quarta-feira, 4 de junho de 2008

VISITA AO CEMITÉRIO


VISITA AO CEMITÉRIO

Rogel Samuel

Sim, fui ao cemitério São Francisco Xavier, no Rio de Janeiro. Mais conhecido como Cemitério do Caju. Não para visitar o túmulo de um amigo. Ou parente, meus mortos não estão ali. Mas para ver a sepultura do personagem de meu romance “Teatro Amazonas”, publicado por capítulos na Internet: o piauiense Fileto Pires Ferreira, nascido em Barras. Lá fui duas vezes. Na primeira vez não conseguir localizar Fileto. Mas conheci o jazigo do Barão do Rio Branco, de Cruz e Souza, do Presidente Figueiredo e de seu irmão, etc. De vários famosos. Na segunda visita já dispunha do número do carneiro, fornecido pelo neto do general. Apesar de estar escrevendo uma ficção, gosto de aproximar-me ao máximo dos fatos que podem realmente ter acontecido, ainda que, para mim, a realidade talvez seja um sonho, pois, como disse o poeta espanhol Calderón de La Barca, a vida é sonho. Sim, vou escrever um capítulo “contando” o sepultamento do Governador do Amazonas Fileto Pires Ferreira. Fui ver a cor local.
Entretanto, o cemitério está em lastimável situação. Abandonado. Cães e fezes, lixo e mato, lama e abandono. Aqueles senhores, antes tão importantes, que circulavam outrora por salões no brilho das lâmpadas de cristais e nos reflexos dos diamantes do colo das suas senhoras, com quem dançavam em salões presidenciais, aqueles personagens históricos, seus despojos estão abandonados em lugar imundo e fétido. Triste sina, estranha condição, diria Camões.

Nenhum comentário: