sexta-feira, 5 de março de 2010
Gomes Leal
À JANELA DO OCIDENTE
Os deuses ou são mortos ou caídos,
Quais duros aldeões dormindo as sestas,
Ou andam, pelos astros perseguidos,
Chorando os velhos tempos das florestas.
Os reis ressonam nas devassas festas:
Já os frutos do Mal estão crescidos:
- Ó Sol, há muito que tu já nos crestas!
- E aos nossos ais o Céu não tem ouvidos!
Há muito já que o Olimpo está vazio,
E no seio de um astro imenso e frio
É morto o Deus do Testamento Velho.
Apenas, sobre o mundo eterno e aflito,
Fausto rebusca o x do infinito,
E Satã dorme em cima do Evangelho.
Gomes Leal
"Claridades do Sul". Ed. de José Carlos Seabra Pereira.
Lisboa, Assírio & Alvim, 1998
(Obras Clássicas da Literatura Portuguesa, n.º 5)
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
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