quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
HEMETÉRIO CABRINHA
Falando a meu coveiro
É aqui neste lugar, ao pé deste cipreste,
junto a este mausoléu. Pega uma enxada, cava
sete palmas de chão! Anda depressa, grava
no teu semblante mudo o riso que escondeste!
Abre o meu leito eterno... O meu lugar é este!
Quero nele abafar minha paixão escrava!
Quero enterrar-me logo... a vida já me agrava...
Depressa! A minha dor de dores se reveste!
Alarga-a mais um pouco, afasta mais a areia!
Ela, assim como está, torna-se muito feia, profunda-a mais... trabalha! Este dinheiro é teu!
Que é isso? Um crânio aí? Dá-mo, quero beijá-lo.
Limpa-lhe bem o pó! Dá cá, quero estudá-lo
Como alguém algum dia há de estudar o meu!
(Vereda iluminada! 1932
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário