domingo, 30 de setembro de 2012
sábado, 29 de setembro de 2012
Morre aos 83 anos a apresentadora Hebe Camargo
Morre aos 83 anos a apresentadora Hebe Camargo
Morreu aos 83 anos a apresentadora Hebe Camargo, em São Paulo, neste sábado (29). Desde 2010, lutava contra um câncer. Hebe sofreu uma parada cardíaca quando se deitava para dormir, nesta madrugada, segundo o SBT,para onde fazia planos de retornar com seu programa. Em nota, a emissora lamentou a morte da apresentadora e confirmou que já estava certo sua volta para o canal de Silvio Santos.
A alegria, uma das marcas de Hebe Camargo / foto: divulgação
Hebe é um dos ícones da TV, tida por muitos como musa da televisão brasileira já que sua história se confunde com a origem desse meio de comunicação. Atualmente, apresentava um programa, há dois anos, que levava seu nome na Rede TV. Antes disso, permaneceu durante décadas no SBT.
A apresentadora ficou internada pela última vez por quase duas semanas em agosto, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Desde a descoberta do câncer, já havia passado por várias cirurgias e tratamentos contra o câncer.
Até o início da tarde, não havia confirmação sobre data e local de velório e enterro.
Biografia
Nascida em Taubaté (SP), a 130 km da capital, Hebe Maria Monteiro de Camargo Ravagnani começou a carreira cantando. Entrou para a TV logo após a fundação da primeira emissora brasileira, a TV Tupi, onde ela fazia aparições nos programas como cantora.
Estreou como apresentadora em 1955, no programa “O mundo é das mulheres”, na TV Carioca, a primeira atração voltada especialmente para mulheres. Antes disso, havia substituído Ary Barroso no programa de calouros apresentado por ele.
Depois disso, a apresentadora ficou afastada da TV por um período, até que em 1966 estreou o dominical que levava seu nome na TV Record. A atração era líder de audiência. Foi responsável por dar espaço para novos talentos ligados à Jovem Guarda.
Para dedicar-se ao filho, Hebe ficou afastada da televisão por cerca de dez anos, quando voltou a aparecer na TV Bandeirantes. Em 1985, aceitou o convite do SBT para comandar uma atração na emissora. Em quatro de março de 1986, entrava no ar o “Programa Hebe”, comandado por ela até 2010 quando foi para a Rede TV.
Hebe ganhou fama como apresentadora mas também teve uma carreira musical. Em 1950, quando a TV foi inaugurada no país, ela e o cantor Ivon Curi protagonizaram a primeira canção tocada na telinha.
Depois, lançou três discos entre 1959 e 1966 e, depois, compilou-os no CD “Maiores sucessos”, de 1995. Depois, lançou mais quatro discos. "Pra você" (1998), "Como é grande meu amor por você" (2001), "As mais gostosas da Hebe" (2007) e "Hebe mulher" (2010, ano em que participou do Grammy Latino).
sexta-feira, 28 de setembro de 2012
NA MORTE DOS RIOS
Rogel Samuel
"Desde que no Alto Sertão um rio
seca, / a vegetação em volta, embora de unhas, / embora sabres, intratável e
agressiva / faz alto à beira daquele leito tumba. / Faz alto à agressão nata:
jamais ocupa / o rio de ossos areia, de areia múmia." - escreveu João
Cabral de Melo Neto. É verdade que ele nunca acusou recebimento de um livro que
lhe mandei pelo correio. Talvez não tenha gostado, nem tenha lido. Era minha
dissertação de mestrado, versava sobre as águas. Na sua obra. Cabral para mim é
sempre uma fixação. Eu não me canso de lê-lo. Nunca o vi, pessoalmente. Assisti
à uma entrevista na televisão. Mas como os maiores poetas têm dificuldade de
falar! Cabral era claudicante. Cheio de "não é verdade?". Lembro-me de
Drummond. Um dia, quando éramos aluno da FNFi, e como estudássemos sua obra,
conseguimos que Drummond aceitasse a vir, na nossa sala, para conversar. Ele
exigiu que ninguém soubesse, e que pudesse entrar pela porta dos fundos!
