terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
MORREREI COMO UM MARTIR, DIZ KADAFI
Kadafi nega renúncia e diz que morrerá na Líbia
Ter, 22 Fev, 01h36
Por Redação Yahoo! Brasil com Agência O Globo
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O ditador líbio, Muammar Kadafi, afirmou nesta terça-feira (22), em discurso transmitido pela TV estatal, negou que irá renunciar ao poder. Uma semana após uma série de protestos contra o governo, violentamente reprimidos por Kadafi, ele disse que morrerá no país "como um mártir".
O ditador disse que a "a Líbia não quer a revolução e o colonialismo". Gritando e gesticulando muito, Kadafi se dirigiu pela segunda-vez ao povo líbio desde o início do levante contra o seu regime no país do norte da África. O líder líbio disse que vai resistir e não vai se render aos manifestantes da oposição.
"Este é o meu país, e o dos meus irmãos. Nós o irrigamos com o nosso sangue(...) Vou morrer aqui como um mártir", esbravejou, pregando a unidade do país. "Muamar Kadafi não é o presidente, ele é o líder da revolução. Ele não tem nada a perder. Revolução significa sacrifício."
Desafiador, ele culpou os jovens pela "agitação" dos últimos dias e classificou os manifestantes de "ratos mercenários" que querem transformar a Líbia em um estado islâmico. "Eles estão apenas imitando o Egito e a Tunísia", disse.
Kadafi conclamou o povo a sair às ruas na quarta-feira, numa demonstração de apoio a ele. "Muamar Kadafi não é uma pessoa normal que você pode envenenar... Vou lutar até a última gota de sangue, com o povo ao meu lado" disse energicamente. "Se você ama Muamar Kadafi você vai sair às ruas para defender a Líbia."
Apesar da violência dos confrontos dos últimos dias entre manifestantes e forças policiais e de segurança líbias, que já teria deixado mais de 200 mortos, Kadafi disse que "ainda nem tinha começado a dar as ordens para que se usasse fogo" contra os manifestantes. E fez uma ameaça: "o uso da força contra a autoridade do Estado será punido com a morte."
Na noite de segunda-feira, Kadafi fez um breve discurso afirmando que continuava em Trípoli.
Aeroporto de Benghazi fica destruído
Enquanto o ditador pede unidade, informações dão conta de que o governo não controla mais o leste do país. Homens armados contrários ao ditador tomaram nesta terça-feira o controle do lado líbio da fronteira com o Egito. Segundo as Forças Armadas do Egito, os guardas da fronteira se retiraram do local, que passou a ser controlado por "comitês do povo".
Os soldados líbios na cidade de Tobruk disseram que eles não apoiam mais Kadafi. Segundo relato de um correspondente da Reuters que atravessou a fronteira, os rebeldes estavam armados com cassetetes e fuzis Kalashnikov.
Moradores da capital líbia denunciaram nesta terça-feira novas ações violentas do governo para reprimir possíveis protestos. De Dubai, o ativista Mohammed Ali, da Frente da Salvação da Líbia, disse ter recebido relatos de que os habitantes de Trípoli estão se escondendo em casa e há dezenas de corpos nas ruas. Aviões voltaram a ser usados, assim como tanques, helicópteros e mercenários, disseram testemunhas. De acordo com a Human Rights Watch, entidade de defesa dos direitos humanos, pelo menos 62 pessoas morreram em dois dias de confrontos em Trípoli.
Em Benghazi, as pistas do aeroporto ficaram destruídas após os enfrentamentos entre manifestantes e forças de segurança, informou o ministro de Relações Exteriores egípcio, Ahmed Aboul Gheit. Na cidade, a segunda maior da Líbia, estão 130 funcionários brasileiros da empresa Queiroz Galvão. Eles aguardavam autorização para o envio de um avião para resgatá-los.
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