O outro lado do glamour: estudo diz que estrelas musicais morrem mais cedo
O British Music Journal analisou o percurso de 1489 músicos que atingiram o estrelato entre 1956 e 2006
Eles vivem depressa, vivem glamourosamente, são a encarnação das nossas ambições e fantasias. Mostram-nos que, como cantava o Conjunto Académico João Paulo, "existe um mundo melhor para lá..." Eles, as estrelas da música, morrem mais cedo que nós, comuns mortais. É o que diz um estudo do Centro de Saúde Pública da Universidade John Moore, em Liverpool. Título: Dying to be famous [Morrendo para ser famoso, em tradução literal].
O estudo, publicado no British Medical Journal, centrou-se no mundo anglo-saxónico - Reino Unido e EUA - e teve como base 1489 músicos que atingiram a fama, ou seja, a presença no Top 40 americano ou britânico, entre 1956 e 2006. Definido o grupo de estudo, foi comparada a sua longevidade com a expectativa de vida geral, tendo em conta o sexo, nacionalidade e origem étnica, no momento em que cada um dos músicos ganhou notoriedade - por exemplo, Elvis Presley, que saltou para o estrelato em 1956, teve como base de comparação a longevidade de um americano branco de 21 anos em 1955.
Registe-se que 9,2% das estrelas analisadas morreram durante o período analisado; que o estilo de vida é determinante, com tantos mortos em consequência da dependência de drogas e álcool, quanto de cancro e doenças cardiovasculares. E que as estrelas americanas, e em particular as negras, registam mortalidade mais elevada. Quarenta anos após atingirem a fama, as possibilidades de sobrevivência dos músicos americanos, comparadas com as da população normal, são de 87,6%. Já os britânicos mantêm-se abaixo da média até 36 anos de estrelato, regressando depois aos valores do povo não músico e não famoso. Segundo os autores, esta discrepância pode ser justificada pelas diferenças na assistência social e acesso a cuidados de saúde na Europa e nos Estados Unidos - o Estado social parece fazer a diferença. Além disso, afirmou um dos autores do estudo, Mark Bellis, "o comportamento de risco nos Estados Unidos é diferente, dado o fácil acesso a armas".
Que as estrelas "pop/rock, punk, rap, R&B, electrónica e new age" - géneros abordados no estudo - têm vidas mais curtas é convicção presente na cultura popular em lemas como "Vive depressa, morre jovem e deixa um cadáver bonito", e, claro, no famoso "Clube dos 27" a que pertencem Jim Morrison, Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Kurt Cobain ou Amy Winehouse. O estudo confirma maior tendência para a morte prematura, mas destrói a ideia dos 27 anos como fronteira trágica. Entre os 137 mortos identificados, apenas dez pertencem ao dito clube: a idade média é 45,2 anos para os americanos e de 39,6 para os britânicos.
O estudo apresenta ainda curiosidades. Músicos a solo têm mais probabilidades de morrer prematuramente que os integrados numa banda (9,8% vs 5,4% no Reino Unido; 22,8 vs 10,2% nos EUA). E, se os anos 1960 e 1970 foram as décadas de todos os excessos - "sexo, drogas e rock"n"roll", recordemos -, a partir da de 1980 aumenta a taxa de sobrevivência das estrelas, mais protegidas pela indústria e pela medicina. A ênfase, porém, é posta noutros dados. Dos músicos mortos 47,2% provinham de famílias disfuncionais ou desfavorecidas. E quatro em cinco dos que morreram por abuso de substâncias ou em contexto de violência sofreram abusos na infância. Conclusão de Mark Bellis, citado pelo Independent: "As pessoas podem ver a música como uma saída. Muitos podem pensar que milhões de libras acabará com o trauma. Mas esse não parece ser o caso."
O estudo, publicado no British Medical Journal, centrou-se no mundo anglo-saxónico - Reino Unido e EUA - e teve como base 1489 músicos que atingiram a fama, ou seja, a presença no Top 40 americano ou britânico, entre 1956 e 2006. Definido o grupo de estudo, foi comparada a sua longevidade com a expectativa de vida geral, tendo em conta o sexo, nacionalidade e origem étnica, no momento em que cada um dos músicos ganhou notoriedade - por exemplo, Elvis Presley, que saltou para o estrelato em 1956, teve como base de comparação a longevidade de um americano branco de 21 anos em 1955.
Registe-se que 9,2% das estrelas analisadas morreram durante o período analisado; que o estilo de vida é determinante, com tantos mortos em consequência da dependência de drogas e álcool, quanto de cancro e doenças cardiovasculares. E que as estrelas americanas, e em particular as negras, registam mortalidade mais elevada. Quarenta anos após atingirem a fama, as possibilidades de sobrevivência dos músicos americanos, comparadas com as da população normal, são de 87,6%. Já os britânicos mantêm-se abaixo da média até 36 anos de estrelato, regressando depois aos valores do povo não músico e não famoso. Segundo os autores, esta discrepância pode ser justificada pelas diferenças na assistência social e acesso a cuidados de saúde na Europa e nos Estados Unidos - o Estado social parece fazer a diferença. Além disso, afirmou um dos autores do estudo, Mark Bellis, "o comportamento de risco nos Estados Unidos é diferente, dado o fácil acesso a armas".
Que as estrelas "pop/rock, punk, rap, R&B, electrónica e new age" - géneros abordados no estudo - têm vidas mais curtas é convicção presente na cultura popular em lemas como "Vive depressa, morre jovem e deixa um cadáver bonito", e, claro, no famoso "Clube dos 27" a que pertencem Jim Morrison, Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Brian Jones, Kurt Cobain ou Amy Winehouse. O estudo confirma maior tendência para a morte prematura, mas destrói a ideia dos 27 anos como fronteira trágica. Entre os 137 mortos identificados, apenas dez pertencem ao dito clube: a idade média é 45,2 anos para os americanos e de 39,6 para os britânicos.
O estudo apresenta ainda curiosidades. Músicos a solo têm mais probabilidades de morrer prematuramente que os integrados numa banda (9,8% vs 5,4% no Reino Unido; 22,8 vs 10,2% nos EUA). E, se os anos 1960 e 1970 foram as décadas de todos os excessos - "sexo, drogas e rock"n"roll", recordemos -, a partir da de 1980 aumenta a taxa de sobrevivência das estrelas, mais protegidas pela indústria e pela medicina. A ênfase, porém, é posta noutros dados. Dos músicos mortos 47,2% provinham de famílias disfuncionais ou desfavorecidas. E quatro em cinco dos que morreram por abuso de substâncias ou em contexto de violência sofreram abusos na infância. Conclusão de Mark Bellis, citado pelo Independent: "As pessoas podem ver a música como uma saída. Muitos podem pensar que milhões de libras acabará com o trauma. Mas esse não parece ser o caso."
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