Incrível: um dos maiores poetas entrou
pela porta dos fundos da nossa faculdade de letras. Mas Drummond não dizia
coisa com coisa. Parecia um funcionário público (que era), conversando. Trazia
um guarda-chuva preto e vestia um terno cinzento. Sério, magro, seco, quase mal
humorado. Disse, por exemplo, que perdia belas imagens e versos que lhe
ocorriam no caminho de casa para o trabalho. Parece que ele andava de ônibus,
de Copacabana para o Centro, no Rio. Quando eu lhe perguntei por que ele não
tinha consigo um caderninho de notas, ele respondeu que "não ficava bem
alguém ficar escrevendo". Lembro-me de que nossa professora, D. Cleonice
Berardinelli, que ia passando no corredor, o viu e, espantada, logo entrou na
sala. Drummond, o gênio da nossa poesia, discorria singelamente, prosaicamente
sobre sua obra. Nenhum brilho, nada de demonstrações de grandeza. Disse:
"não sei por que fazem tanto barulho pela minha poesia, eu não vejo nada
de especial nela" (as palavras eram mais ou menos assim). Disse horrores
sobre o verso "no meio do caminho tinha uma pedra". E no fim, quando
se despediu, eu lhe pedi um autógrafo. Ele logo se irritou comigo ao ver, na
folha de rosto do seu livro, após o seu nome, que eu tinha escrito, a mão:
(1920 - ..... ). "Esse aqui já está esperando a minha morte!", disse.
A última vez que o vi, foi em Copacabana. Eu bebia um cafezinho num botequim do
Posto Seis que existe até hoje, quando ele passou. A cabeça pensativa, meio
cabisbaixo. Eu fiquei extático,
boquiaberto, imóvel, reverente, e mentalmente me curvava à Grande Poesia
que passava.
Mas João Cabral nunca o vi.
Tenho lido sua obra, nesses áridos
dias.
Empaquei na "Conversa em Londres,
1952", da qual transcrevo alguns dos versos:
Durante que vivia em
Londres,
amigo inglês me perguntou:
concretamente o que é o
Brasil
que até se deu um Imperador?
Disse-lhe que há uma
Amazônia
e outra sobrando no
planalto;
...............................................
Porém como a nenhum
britânico
convence conversa
impressionista
[ele disse]...
"Posso dizer minha
opinião?
O Brasil é o Império
britânico
de si mesmo,
...
é fácil ler
nesse mapa,
Colônias...
e a Londres,
certo mais monstruosa,
que no Brasil
não é cidade,
é região, é
esponja...
a de Minas,
Rio, São Paulo
que vos
arrebata até a chuva."
Talvez
ele não tenha gostado das minha leitura da sua obra, que não é lá grande coisa.
Talvez nem a tenha lido. Mas nenhum amazonense, lá onde há água tanta, soube
dizer das águas quanto o árido João Cabral nordestino. Nordeste da seca,
Nordeste dos "territórios mais mendigos". A Amazônia é (pasme)
nordestina. A família da minha mãe, por exemplo, é nordestina. Até 1919, no
Amazonas, 150 mil emigrantes nordestinos já tinham chegado, fugidos da seca. A
Amazônia do Planalto, não. É paulista, mineira, carioca. "Você não se
separa do que é Nordeste", diz o poema. Toda favela, toda periferia urbana
é Nordeste. "Desde que no Alto Sertão um rio seca, o homem ocupa
logo..." Não. Nunca. Cabral nunca agradeceria um elogio. "Porque o
sertanejo fala pouco: as palavras de pedra ulceram a boca".
quinta-feira, 27 de setembro de 2012
MARLON BRANDO
MARLON BRANDO
Rogel Samuel
Quando Al
Pacino saiu de sua primeira cena com Brando em «Godfather», estava pálido e
trêmulo. Perguntaram-lhe o que estava acontecendo com ele. E ele respondeu:
«Você não compreende? Estou contracenando com Deus».
Brando apareceu
no mundo artístico no dia 3 de dezembro de 1947. No Ethel Barrymore Theater, de
Nova Iorque, representando «Um bonde chamado desejo», de Tennesse Williams's.
