quarta-feira, 25 de junho de 2008
O Professor
Rogel Samuel
Recebi da Professora e Escritora Bernardina Oliveira o seguinte email sobre o Mestre Alceu: “Presente! Também estive presente às aulas do Alceu de Amoroso Lima. De alguma forma há certa similaridade na formação da nossa turma da Fnfi. Marcas num discurso de pedra. Alceu, Cleonice, Celso, Afrânio, Gladstone e outros. A linguagem gestual de Alceu! Lembra-se de que, às vezes, esculpia no espaço do texto oral figuras em espiral ou retilíneas? A linguagem dos gestos, intensificada pelo momento político, com certeza! Houve um natural distanciamento entre os componentes da nossa turma. Mas quando se fala em Alceu... Presente!”
Ela faz referência a Gladstone Chaves de Mello, de quem nunca se pode esquecer, depois de ter sido seu aluno. Nasceu em 1917, em Minas Gerais, Campanha, de família modesta. Quando jovem era amigo de Augusto Magne. Pobre e órfão veio para Belo Horizonte, onde iniciou o estudo de Direito, depois para o Rio de Janeiro, onde concluiu o curso e reencontrou o Padre Augusto Magne, Catedrático de Filologia Românica, na nossa Universidade do Brasil. Por indicação de Magne, indicado a assistente de Língua Portuguesa para Sousa da Silveira, o Catedrático. Trabalhou em comunidades pobres, escreveu 20 livros, artigos nos jornais. Livre docente, doutor, político, diplomata. Lutou contra a ditadura Vargas. Vereador e deputado estadual. Em 1962 voltou para a FNFi, como nosso professor. Depois, Adido Cultural do Brasil em Lisboa, com o embaixador Negrão de Lima. Volta ao magistério depois do golpe de 64. Católico praticante, condecorado pelo Papa. Membro do Conselho Federal de Educação (1970) e do Conselho Federal de Cultura. Adido Cultural em Lisboa em 1972-1974. Faleceu em 2001.
Como professor, Gladstone era terrível: reprovava sempre e muito. Nem dizia por quê. Era capaz de dar zero a um trabalho sem justificativa. Suas aulas eram brilhantes, orais, falava como um parlamentar. Era um tribuno falando, não um professor. Seu misterioso método de avaliação consistia de um trabalho de pesquisa escrito em casa. Mas era implacável! Lembro-me de ter ele dito para nós, em sala de aula, que aquela classe era muito grande - ia reprovar a metade da turma! Como custou a entregar as notas, foi um grupo de alunos bater na porta de sua casa, aflitos.
Milagrosamente me salvei.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Oi Rogel,eu tasmbem tive experiencias traumatizantes com professores implacaveis.Lembra do Agenor Ferreira Lima que dava Latim? eu quase enlouquecia com ele.Esse tipo de comportamento servia para que nos superassemos,mas era como se eles dissessem o tempo todo que nao podiam cair do pedestal-medo eh fogo-inconsciente ou conscientemente,o que eh muito pior...Ira Esteves.
Postar um comentário