sábado, 8 de setembro de 2012

Estátua folheada a ouro de Buda reclinado é maior que Cristo Redentor

 

Estátua folheada a ouro de Buda reclinado é maior que Cristo Redentor

Da ponta dos pés até o topo da cabeça, são 43 metros. Mas não é só o tamanho que impressiona. Nas solas dos pés, em madrepérola, estão esculpidos os 108 símbolos auspiciosos de Buda.

ROBERTO KOVALICK Tailândia
Os monumentos encantadores. A natureza gentil das pessoas. A cultura e a estética. Quase tudo que é genuinamente tailandês tem origem na fé deste povo.

Embora nunca tenha sido colonizada, a Tailândia adotou plenamente uma religião nascida na Índia. Muitos homens se tornam monges, pelo menos, por um curto período da vida. E talvez em nenhum outro lugar Sidharta Gauthama, o Buda, receba tantas homenagens.

Somente ao redor de Bangcoc existem 399 templos. O mais antigo deles, o Wat Pho, tem mais de mil estátuas.

O Buda reclinado é um monumento impressionante, todo folheado a ouro. Ao lado da estátua do Buda, é inevitável se sentir realmente pequeno. Da ponta dos pés até o topo da cabeça, são 43 metros. Ele é maior do que a estátua do Cristo Redentor no Rio de Janeiro e quase do tamanho da Estátua da Liberdade em Nova York.
Mas não é só o tamanho que impressiona. Nas solas dos pés, em madrepérola, estão esculpidos os 108 símbolos auspiciosos de Buda.
Buscando essa inspiração, os visitantes enfrentam uma longa fila para colocar moedinhas nos 108 potes de metal do templo.
São exatamente 108 moedas. E a gente deve colocar uma em cada pote. 108 é um número da sorte, um número considerado abençoado na Tailândia. O objetivo é garantir uma vida longa, 108 anos. Se dá certo, difícil dizer. Mas não custa tentar. É um ritual que acabou agregando um som típico a este santuário de paz e silêncio.

Mr. Tong, o guia mais antigo do templo, ensina como se faz a reverência ao Buda, que deve ser repetida três vezes. A primeira ajuda a nos proteger. A segunda tem o poder de trazer a purificação espiritual. E a terceira é para a comunidade budista.

Mr. Tong revela também que cada detalhe das estátuas tem um significado. A mão esquerda levantada, por exemplo, traz boa saúde. Mulheres que estão há 5 ou 10 anos casadas, sem filhos, vão buscar uma bênção para engravidar e milagres acontecem, acredite ou não, ele provoca com muito bom humor.

A 800 quilômetros de distância do templo, a equipe do Globo Repórter conheceu uma prova de que milagres realmente podem acontecer.

Os tailandeses acreditam que essa espécie de figueira, à beira-mar, salvou pelo menos 200 pessoas quando as ondas gigantes chegaram em 2004. O tsunami que varreu o sul da Ásia, deixou 13 mil mortos na Tailândia.

"Hoje em dia virou uma árvore sagrada. Ninguém mais pode subir nela, nem crianças, e tem todas essas fitas pra simbolizar cores da vida", contou o mergulhado Cristiano Araújo.

Cristiano, mais conhecido pelo apelido "Cas", é um carioca que foi para trabalhar seis meses na reconstrução do país. Seis anos depois, casado e dono de uma loja de mergulho, é um estrangeiro feliz, sem planos de voltar ao Brasil.
Phi-Phi é um arquipélago com seis ilhas, no sul da Tailândia. É considerado um dos melhores pontos de mergulho do planeta.
Não há palavra melhor do que "paraíso" para definir esse conjunto de água cristalina, areia branquinha e pedras esculpidas por milênios pelo vento e pela maré.
A Baía de Maya é um dos lugares mais procurados da Tailândia. Imagine então, o que deve ser trabalhar e morar lá.
"É, esse é o meu escritório. Não tem stress, a vidinha é boa. É uma beleza que não tem igual, pra mim não tem igual em nenhum lugar do mundo”, disse Cristiano.
Phi-Phi é uma obra-prima da natureza que está sendo toda restaurada. As ondas gigantes de 2004 destruíram 30% dos corais que viviam na região.
"Como eram sete ondas, veio a primeira, quando a primeira onda estava saindo, a segunda entrou, então, na verdade, ela ficou batendo assim dentro da baía e aí quebrou tudo, até 10 metros de profundidade. Mais profundo que isso não tivemos problema nenhum com a vida marinha", ressaltou Cristiano.
Então, a equipe do Globo Repórter resolveu mergulhar para ver em que pé está o trabalho de recuperação da vida marinha.

Logo que descemos, somos recebidos por uma tartaruga. E este é um encontro cada vez mais raro. A tartaruga-de-pente está ameaçada de extinção, segundo a União Internacional para a Conservação dos Animais. Por causa de sua beleza, ela é a mais procurada pelos caçadores, que vendem o casco como objeto de decoração. Mas a anfitriã mergulha tranquila, nem liga para mais um humano curioso e feliz por ver um bicho selvagem vivendo pacificamente no seu ambiente natural.

As gigantescas moreias são um pouquinho mais assustadas, mas não se apressam em fugir, sabem que lá estão seguras.

A região também é a casa do tubarão-leopardo, que ganhou esse nome por causa das manchas na pele. Ele não representa perigo para seres humanos. Mais um tranquilo habitante destas águas.

Para recuperar a vida marinha, a Universidade de Bangcoc e o governo da Tailândia decidiram criar cinco recifes artificiais. São estruturas de metal para onde os corais foram transplantados como se fossem mudas. Cristiano participou desta "agricultura no fundo do mar" e diz que os novos corais, que ainda não cresceram totalmente, exigem muito cuidado. A limpeza tem que ser feita frequentemente para impedir que qualquer sujeira ameace o crescimento deles.

Dá trabalho, mas é um cuidado que está valendo a pena: os peixes que gostam de viver no meio dos corais já voltaram. E assim o ciclo da vida segue em equilíbrio: o que a força da própria natureza arrasou num instante, a mão humana vai pacientemente reconstruindo.

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