A sala estava
vendida várias semanas antes da estréia. Parte da alta-sociedade novaiorquina
estava presente. Quando a cortina subiu, viram-se dois homens no palco. Um era
alto, narigudo. O outro logo chamou atenção. Era um rapaz jovem, musculoso,
usava uma camiseta justa. As roupas apertadas exibiam o corpo escultural,
sensual, ao mesmo tempo animalesco e ingênuo. Ele era orgulhoso de sua
virilidade. Que aparecia volumosa nas suas calças jeans apertadas. Ele era
Brando, que representou «com selvagem e primitivo dinamismo», mudando o modo de
representar na América para sempre.
Quando ouvi
que ele morrera, tratei de reler sua «unauthorized» biografia, escrita por
Charles Higham. De onde retiro os fatos.
Curiosamente,
achei o livro num sebo de West Hollywood, ou melhor, no chão da calçada.
Vendido por uma jovem, junto com outros livros e discos. Estava com minha
amiga, a cantora Maíra, e seu namorado, o músico Beto Montero, que moram em Los
Angeles, mais precisamente em West Hollywood, no San Vicent Boulevar, largo e
belo.
Brando era
respeitado como ator até pelos maiores.
Laurence Olivier
apontava-o como o melhor. De Niro, Al Pacino, Dustin Hoffman e Paul Newman
declaravam que Brando era o modelo.
Ele tinha
um mistério. Uns dizem que seu mistério vinha do fato de ele desprezar a
carreira de ator, a arte de representar. «Só faço isso porque preciso de
dinheiro», dizia. Dinheiro que ele distribuía em obras sociais, e que dissipava
e gastava desordenadamente, tanto que falam que terminou pobre e endividado, e
morando num quarto e sala.
Nas telas
e na vida, Brando foi tudo, até ativista político.
Sim, ele era
político. Muito político. Mesmo nos detalhes. Contra a guerra do Vietnã, por
exemplo, a sua crítica maior veio no tom de sua voz nas duas palavras finais do
filme de Francis Ford Coppola,
«Apocalypse now», palavras terríveis, catastróficas, duas palavras shakespearianas, tiradas de
«Hamlet», duas palavras apenas, sim, bastaram duas palavras, ditas pelo Coronel
Walter E. Kurtz, ao morrer:
-
Horror... Horror...
Foi a
mais dura crítica àquela guerra.
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
Mario Vargas Llosa comemorou em Nova York o 50ª aniversário de seu prilmeiro livro
O escritor peruano Mario Vargas Llosa comemorou em Nova York o 50ª aniversário de A cidade e os Cachorros,
seu primeiro romance, que ganhou uma edição comemorativa e com o qual o
prêmio Nobel começou na literatura, um "mistério" que ainda o
"apaixona".
"Escrever é apaixonante. Sinto a mesma ilusão e dificuldades que tive quando escrevi meus primeiros contos. Não tenho facilidade para escrever, mas as dificuldades não tiram nada da fascinação, da exaltação e do entusiasmo", disse Vargas Llosa sobre seu ofício em um encontro no Instituto Cervantes de Nova York.
O escritor se referiu à sensação "extraordinária" que sente quando "a história começa a ter vida própria, algo que sempre é misterioso", e que experimentou diante de cada nova obra de sua carreira, que começou com a publicação de A Cidade e os Cachorros, em 1962.
"Aprendi muito com este romance, sobre a construção da história, os pontos de vista, a linguagem, adquiri certa técnica que depois repetiria e aperfeiçoaria em outros romances, e forjei uma forma de escrever que tinha a ver com minha personalidade, com minhas simpatias e diferenças no mundo literário", descreveu o autor.
O escritor peruano, que nasceu em Arequipa, em 1936, afirmou que "quase nenhum escritor começa sabendo que tipo de escritor vai ser, já que isso é algo que se descobre com a prática, e por isso as primeiras obras são decisivas".
Além disso, Vargas Llosa lembrou as dificuldades que enfrentou na estreia de seu primeiro romance devido à censura que imperava na Espanha. Segundo ele, a obra só foi publicada graças ao "esforço sobre-humano" de seu editor, Carlos Barral, quem manteve um ano de árduas negociações para que o livro fosse lançado.
"Ele falou com o ministro da Informação, com intelectuais bem-vistos pelo regime (franquista), como José María Valverde, para que falassem bem da obra. E eu também tive que viajar para Madri para manter uma conversa com o chefe da censura", afirmou o escritor.
