segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
Os pedaços de lilases
Os pedaços de lilases
Rogel Samuel
L. Ruas escreveu:
Dos momentos fugazes que me comem
Nasce, agora, meu canto manso e triste.
E me visto de sombras já vividas
Que me chegam em surdina. Tarde azul.
Ó pedaços eternos que eu retive
No mistério das mãos transfiguradas!
Ó lunares desvarios destes rios
Já vividos e outrora decantados
Nas estórias, nas lendas, nos lilases
Que floriram sorrisos e jardins
Morridos, muito longe, em róseo ocaso.
Ó momentos de luz que tão fugazes
Recompõem meu poema neste agora
Com palavras mudadas em lilases!
A poética triste, elegíaca, entre arbustos das oleáceas, cujas flores, dispostas em cachos, têm coloração branca ou arroxeada, de um arbusto moribundo, e os momentos aqui são fugazes, e o comem, o consomem, personagem vestido de surdina, e naquele fim de verso um enigmática tarde azul.
Mas logo os lunares, os desvarios, o passageiro e fugaz rio, decantado, rio das estórias, das lendas dos amores dos veios de uma viagem imaginária ou lembrada, lilases em jardins tumulares, jardins morridos em ocasos, em momentos luminosos tão fugazes, felicidades rápidas – tudo isto, todo este repertório de imagens e lembranças e temáticas e recortes compõe o poema ali mesmo, poema escrito por mudadas palavras transformadas em lilases.
Tarde azul.
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