quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A morte no envelope



Rogel Samuel

A morte no envelope
Bach resumiu sua "poética" na "A Arte da Fuga" (que
tem seu nome: si bemol, lá, dó, si). Conhecida um século depois.
Mas A Arte da Fuga ficou incompleta. A última fuga não acaba; continua a rolar, sem fim. Vida breve. Infinita.
A vida é breve. O Brasil não tem tradição de literatura policial. Outros gêneros literários sumiram, também. A nova poesia, os novos contistas, o novo romance. Falta mídia? Não acredito. Faltam editoras? Não faltam leitores. Coelho Neto escreveu 112 livros e 50 peças de teatro. Vida breve. Humberto de Campos recebia inúmeras cartas. Escreveu obra gigantesca, hoje quase desconhecida. "A morte no envelope" de Luiz Lopes Coelho me vem à lembrança.
A literatura não morre no envelope, mas na estante. Coelho Neto e Humberto de Campos escreveram muito, como Camilo, um gênio, que ainda se lê, com prazer. Estilo rápido,
nervoso, elétrico. A grande massa da literatura morre, morreu, ou morrerá. Balzac escrevia por compulsão. Um dos mais bem sucedidos escritores do Brasil, Jorge Amado, produzia um bom livro a cada dois anos. Mas há autores de um livro só, como Manuel Antonio de Almeida.
Assis Brasil continua escrevendo. Mais de cem livros. Vive
de literatura, produz romances, ensaios, antologias. É um mestre. A "Tragédia burguesa", de Otavio de Faria, tem quinze grossos volumes. Elogiada por Mestre Alceu, hoje desapareceu. Ele era excelente crítico de cinema. Aliás, adorava cinema. Dizem que ele saía de uma sala de cinema e entrava noutra. Tobias Barreto, dono de respeitável obra, não mais se lê.
Escreveu obras filosóficas importantes. Onde estão seus livros? Vida breve. Bach resumiu a "poética" de sua música na "A Arte da Fuga" (que contém o seu nome: si bemol, lá, dó, si). Conhecida um século depois.
Mas a Arte da Fuga ficou incompleta. A última fuga era a morte.

ROGEL SAMUEL - A HISTÓRIA DOS AMANTES


ROGEL SAMUEL - A HISTÓRIA DOS AMANTES

AGORA MAIS FÁCIL DE LER EM


http://rogel-samuel.blogspot.com/2011/08/rogel-samuel.html

MADRIGAL A UMA ESTRELA


MADRIGAL A UMA ESTRELA


De histórias de estrelas

ninguém quer saber,

Não conto, não conto...

Quem é que te quer,



história da estrela

que fica por cima

da minha janela?

Tão bela! Tão bela!



Comigo te guardo,

na vida e na morte.

Serás um segredo...

Serás uma estrela



que eu leve a meu lado

na vida que leve...

Escura que seja

-que vida tão clara!



Que noite tão branca

a noite que eu durma

(debaixo da terra)

debaixo da estrela!



Não conto.Não digo.

Comigo te guardo.

Assim tu,ó estrela,

me guardes contigo...



Sebastião da Gama , Pelo Sonho É Que Vamos


________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com

terça-feira, 30 de agosto de 2011

ZEMARIA PINTO EXPÕE DANTE


Torquato Neto




Pessoal Intransferível


Torquato Neto


Torquato Neto (1944-1972).

Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso.

Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus.

E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão.