Vargas Llosa lembrou de momentos de sua entrevista com o censor, que tinha reservas ao uso de frases como a que dizia que um coronel "era gordo, com o ventre de uma baleia", já que a interpretou como uma ironia aos militares. No entanto, o censor concordou em conservar a frase mudando a palavra "baleia" por "cetáceo".
"No final, só tive que tirar oito frases, que eram absurdas e disparatadas, e mesmo assim Barral as restituiu na segunda edição", explicou.
O prêmio Nobel de Literatura de 2010, que brincou dizendo que a condecoração é "uma semana de conto de fadas e um ano de pesadelo", retornou do passado para tratar de temas atuais, como o futuro do livro, "um objeto emblemático da civilização" que enfrenta uma "grande incerteza".
"Minha esperança é que o livro digital coexista com o de papel, e meu temor é que o livro escrito expressamente para as telas, não o transferido, seja muito diferente do tradicional, e que as telas façam o que a televisão fez com seus conteúdos: tornaram eles rápidos, leves e inclusive frívolos", questionou.
"Escrever é apaixonante. Sinto a mesma ilusão e dificuldades que tive quando escrevi meus primeiros contos. Não tenho facilidade para escrever, mas as dificuldades não tiram nada da fascinação, da exaltação e do entusiasmo", disse Vargas Llosa sobre seu ofício em um encontro no Instituto Cervantes de Nova York.
O escritor se referiu à sensação "extraordinária" que sente quando "a história começa a ter vida própria, algo que sempre é misterioso", e que experimentou diante de cada nova obra de sua carreira, que começou com a publicação de A Cidade e os Cachorros, em 1962.
"Aprendi muito com este romance, sobre a construção da história, os pontos de vista, a linguagem, adquiri certa técnica que depois repetiria e aperfeiçoaria em outros romances, e forjei uma forma de escrever que tinha a ver com minha personalidade, com minhas simpatias e diferenças no mundo literário", descreveu o autor.
O escritor peruano, que nasceu em Arequipa, em 1936, afirmou que "quase nenhum escritor começa sabendo que tipo de escritor vai ser, já que isso é algo que se descobre com a prática, e por isso as primeiras obras são decisivas".
Além disso, Vargas Llosa lembrou as dificuldades que enfrentou na estreia de seu primeiro romance devido à censura que imperava na Espanha. Segundo ele, a obra só foi publicada graças ao "esforço sobre-humano" de seu editor, Carlos Barral, quem manteve um ano de árduas negociações para que o livro fosse lançado.
"Ele falou com o ministro da Informação, com intelectuais bem-vistos pelo regime (franquista), como José María Valverde, para que falassem bem da obra. E eu também tive que viajar para Madri para manter uma conversa com o chefe da censura", afirmou o escritor.
Vargas Llosa lembrou de momentos de sua entrevista com o censor, que tinha reservas ao uso de frases como a que dizia que um coronel "era gordo, com o ventre de uma baleia", já que a interpretou como uma ironia aos militares. No entanto, o censor concordou em conservar a frase mudando a palavra "baleia" por "cetáceo".
"No final, só tive que tirar oito frases, que eram absurdas e disparatadas, e mesmo assim Barral as restituiu na segunda edição", explicou.
O prêmio Nobel de Literatura de 2010, que brincou dizendo que a condecoração é "uma semana de conto de fadas e um ano de pesadelo", retornou do passado para tratar de temas atuais, como o futuro do livro, "um objeto emblemático da civilização" que enfrenta uma "grande incerteza".
"Minha esperança é que o livro digital coexista com o de papel, e meu temor é que o livro escrito expressamente para as telas, não o transferido, seja muito diferente do tradicional, e que as telas façam o que a televisão fez com seus conteúdos: tornaram eles rápidos, leves e inclusive frívolos", questionou.
domingo, 23 de setembro de 2012
MORTE NOS HYMALAIAS
Nine foreigners killed in Manaslu avalanche
GORKHA: At least nine mountaineers were killed and more than 18 injured in an avalanche at the Third Base Camp of the 8,156-metre Mt Manaslu at an altitude of 6,600 metres in Gorkha’s Samagaun this morning. More than 50 persons were sleeping at the Third Camp when the incident occurred around 3.00am.
