quinta-feira, 12 de junho de 2008

A luz de fogo do primeiro lamento


A luz de fogo do primeiro lamento

Rogel Samuel

Eu me lembro nesses dias para os namorados que Casimiro de Abreu escreveu os mais belos e ingênuos versos sobre o amor. A sua lira adolescente, cantante, musical, na pureza de seu coração infante, de jovem que cresceu no campo, é algo raro na nossa literatura romântica. Alcançou níveis nunca antes realizados nem depois superados. Casimiro é o grande romântico de nossa terra. Seu verso é perfeito e clássico.
Mas somente os amantes mais jovens podem entendê-lo na sua intimidade, na sua musicalidade lírica.
Casimiro de Abreu morreu jovem e se tornou imortal com poucos poemas. Como jovem brincou de ser a sua genialidade.

Quando eu te fujo e me desvio cauto
Da luz de fogo que te cerca, oh! Bela,
Contigo dizes, suspirando amores:
" - Meu Deus! Que gelo, que frieza aquela!"

O amado teme perder-se na matéria de fogo da amada, na sua luz de atração, no brilho do seu amor. E os dois se amam e se atraem e temem como duas estrelas naquela noite de paixão forte.

Outro poema tem uma epígrafe de Lamartine, que diz “Mon coeur est plein — je veux pleurer! “, ou seja: “Meu coração é pleno – quero chorar!” que se encontra no final do poema “Le premier regret”, das “Harmonies poétiques et religieuses” de Lamartine:

Remontez, remontez à ces heures passées !
Vos tristes souvenirs m'aident à soupirer !
Allez où va mon âme ! Allez, ô mes pensées,
Mon coeur est plein, je veux pleurer !

Enquanto houver apaixonados jovens haverá leitores de Lamartine e de Casimiro de Abreu: Toda namorada, todo namorado, mesmo psicologicamente, internamente, se presta representar o sentimento da estrofe final de “Le premier reget”, de Lamartine, que livremente traduzo assim:

Volte, volte àquelas horas passadas
Suas tristes lembranças ajudam-me a sofrer!
Vá aonde vai minha alma! Ó meus pesares!
Meu coração é pleno, quero chorar!

O poema é longo e um dia ainda eu volto a este “Primeiro lamento” de Lamartine, possivelmente escrito em Sorente, na Itália, num hotel que ainda hoje lá existe, em cima de um penhasco, e que hospedou também Goethe, Byron, Scott, Shelley, Musset, Keats, Leopardi e Ibsen.
O hotel pode ser “visitado” on line em para uma lua de mel da imaginação amante:
http://www.hros.net/hotel/it/imperialhoteltramontano.pt.html

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