No Rio, Madonna dedica show a todas as 'periguetes' do mundo
Diante de 67 mil pessoas, estrela mostra desenho que fez nas costas com a gíria brasileira e, de lingerie, canta 'Like a virgin' enquanto recolhe dinheiro do público e põe no sutiã
RIO - Prefira o original: Madonna, há 30 anos realizando suas
fantasias. Esse poderia ser o slogan de “MDNA”, o show que a cantora
americana trouxe para o Rio de Janeiro, na noite de domingo, no Parque
dos Atletas. Copiada, relida, remixada e parodiada por seguidas gerações
de estrelas pop, ela tinha o desafio de mostrar por que, aos 54 anos de
idade, ainda era relevante.
E veio armada até os dentes com o que conseguiu reunir pelo caminho: produção milionária, vigor atlético, vasto repertório, pendor para a provocação e apurada construção cênica. A música pode ter ficado em segundo plano, mas, como espetáculo, “MDNA” foi impecável.
Em sua volta ao Brasil, Madonna levou 67 mil pessoas ao Parque dos Atletas do Rio, muito acima dos 40 mil arrastados por Lady Gaga em sua passagem pela cidade. Como é tradição, a estrela deixou o público impaciente desde as 20h, horário previsto para início do show. Mas quando a majestade deu a largada, às 23h05m, com "Girl gone wild", os súditos esqueceram qualquer sinal de cansaço e entregaram-se ao repertório salpicado de hits e canções do novo disco.
A primeira parte do show casa opressivas imagens medievais com violência de filme de Quentin Tarantino. É, tematicamente, o momento em que Madonna faz seu mergulho no inferno, nas canções “Girl gone wild”, “Revolver” e “Gang bang”, cujas coreografias de combate poderiam muito bem ter sido dirigidas pelo cineasta John Woo. Entre a primeira música e "Revolver", a cantora falou em português: "Qual é Rio, estão prontos?".
Momento sublime é a entrada, logo em seguida a esse bloco, do velho hit “Papa don’t preach”, que ali adquire todo um novo sentido: deixa de ser a música da menina conversando com o pai, e passa a ser a da cantora prestando contas com Deus. “Hung up” vai na mesma levada pesada (de um show que definitivamente é para adultos), ganhando uma nova leitura as sugestões visuais dos bailarinos no slack line.
Noite que segue. De guitarra em punho Madonna encarna a roqueira em “I don’t give a...”, tira seu sarro básico com Lady Gaga ao enxertar “Born this way” em “Express yourself”, lidera as cheerleaders e a banda do colégio em “Give me all your luvin’” e ainda homenageia o próprio passado na oitentista “Turn up the radio”.
Para reler “Open your heart”, ela convoca seus assessores para world music, o trio basco Kalacan, numa versão que fica aquém da original. E não agrada muito com a balada “Masterpiece”, momento em que o show esfria perigosamente.
Mas aí chega a parte assumidamente hedonista do espetáculo e tudo volta ao normal: “Vogue”, “Candy shop” (com trechos de “Erotica”) e “Human nature”, culminando numa versão voz-e-piano de “Like a virgin”, em que a periguete-mor do pop mundial carrega na sensualidade, na elasticidade e no drama, arrastando-se pelo chão. Em inglês, a diva dedicou a música "a todas as 'periguetes' do mundo" e, de barriga de fora, lambeu o dedo de uma fã e mostrou as costas desenhadas com a gíria brasileira "periguete". Madonna costuma fazer este tipo de tatuagem removível por onde passa.
É o ápice da noite, depois do qual ela envereda pela brutalidade techno (“I’m addicted”) e o zen indiano (“I’m a sinner”) até a redenção, com “Like a prayer”, em que a Igreja ruim e medieval é trocada pela Igreja boa, dos corais negros, do gospel. Mais uma noite de salvação para a santa pecadora e seus devotos.
E veio armada até os dentes com o que conseguiu reunir pelo caminho: produção milionária, vigor atlético, vasto repertório, pendor para a provocação e apurada construção cênica. A música pode ter ficado em segundo plano, mas, como espetáculo, “MDNA” foi impecável.
Em sua volta ao Brasil, Madonna levou 67 mil pessoas ao Parque dos Atletas do Rio, muito acima dos 40 mil arrastados por Lady Gaga em sua passagem pela cidade. Como é tradição, a estrela deixou o público impaciente desde as 20h, horário previsto para início do show. Mas quando a majestade deu a largada, às 23h05m, com "Girl gone wild", os súditos esqueceram qualquer sinal de cansaço e entregaram-se ao repertório salpicado de hits e canções do novo disco.
A primeira parte do show casa opressivas imagens medievais com violência de filme de Quentin Tarantino. É, tematicamente, o momento em que Madonna faz seu mergulho no inferno, nas canções “Girl gone wild”, “Revolver” e “Gang bang”, cujas coreografias de combate poderiam muito bem ter sido dirigidas pelo cineasta John Woo. Entre a primeira música e "Revolver", a cantora falou em português: "Qual é Rio, estão prontos?".
Momento sublime é a entrada, logo em seguida a esse bloco, do velho hit “Papa don’t preach”, que ali adquire todo um novo sentido: deixa de ser a música da menina conversando com o pai, e passa a ser a da cantora prestando contas com Deus. “Hung up” vai na mesma levada pesada (de um show que definitivamente é para adultos), ganhando uma nova leitura as sugestões visuais dos bailarinos no slack line.
Noite que segue. De guitarra em punho Madonna encarna a roqueira em “I don’t give a...”, tira seu sarro básico com Lady Gaga ao enxertar “Born this way” em “Express yourself”, lidera as cheerleaders e a banda do colégio em “Give me all your luvin’” e ainda homenageia o próprio passado na oitentista “Turn up the radio”.
Para reler “Open your heart”, ela convoca seus assessores para world music, o trio basco Kalacan, numa versão que fica aquém da original. E não agrada muito com a balada “Masterpiece”, momento em que o show esfria perigosamente.
Mas aí chega a parte assumidamente hedonista do espetáculo e tudo volta ao normal: “Vogue”, “Candy shop” (com trechos de “Erotica”) e “Human nature”, culminando numa versão voz-e-piano de “Like a virgin”, em que a periguete-mor do pop mundial carrega na sensualidade, na elasticidade e no drama, arrastando-se pelo chão. Em inglês, a diva dedicou a música "a todas as 'periguetes' do mundo" e, de barriga de fora, lambeu o dedo de uma fã e mostrou as costas desenhadas com a gíria brasileira "periguete". Madonna costuma fazer este tipo de tatuagem removível por onde passa.
É o ápice da noite, depois do qual ela envereda pela brutalidade techno (“I’m addicted”) e o zen indiano (“I’m a sinner”) até a redenção, com “Like a prayer”, em que a Igreja ruim e medieval é trocada pela Igreja boa, dos corais negros, do gospel. Mais uma noite de salvação para a santa pecadora e seus devotos.
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