The deceased have been identified as French nationals Ludo Challeat, Fabrice Priez, Cathrine Ricard and Philippe Bos, Canadian citizen Domique Ouimet, Spanish citizens Marti Gasull and Cristine Mittermeyer, Italian citizen Alberto Magliano and Dawa Sherpa, a Nepali. Claude Belmsas, Thomas Grenier, Ralf Rieske, Andreas Reiter and Arnaud Manel were injured in the incident and were airlifted to Kathmandu. Two French nationals, Remy Lecluse and Gregory Costa, have been missing.
Bodies of two of the deceased have been sent to Kathmandu. DSP Kuwar said five of the injured were airlifted to Kathmandu for treatment. He added that they could not launch rescue operation due to bad weather.
Five choppers belonging to Simrik, Dynastic, Fishtail and Mountain Air were deployed for the rescue operation. Local Bir Bahadur Lama of Gorkha’s Samagaun said the exact number of missing and survivors was yet to be ascertained.
Siddhartha Jhung Gurung, a pilot involved in the rescue operation, told our correspondent in Kathmandu that 16 survivors and two bodies were airlifted from the accident site to the base camp. The rescue operation will start again tomorrow at 6 am, added Gurung.
The Associated Press adds that it is the beginning of Nepal’s autumn mountaineering season. The autumn season comes right after the end of the monsoon rains, which make weather conditions unpredictable, and is not as popular among mountaineers as the spring season, when hundreds of climbers crowd the high Himalayan peaks.
Nepal has eight of the 14 highest peaks in the world. Climbers have complained in recent years that climbing conditions have deteriorated and risks of accidents have increased.
Veteran mountain guide Apa, travelled for months across Nepal earlier this year campaigning about the effects of global warming on the mountain peaks. He told The Associated Press the mountains now have considerably less ice and snow, making it harder for climbers to use ice axes and crampons on their boots to get a grip on the slopes.
sábado, 22 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
CONSELHOS DE UM VELHO APAIXONADO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o 1º e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Algo do céu te mandou um presente divino : O AMOR.
Se um dia tiverem que pedir perdão um ao outro por algum motivo e, em troca, receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir, em pensamento, sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado...
Se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite...
Se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado... Se você tiver a certeza que vai ver a outra envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela...
Se você preferir fechar os olhos, antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua ida.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro.
Às vezes encontram e, por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente. É o livre-arbítrio.
Por isso, preste atenção nos sinais.
Não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o AMOR !!!
Ame muito.....muitíssimo...
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Escrever é Triste
Escrever é Triste
Carlos Drummond de Andrade
Escrever é triste. Impede a conjugação de tantos outros verbos. Os dedos sobre o teclado, as letras se reunindo com maior ou menor velocidade, mas com igual indiferença pelo que vão dizendo, enquanto lá fora a vida estoura não só em bombas como também em dádivas de toda natureza, inclusive a simples claridade da hora, vedada a você, que está de olho na maquininha. O mundo deixa de ser realidade quente para se reduzir a marginália, puré de palavras, reflexos no espelho (infiel) do dicionário.
O que você perde em viver, escrevinhando sobre a vida. Não apenas o sol, mas tudo que ele ilumina. Tudo que se faz sem você, porque com você não é possível contar. Você esperando que os outros vivam, para depois comentá-los com a maior cara-de-pau ("com isenção de largo espectro", como diria a bula, se seus escritos fossem produtos medicinais). Selecionando os retalhos de vida dos outros, para objeto de sua divagação descompromissada. Sereno. Superior. Divino. Sim, como se fosse deus, rei proprietário do universo, que escolhe para o seu jantar de notícias um terremoto, uma revolução, um adultério grego — às vezes nem isso, porque no painel imenso você escolhe só um besouro em campanha para verrumar a madeira. Sim, senhor, que importância a sua: sentado aí, camisa aberta, sandálias, ar condicionado, cafezinho, dando sua opinião sobre a angústia, a revolta, o ridículo, a maluquice dos homens. Esquecido de que é um deles.
