segunda-feira, 4 de agosto de 2008

As estrelas

AS ESTRELAS

Rogel Samuel

As onças estão em extinção. Famosas, na minha época, porque atacavam os rebanhos. Só existiam as negras no Norte do Amazonas. As "pintadas" estavam em toda parte, perto de Manaus. Meu pai., que viajou 40 anos pelo Amazonas, encontrou uma, ele descendo um igarapé estreito, motor quase em silêncio, sobre um tronco de árvore caída, ao sol, estava ela. Deu marcha a ré. O animal voltou-se, soberano. Olhou com desprezo, voou como um pássaro, atravessou a margem. Conheci um "matador" de onças, velhote magro, vivia daquilo, no Careiro, perto de Manaus. Amarrava um porco, subia na árvore, ficava na espera. Nesta nossa época digital estou relendo Alencar e falando de onça. Alencar é a Mata Atlântica. Alencar organizou a estória como a história do Brasil, que sai de sua obra inteira. Ele descreve a floresta, que conheceu bem. Veio, por terra, do Ceará ao Rio de Janeiro. Naquela época, uma epopéia, uma caminhada digna da coluna Prestes. Mesmo hoje. O Amazonas era um lugar no mundo tão inexplorado quanto Marte, que deixou de ser uma estrela para virar um realidade. Vamos deixar de observar as estrelas como um sonho. Agora elas serào "uma antecipação do que ainda não veio a ser" (Bloch).

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