segunda-feira, 16 de junho de 2008
O RAPTO DAS MENINAS
O RAPTO DAS MENINAS
Rogel Samuel
Recentemente duas adolescentes paulistas saíram de casa e ganharam a estrada em longa viagem de carona pelo Sul. Foram capturadas.
Devem ter-se divertido muito!
Infelizmente hoje o mundo está violento e perigoso. Não permite que os jovens agora façam
suas aventuras.
Na década de 60 era diferente. Meu primo e amigo B. - ainda menor de idade - saiu de casa e viveu mais de um ano em casa de desconhecidos em São Paulo. Ninguém sabia dele.
Meu amigo X (hoje pai de três filhos homens) fez uma maravilhosa viagem do Rio a Belém e
de lá desceu o litoral do Nordeste de volta, parando de cidade em cidade. Meses!
No Rio havia um Mosteiro Budista em Santa Teresa capaz de abrigar qualquer mochileiro desconhecido que chegasse. De qualquer nacionalidade. Dizem que lá esteve até o Raul Seixas. Eu mesmo morei lá. O mosteiro ainda está no mesmo lugar. Mas já não pode abrigar ninguém.
Com 18 anos de idade saí de Manaus (com apoio dos pais) e vim estudar no Rio. Nunca mais
voltei. Passei necessidades e aflições, morei em república de estudante, almoçava no Calabouço (palco de episódios políticos memoráveis). Mas foi a minha grande aventura.
A década de 60 era uma maravilha! Acampei em praias desertas durante dias! Acampei na Ilha Grande em plena ditadura, quando ainda havia o presídio. Um companheiro era militar conseguiu nossa permissão. Lá vi “Madame Satã”, já velho.
E acampei no meio de floresta. Fiz caminhadas, às vezes sozinho. Subi montanhas. Até o Pão de Açúcar pela parte mais fácil. Havia praias desertas: o ambiente daquele filme "A praia" estava ao alcance de qualquer jovem nos arredores do Rio de Janeiro.
Hoje só tenho saudades. Também falta-me energia.
Só na imaginação.
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