(14/09/71)

Sete dias serão, Manaus, ó sete amadas




("Metaesquema", de Helio Oiticica)



Sete dias serão, Manaus, ó sete amadas



Rogel Samuel


Sete dias serão, Manaus, ó sete amadas,
Por que se integre à terra este cantor.
Ó monstruosas noites desamparadas
De mim se aparte a porta dessa dor.
O espelho dágua ostenta a aranha alada
Que me arrasta o interno aeroplano,
Tresloucada vespa, cristalizada
Inoculando o inferno do engano.
Mas chega de canção, Amor, que neste canto
As finas rimas dessa ladainha
Escondem teus morenos ombros de arpejos.
Ó franca zona! Do Teatro o manto!
Por sete dias tua canção é minha
Na invenção literária dos teus beijos.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

FAMOSA MEDITAÇÃO DE DONNE








MEDITAÇÃO 17

(trecho)

Nenhum homem é uma ilha, completa em si mesma; todo homem é um pedaço do continente, uma parte da terra firme. Se um torrão de terra for levado pelo mar, a Europa fica menor, como se tivesse perdido um promontório, ou perdido o solar de um teu amigo, ou o teu próprio. A morte de qualquer homem diminui a mim, porque na humanidade me encontro envolvido; por isso, nunca mandes indagar por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.

Tradução: Paulo Vizioli



MEDITATION 17

(excerpt)
No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main; if a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were; any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee.
________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com

NATUREZA MORTA



NATUREZA MORTA



De Walmir Ayala um poema, intitulado ESTAÇÃO, que sempre releio. Ayala, poeta excelente, não sei por que esquecido.


Na geladeira as frutas
escurecem de mortas

O quadro ele começa. A geladeira das frutas. Mortas. Geladas. Frutas. Personalizadas. Com o matiz erótico que caracteriza a poesia dele. Frutas mortas, natureza morta, alma morta, amor morto. Na mesa da geleira, deste Himalaya morto, neste Instituto Médico Legal da autópsia do pomar.

as pêras são secretas
usinas de água doce,

— no ventre das pêras o que está é sua secreção, a suculenta feminilidade, sua pose de ovário e úvula, a complexidade singela, aquela sua capacidade de oferta, de entrega, de lamúria das águas paradas mortas internas secretas dos entraves dos pântanos doces das almas das mais líquidas partes da natureza do amor, as estivais qualidades da natureza das carícias do corpo úmido e cúmplice, dos corpos entregues a si mesmos, que é quando são partes do mais tátil amor que se dá às mãos que deles fazem seus no prazer e no mergulho, nos gozos internos e usos, no segredo do maior e cavernoso introduzir hipodérmico da sua capacidade de sentir e de pulsar. Que é? A água doce do amor, usina do suco impulso do amor. São os líquidos amorosos, langorosos, das umidades humanas.

um mamão decepado
mostra a íntima carne

O mamão macho, o masculino mamão, castrado porém, digo, amputado, calado, prostrado, exibindo entranhas estranhas, na carne devastada, intimidade devassada.

O mamão porte de guilhotina — mamão revolução do estraçalhado. Mamão carne vegetal gengiva mole e aberta.

e as goiabas oloram
seu verão serenado.

O cheiro das goiabas, o perfume do verão no inverno do refrigerador, em antífrase feliz as perfumadas açucaradas e brandas goiabas. O verão olorizado de sereníssimo repouso. Oferecidas ao seu saboroso cheiro do pomar tropical.

Mas são mortas e lentas
neste ofertório as frutas.

Oh, tudo está morto, tudo está congeladamente morto, com frieza da morte, a morte 'lenta', a morte eterna, mumificada, gelada, branca, na porta aberta desta geladeira tumular, deste ofertório poético.

Um vapor congelado
contorna seu mistério.

Envoltas no nevoeiro, envoltas no seu mistério frio, branco, hospitalizado, as obscurecidas frutas medicalizadas, no branco arrepio da poesia misteriosa, do mistério da poesia...

E elas posam no ardor
do branco cemitério
de seu grave pomar.

Fotógrafo, o poeta abre, no seu cemitério doméstico e culinário, na escrita de seu receituário de forno e fogão, na gravitação polar de sua tematização estival (e não outonal). No seu bosque enclausurado.

E a geladeira inventa
surdo primaverar.


Em outro poema, no AQUÁRIO ACESO, os peixes dormem, no suspensório de seus sonhos:

Os peixes submersos dormem
Nadando um sonho enorme
- o aquário é breve e claro,
com selvas silenciosas
que o todo-poderoso
nutre de grão e larva.

