16. A PANTERA (Rogel Samuel)
Mas logo voltamos para o Rio, peguei dinheiro, e de lá para Manaus, onde comprei uma pequena lancha e partimos para o alto Rio Negro até aquele lago onde morei e onde conheci Jara.
A pantera estava esperando, na margem.
Ao ver-nos, pulou do seu ganho e desapareceu na floresta.
A casa em ruínas.
Por isso, resolvemos morar na lancha que, apesar de apertada, nos oferecia melhor proteção.
Ali havia duas camas, pequena cozinha, um banheiro, janelas teladas.
À noite se ouviam estranhos ruídos, cânticos da floresta, a Mãe da Lua, ou urutau, canto sinistro como a morte; o uivo do rasga-mortalha, ou suinara.
Um dia, em pleno dia, ouvimos um longínquo berro, que Jara disse: - É matintaperera...
Mesmo não acreditando no monstro peludo de um olho só, aquilo me deu um arrepio e eu logo me armei com uma espingarda.
Jara riu e disse:
- Não se preocupe, está passando pelo outro lado do rio...
Eu não gostei.
Fiquei apreensivo.
Agora, aquela mata agora me parecia estranha, inóspita. Vieram alguns guerreiros, dias depois, a procura de Jara, que tratou com eles não sei o quê e depois os mandou retornar. Não me olharam.
Os animais noturnos nos ameaçam. Eu não consiguia dormir. Jara não falava, companhia silenciosa.
Assim voltamos para o Rio de Janeiro, juntos...
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