Ah, você participa com palavras? Sua escrita — por hipótese — transforma a cara das coisas, há capítulos da História devidos à sua maneira de ajuntar substantivos, adjetivos, verbos? Mas foram os outros, crédulos, sugestionáveis, que fizeram o acontecimento. Isso de escrever «O Capital» é uma coisa, derrubar as estruturas, na raça, é outra. E nem sequer você escreveu «O Capital». Não é todos os dias que se mete uma ideia na cabeça do próximo, por via gramatical. E a regra situa no mesmo saco escrever e abster-se. Vazio, antes e depois da operação.
Claro, você aprovou as valentes ações dos outros, sem se dar ao incómodo de praticá-las. Desaprovou as ações nefandas, e dispensou-se de corrigir-lhes os efeitos. Assim é fácil manter a consciência limpa. Eu queria ver sua consciência faiscando de limpeza é na ação, que costuma sujar os dedos e mais alguma coisa. Ao passo que, em sua protegida pessoa, eles apenas se tisnam quando é hora de mudar a fita no carretel.
E então vem o tédio. De Senhor dos Assuntos, passar a espectador enfastiado do espetáculo. Tantos fatos simultâneos e entrechocantes, o absurdo promovido a regra de jogo, excesso de vibração, dificuldade em abranger a cena com o simples pai de olhos e uma fatigada atenção. Tudo se repete na linha do imprevisto, pois ao imprevisto sucede outro, num mecanismo de monotonia... explosiva. Na hora ingrata de escrever, como optar entre as variedades de insólito? E que dizer, que não seja invalidado pelo acontecimento de logo mais, ou de agora mesmo? Que sentir ou ruminar, se não nos concedem tempo para isto entre dois acontecimentos que desabam como meteoritos sobre a mesa? Nem sequer você pode lamentar-se pela incomodidade profissional. Não é redator de boletim político, não é comentarista internacional, colunista especializado, não precisa esgotar os temas, ver mais longe do que o comum, manter-se afiado como a boa peixeira pernambucana. Você é o marginal ameno, sem responsabilidade na instrução ou orientação do público, não há razão para aborrecer-se com os fatos e a leve obrigação de confeitá-los ou temperá-los à sua maneira. Que é isso, rapaz. Entretanto, aí está você, casmurro e indisposto para a tarefa de encher o papel de sinaizinhos pretos. Concluiu que não há assunto, quer dizer: que não há para você, porque ao assunto deve corresponder certo número de sinaizinhos, e você não sabe ir além disso, não corta de verdade a barriga da vida, não revolve os intestinos da vida, fica em sua cadeira, assuntando, assuntando...
Carlos Drummond de Andrade, in 'O Poder Ultrajovem'
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Cobra sai viva de incêndio
Cobra sai viva de incêndio em casa de R$ 2 milhões na Grã-Bretanha
A píton, chamada Jake, mede 1,8 metros e foi achada no telhado da casa.
Animal escapou de seu viveiro há cerca de um mês, diz imprensa local.
Do Globo Natureza, em São Paulo
Comente agora
Píton de 1,8 metros encontrada por bombeiros após
incêndio (Foto: Reprodução/"Herts and Essex Observer")
Uma cobra de estimação foi encontrada sem ferimentos após a residência
de seu dono, avaliada em aproximadamente R$ 2 milhões (700 mil libras),
pegar fogo na Grã-Bretanha nesta segunda-feira (17), de acordo com
órgãos da imprensa local, como o "Daily Mail" e o "Herts and Essex
Observer".incêndio (Foto: Reprodução/"Herts and Essex Observer")
O animal, chamado Jake, é uma píton de 1,8 metros de comprimento que estava desaparecida há cerca de um mês, segundo o site de notícias "Herts and Essex Observer".
Os bombeiros chegaram à residência por volta das 5h da manhã, ainda segundo o site. Um porta-voz de uma das principais organizações de proteção animal da Grã-Bretanha, a RSPCA, afirmou à imprensa que a cobra aparentemente havia escapado do seu viveiro e estava escondida no telhado da casa há 30 dias.
"Serpentes muitas vezes escapam e pode ser difícil encontrá-las, já que elas se escondem em lugares pequenos. Felizmente a píton parece estar bem", disse o homem ao site do "Herts and Essex Observer".
