domingo, 22 de março de 2009

A última hora



A última hora

Rogel Samuel


Lembra Thich Nhat Hanh que no romance “O estrangeiro”, de Andre Camus há um personagem que vivia como um homem morto. Estava condenado à morte. Era um assassino.

Mas na prisão ele teve a consciência da passagem do tempo, ele despertou para o
momento que passa, pois eram seus últimos momentos de vida.

O seu mestre foi uma pequena janela acima de sua cabeça por onde ele podia ver um
pedaço de céu. Do céu azul. E devido aquele céu azul ele se iluminou, isto é,
teve a percepção do presente.

Mas ele só despertou para isso dois dias antes de sua morte. Mesmo assim ele resolveu
viver aqueles seus dois últimos dias de maneira muito profunda e intensa.

Então ele descobriu uma coisa fantástica: ele tinha vivido até então como um homem morto, com um morto vivo, como quem estivesse dormindo, e só agora ele acordava!

Ele descobriu isso dois dias antes de morrer.

Antes da execução ele recebeu a visita do padre. O padre queria salvá-lo.
Mas ele não aceitou, porque ele viu que estava mais desperto do que o padre.
E pediu que o padre se retirasse para que ele pudesse viver aquela sua última hora de modo profundo.


http://odomadordamontanha.blogspot.com/2009/01/thich-nhat-hanh.html

2 comentários:

Jefferson Bessa disse...

Quando se olha atentamente para o céu aberto - céu azul - vive-se em plenitude.

Abraços.
Jefferson

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

Concordo, amigo, o azul infinito...