a Paris tenho um ritual particular. Depois de dormir algumas horas, dou uma espanada no rodenirterceiromundista e vou até Notre-Dame. Acendo vela, rezo, fico olhando a catedral imensa no coração do Ocidente. Sempre penso em Joana d’Arc, heroína dos meus remotos 12 anos; no caminho de Santiago de Compostela, do qual Notre-Dame é o ponto de partida — e em minha mãe, professora de História que, entre tantas coisas mais, me ensinou essa paixão pelo mundo e pelo tempo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

CAIO FERNANDO ABREU


Sempre acontecem coisas quando vou a Notre-Dame. Certa vez, encontrei um conhecido de Porto Alegre que não via pelo menos á2o anos. Outra, chegando de uma temporada penosa numa Londres congelada e aterrorizada por bombas do IRA, na época da Guerra do Golfo, tropecei numa greve de fome de curdos no jardim em frente. Na mais bonita dessas vezes, eu estava tristíssimo. Há meses não havia sol, ninguém mandava notícias de lugar algum, o dinheiro estava no fim, pessoas que eu considerava amigas tinham sido cruéis e desonestas. Pior que tudo, rondava um sentimento de desorientação. Aquela liberdade e falta de laços tão totais que tornam-se horríveis, e você pode então ir tanto para Botucatu quanto para Java, Budapeste ou Maputo — nada interessa. Viajante sofre muito: é o preço que se paga por querer ver “como um danado”,feito Pessoa. Eu sentia profunda falta de alguma coisa que não sabia o que era. Sabia só que doía, doía. Sem remédio.

http://caio-fernando-abreu.blogspot.com/

BRUNO

quarta-feira, 7 de julho de 2010

TEMPLO


Xuan Kong Si, Shanxi Province, China. Photo: huanqiu.com
The Xuan Kong Si, or "Hanging Temple," does cling to a vast rock face at the foot of Hengshan Mountain in China's Shanxi Province.

CASTELO


Lichtenstein Castle, Germany. Photo Source: huanqiu.com

CASA


Takasugi-an, Nagano. Photo Source: huanqiu.com
Takasugi-an, which translates as "a teahouse too high," is a single-room structure lofted atop a tree.

TORRE



Astra Tower, Hamburg

CASA



Sutyagin House, Archangel, Russia. Photo: huanqiu.com
The building was built by a Russian businessman. In 2008, his home was condemned as a fire hazard by the city government. It was slowly demolished the following year.

MOSTEIRO


Meteora Monasteries, Greece. Photo: huanqiu.com

CALOR NA CHINA

terça-feira, 6 de julho de 2010

PEQUIM COM 42 GRAUS C PELA PRIMEIRA VEZ EM 50 ANOS


On the TV channel today - for the first time in 50 years, the
summer temperature in Peking surged to 42 degrees C - as hot as Abu
Dhabi and Dubai now. And this is only the first week of July.

FOTOGRAFIA DO UNIVERSO?








A missão Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), produziu sua primeira visão do céu inteiro. Segundo pesquisadores da ESA, o mapa oferece não somente uma nova visão do processo de formação de estrelas como ainda dá pistas sobre a formação do universo após o Big Bang.

"Este é o momento para o qual o Planck foi concebido", disse, em nota, o diretor de Exploração Robótica e Ciência da ESA, David Southwood. "Não estamos dando a resposta. Estamos abrindo as portas de um Eldorado onde cientistas poderão buscar as pepitas que levarão à compreensão de como nosso Universo veio a ser e como ele funciona agora".

O disco principal da Via Láctea corta o centro da imagem. faixas de poeira fria se projetam acima e abaixo da galáxia. Essa teia galáctica é onde novas estrelas estão surgindo, e o Planck encontrou diversos locais onde estrelas individuais começam a nascer ou dão início ao ciclo de desenvolvimento.

O fundo manchado da imagem é radiação de fundo de micro-ondas, a forma de radiação mais antiga do Universo. A imagem da Via Láctea mostra o estado atual de nossa vizinhança cósmica, e as micro-ondas, como o Universo era antes que surgissem as primeiras estrelas.

A missão do Planck é decodificar esse padrão do pando de fundo e mostrar o que aconteceu nos primórdios do tempo e do espaço.

O padrão de micro-ondas é a planta a partir da qual os atuais aglomerados e superaglomerados de galáxias foram construídos. As diferentes cores representam pequenas diferenças de temperatura e densidade de matéria no céu. Essas irregularidades evoluíram, ao longo de bilhões de anos, em regiões muito densas, que deram origem às galáxias atuais.