A cobra foi levada ao hospital de vida selvagem do condado de Essex e vai ficar lá até que seu dono a busque, de acordo com os bombeiros.
ANIVERSÁRIO DE GUERRA JUNQUEIRO
- O GÉNESIS
Jeová, por alcunha antiga o Padre Eterno,
Deus muitíssimo padre e muito pouco eterno,
Teve uma idéia suja, uma idéia infeliz:
Pôs-se a esgaravatar com o dedo no nariz,
Tirou desse nariz o que um nariz encerra,
Deitou isso depois cá baixo, e fez-se a Terra.
Em seguida tirou da cabeça o chapéu,
Pô-lo em cima da Terra, e zás, formou o céu.
Mas o chapéu azul do Padre-Onipotente
Era um velho penante, um penante indecente,
Já muito carcomido e muito esburacado,
E eis ai porque o Céu ficou todo estrelado.
Depois o Criador (honra lhe seja feita!)
Achou a sua obra uma obra imperfeita,
Mundo sarrafaçal, globo de fancaria,
Que nem um aprendiz de Deus assinaria,
E furioso escarrou no mundo sublunar,
E a saliva ao cair na Terra fez o mar.
Depois, para que a Igreja arranjasse entre os povos
Com bulas da cruzada, alguns cruzados novos,
E Tartufo pudesse inda dessa maneira
Jejuar, sem comer de carne à sexta-feira,
Jeová fez então para a crença devota
A enguia, o bacalhau e a pescada-marmota.
Em seguida meteu a mão pelo sovaco,
Mais profundo e maior que a caverna de Caco,
E arrancando de lá parasitas estranhos,
De toda a qualidade e todos os tamanhos,
Lançou-os sobre a Terra, e deste modo isonte
Fez ele o megatério e fez o mastodonte.
Depois, para provar em suma o quanto pode
Um Criador, tirou dois pelos do bigode,
Cortou-os em milhões e milhões de bocados,
(Obra em que ele estragou quatrocentos mahados)
Dispersou-os no globo, e foi desta maneira
Que nasceu o carvalho, o plátano e a palmeira.
...........................................................................
Por fim com barro vil, assombro da olaria!,
O que é que imaginais que o Criador faria?
Um pote? não; um bicho, um bípebe com rabo,
A que uns chamam Adão e outros Simão. Ao cabo
O pobre Criador sentindo-se já fraco,
(Coitado, tinha feito o universo e um macaco
Em seis dias!) pensou: - Deixemo-nos de asneiras.
Trago já uma dor horrível nas cadeiras,
Fastio... Isto dá cabo até duma pessoa...
Nada, toca a dormir uma sonata boa! -
Descalçou-se, tirou os óclos e o chinó,
Pitadeou com delicia alguns trovões em pó,
Abriu, para cair num sono repentino,
O alfarrábio chamado o Livro do Destino,
E enflanelano bem a carcaça caduca,
Com o barrete azul-celeste até à nuca,
Fez ortodoxamente o seu sinal da cruz
Como qualquer um de nós, tossiu, soprou a luz,
E de pança pro ar, num repoiso bendito,
Espojou-se, estirou-se ao longo do infinito
Num imenso enxergão de névoa e luz doirada.
E até hoje, que eu saiba, inda não fez mais nada.
- Guerra Junqueiro
(17 de setembro de 1850 - 7 de julho de 1923)
ALÉM DO AFEGANISTÃO
ALÉM
DO AFEGANISTÃO
(crônica antiga)
ROGEL
SAMUEL
A
ameaça que nos ronda é falta de poesia. Eu vinha pela Tiradentes, passo pela
Rua Luiz de Camões, esquecida. Depois, a Travessa das Belas Artes. Lá, só
poucas mulheres, decadentes, esperam
fregueses. A seguir, o Beco do Tesouro. Nada mais pobre. "Proibidos beijos
ousados", está escrito no cardápio da Adega Flor de Coimbra. Em sonhos, no
meio do conflito. Estresse das notícias. Estamos assistindo ao fim da Internet,
como espaço livre de opinião, sem censura e sem limites. Primeiro, veio surto
de acusações contra a pornografia infantil, que ninguém vê. Não deu certo. Essa
guerra marca o fim da vida privada. Nasce a desconfiança e a incerteza. Nós
todos vamos de nos entocar nos nossos redutos,
voltar à civilização num estágio anterior, à civilização do papel. Fim
do homem público, do homem digital. Restritos são "os beijos
ardentes". Lembro-me de um soneto de Olegário Mariano, que não está nas
suas "Obras Completas" e que começa: "As coisas boas da vida, tu
podes ter sem comprar". Há os versos do poeta indiano antigo Shantideva,
que dizem:
Quaisquer flores e frutos que
haja,
Quaisquer tipos de medicamento,
Tudo o que é precioso neste mundo,
E todas suas puras águas
refrescantes.
