quinta-feira, 14 de agosto de 2008

O GUINDASTE DO MUNDO



Rogel Samuel

Um poema de Dogen (1200 - 1253) diz assim:

A que devo comparar o mundo?
O luar
refletido nas gotas de orvalho,
agitadas da conta de um guindaste.

Isto se lê em “Zen Poetry of Dogen”, traduzido para o inglês por Steven Heine. Para Dogen o mundo é uma gota de luar, ou melhor, são gotas de orvalho, estão nas gotas de orvalho penduradas nas grandezas de um guindaste, arrastadas por esse enorme guindaste poderoso e forte que é o destino do mundo, o peso do mundo, a agitar do mundo, a pressa do mundo, seu trânsito, suas guerras, suas contas, seus dinheiros, seus valores, suas fortunas, as empresas, os exércitos, as nações, o grande esforço de suas lutas e trabalhos, tudo, tudo não vale mais, para Dogen, do que o luar refletido dentro das gotas de orvalho agitadas pelo mover do braço desse enorme guindaste que move o mundo.

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