O pano de fundo cobre todo o céu, mas muito dele fica escondido, nesta imagem, pela emissão da Via Láctea, que era de ser filtrada digitalmente para que o padrão das micro-ondas apareça por completo.

Quando esse trabalho estiver pronto, o Planck terá gerado a mais precisa imagem do fundo de micro-ondas já criada. A questão principal é se os dados revelarão a assinatura de um período, chamado inflação, que é previsto em muitas teorias sobre os primórdios do Universo. A inflação teria ocorrido logo após o Big Bang, levando a uma expansão violenta do Universo num período muito curto.

Quando sua missão se encerrar em 2012, o Planck terá completado quatro varreduras completas do céu.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

RICARDO REIS


Aqui, Neera, longe

De homens e de cidades,

Por ninguém nos tolher

O passo, nem vedarem

A nossa vista as casas,

Podemos crer-nos livres.

Bem sei, é flava, que inda

Nos tolhe a vida o corpo,

E não temos a mão

Onde temos a alma;

Bem sei que mesmo aqui

Se nos gasta esta carne

Que os deuses concederam

Ao estado antes de Averno.

Mas aqui não nos prendem

Mais coisas do que a vida,

Mãos alheias não tomam

Do nosso braço, ou passos

Humanos se atravessam

Pelo nosso caminho.

Não nos sentimos presos

Senão com pensarmos nisso,

Por isso não pensemos

E deixemo-nos crer

Na inteira liberdade

Que é a ilusão que agora

Nos torna iguais dos deuses.

Altamiro Borges: Galvão Bueno será linchado no aeroporto?


Altamiro Borges: Galvão Bueno será linchado no aeroporto?



Como já alertou o jornalista Eliakim Araújo, que conhece os bastidores da televisão brasileira, a “Globo é vingativa”. Ela até agora não perdoou o fato do técnico Dunga ter vetado as entrevistas exclusivas para a emissora e de ter adotado normas disciplinares para garantir a concentração dos jogadores. No retorno da seleção ao Brasil, só faltou este império midiático, com todos os seus tentáculos, estimular o linchamento de Dunga.

por Altamiro Borges, em seu blog


A rádio CBN, do poderoso grupo, alardeou que a chegada de parte do time no aeroporto do Rio de Janeiro foi caótica, com agressões aos jogadores e ao técnico. Stanley Burburinho, em matéria no blog Viomundo, desmentiu a versão terrorista. “Eu estava lá e não houve confusão nenhuma, a não ser a causada pela própria imprensa na ânsia de entrevistas os jogadores”. Já o Fantástico, da TV Globo, destilou novos venenos editorializados contra Dunga, com vários adjetivos.

Data e local do retorno

Na mídia altamente concentrada e manipuladora não há espaço para o contraditório. Todos estão contra Dunga – a TV Globo simplesmente expressa o sentimento do povo brasileiro. Nem sequer a manifestação de respeito ao técnico, ocorrida no aeroporto de Porto Alegre, teve destaque nos inúmeros programas da emissora sobre a Copa do Mundo. A pesquisa de opinião, divulgada na véspera do jogo contra a Alemanha, que deu quase 70% de aprovação ao técnico, também não mereceu qualquer realce. A Rede Globo é contra; portanto, o povo é contra. Ponto final.

Para evitar cair no ridículo e no total descrédito, a Rede Globo deveria tentar ser um pouco mais equilibrada – menos rancorosa e arrogante. Na Copa do Mundo da África do Sul, ela já não foi consenso na cobertura. Através da internet, milhares de pessoas participaram da campanha “Cala boca Galvão” e do movimento “diasemglobo”. Apesar da incitação, Dunga não foi linchado nos aeroportos – para tristeza dos repórteres do império global. E bom não fazer o mesmo teste com Galvão Bueno, evitando divulgar o horário e o local do seu retorno ao Brasil.

MORRE ROBERTO PIVA


Ricardo Reis


As rosas amo dos jardins de Adónis

Essas volucres amo, Lídia, rosas,

Que em o dia em que nascem

Em esse dia morrem.

A luz para elas é eterna, porque

Nascem nascido já o sol, e acabam

Antes que Apolo deixe

O seu curso visível.

Assim façamos nossa vida um dia,

Inscientes, Lídia, voluntariamente

Que à noite antes e após

O pouco que duramos.



Ricardo Reis