Montanhas de pedras preciosas, e assim,
As solitárias florestas, a alegria
calma,
Árvores brilhantemente adornadas com
flores,
Os ramos pesados de excelentes
frutos.
Lagos e lagoas adornadas de lótus,
Gansos selvagens que enchem o céu
Com gritos tão bonitos—
Tudo o que não tem posse neste vasto
universo.
Tendo tudo isso em mente, eu
ofereço
Para você e seus descendentes;
Por pura e grande compaixão
Amavelmente aceite este presente.
Eu sou pobre e não tenho nenhuma
riqueza,
Eu nada tenho mais para oferecer,
Assim por esta intenção amável pelos
outros,
Aceite também isto por mim.
Depois de velho, recolho-me ao
sofá, acompanhado da novela. A paisagem árabe me
pergunta: a emissora previu o 11 de setembro? A qualquer momento, no vídeo, espero aparecer Osama: "Allá al-wa ka-bá" e Deus Salve a América. O meu amigo Kaled,
hoje morando em Belo Horizonte, iniciou-me no Islã. Começou pela coalhada, com
sal e azeite. A cordialidade árabe me lembra o banquete que, em 1952, o filho
do rei da Arábia Saudita Ibn Sa'ud ofereceu a Onassis: No Palácio de Riad havia
dançarinos comedores de fogo, cantoras e músicos. E foi servido um "camelo
recheado" com um cervo, que é recheado com um carneiro etc que é recheado
com uma pomba. Assado por 15 horas, regado por óleo perfumado com ervas finas.
Exige dezenas de robustos cozinheiros para poder virar o espeto, sempre no
mesmo ritmo. Depois do repasto, Onassis deixou o palácio levando bons contratos
comerciais assinados e duas maravilhosas espadas de ouro maciço, presente do
rei [Cafarakis, "O fabuloso Onassis", p. 93]. É certo que, para
agradar ao rei, Onassis desembarcou com uma bagagem de presentes "capaz de encher dois andares das
Galerias Lafayette", que distribuiu para o povo. Para o rei, só jóias,
ouro e pedras preciosas. Do rei também ganhou um casal de canários, que Onassis
chamava de Caruso, e que viajava com ele pelo mundo, presente do Rei Ibn Saud.
Onassis transportaria o petróleo da Arábia através do mundo devido unicamente à
elegância de seu trato social. Os dirigentes do mundo moderno deviam aprender a
ler biografia, antes de tratados de guerra. São mais eficazes. "Deus criou
apenas a água. O homem fez o vinho" diz Victor Hugo numa tabuleta da Adega
Flor de Coimbra. O vinho faz esquecer, desarma os espíritos e as guerras. Diz o
filósofo indiano moderno Krishnamurti: "A crise que atualmente assola o mundo inteiro é
excepcional e sem precedentes. Crises tem havido, de toda a ordem, em
diferentes períodos, crises sociais, nacionais, políticas... Sem dúvida a crise
atual é diferente. E diferente porque não se trata de coisas tangíveis, mas de
idéias. Estamos disputando armados de idéias, justificando-se o assassínio, em
todas as partes do mundo justifica-se o assassínio como um meio de alcançar um
fim justo, o que por si só é coisa inédita, o homem perdeu toda a importância:
os sistemas, as idéias tornaram-se importantes. O homem já não tem nenhuma significação. Pode-se destruir milhões de
homens, desde que se produza certo resultado, e esse resultado se justifica por
meio de idéias.”["A primeira e última liberdade"].
Assinar:
Postagens (Atom)