sexta-feira, 20 de junho de 2008

O Amazonas é um rio sem história



Rogel Samuel


“O Amazonas é um rio sem história”, disse Raimundo Morais. Mas em Pebas, 186 milhas acima de Tabatinga, James Orton descobriu uma fileira de conchas marinhas em 1867 e elaborou a “teoria do período glacial”, dizendo que a Amazônia tinha sido mar.
Talvez agora, com o desgelo dos pólos, volte a ser. Já se disse que um dia o sertão vai virar mar. Agora o que se diz é que a Amazônia se transforme num deserto, vire sertão, pois parte dela perdeu a capacidade de se defender do fogo, com pequenas queimadas que podem transformar-se em incêndios gigantescos. Isso foi visto em 1997 por Daniel Nepstad, do Woods Hole Research Center, de Massachusetts, depois de uma pesquisa de sete anos.
Para comprovar esta tese catastrofista, em 96 alguns pesquisadores cavaram poços com dez metros de profundidade em cinco áreas diferentes, nas partes devastadas da floresta amazônica. Anos atrás, ao realizar o mesmo exame, haviam encontrado água. Depois não acharam mais nada”.
Eles borrifaram querosene em várias áreas da floresta e acenderam fósforos: os incêndios foram imediatos. Se as árvores ainda contassem com depósitos de água no subsolo, isso não teria acontecido.
Antes a floresta era bem mais úmida, pois as árvores sugam a água do subsolo através de suas raízes e bombeiam vapor através das folhas. É isso que satura a atmosfera e deflagra as chuvas - disse Nepstad.
As reservas subterrâneas de água estariam secando?
A questão amazônica é de extrema complexidade. Será que a queda da Ministra Marina revela que é impossível conciliar progresso e defesa do meio ambiente?

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