É a poesia-aquário cujo conteúdo tem peixes que nadam sem acordar, sem perturbar, entre árvores silenciosas águas e selvas, eternizados pela luminosidade da escrita do todo-poderoso deus que o escreve e nutre de grão e larva, Ayala pesca na profundidade de si mesmo um labirinto de submersão de tentáculos poéticos onde se move como um polvo.

No entanto os peixes dormem.
Qualquer tremor das águas
e nadam aclarados
sonhando-se acordados
sonhando-se acordados.

E o leitor se enreda, se embriaga e sonha. Sonha dentro deste aquário verbal. Treme nessas águas de cristal líquido, o leitor sonha que lê, o poeta sonha-se lido, aclarado, viagem e volta ao íntimo gozo de seu interminável passeio, na lente suspensa das (m)águas.

No seu POMAR ABERTO, erótico, encontra entre as árvores do bosque o objeto de seu amor, esta vegetação da linguagem impossível de sua gestualidade desejante, o desconhecido toque de musa submersa, o paraíso pomar de pomos de luar e perfume do ar, as suculentas frutas, a poesia de Ayala reflete para sempre o domínio do delírio paradisíaco perdido, coro de laranjais em adágio e flores de laranjeiras.

Teu doloroso cheiro de laranjas
inventa este pomar que me embriaga

O prazer doloroso pomar em que se perde e inventa um labirinto embriagante cheio de sucos de invenção poética. As vespas de fogo rasgam de luz a venenosa atmosfera de seu ferrão, o luar do amor abre no peito a rosa amarga do ferrão do gemido gozo e do desenho do rosto grego, estátua em pedra que não está mais que estátua eterna e solitária, igual às frutas no verão da geladeira, mortas. Um paraíso em pomos de ouro a transportar e a ler.

há vespas inflamadas e um luar
enclausura em teu peito a rosa amarga
deste gemido em que és como o desenho
de um rosto antigo, de um sorriso em pedra
(eterno e solitário).

Estranho gemido de chumbo do amoroso langor do gozo que enfim o sorriso corta como a lâmina da faca, com a lâmina dos fios da noite.

Este sorriso que de repente no silêncio medra
e corta os fios da noite em que viajo
para os sempres de mim, tão decididos:
então nos laranjais escuto o adágio,
e o coração que ocultas é sonoro
como a ilha do amor em que me perco
e onde me salvo, e para sempre choro.

Sim, Amor é Ilha, lá onde se salva o que se perde, e lá onde se perde o que se salva, e onde pela contínua solidão como sempre chora.

Porque o amor é natureza morta.

MINUTOS DE SABEDORIA


MINUTOS DE SABEDORIA

É O NOVO LIVRO NOSSO NOVO BLOG DE "LIVROS ONLINE"



http://rogel-samuel.blogspot.com/2011/08/minutos-de-sabedoria.html

sábado, 27 de agosto de 2011

RETRATO DE UMA OBRA-PRIMA (conclusão)


RETRATO DE UMA OBRA-PRIMA

Rogel Samuel

É um tema banal, popular, mesmo vulgar. A mãe, já tão gasto motivo dos cadernos poéticos e saudades, pois todos nós tivemos ou temos a mãe a saudar, a lembrar, a louvar, a chorar.

Mas Jorge Tufic é um poeta excepcional: com que realizou sua obra-prima, sonetos pós-modernos em que ele traça o perfil, o “Retrato de mãe“, de sua verdadeira mãe, ou da personagem mãe.

O livro todo está no blog
http://historiadosamantes.blogspot.com/search/label/JORGE%20TUFIC

O pequeno livro é uma obra-prima em quinze sonetos. Começa por uma invocação:

Venham fios de luz, aromas vivos
misturar-se às palavras, à centelha
do louvor mais profundo deste filho

Invocada, a mãe começa a delinear-se, começa a aparecer, vem em fragmentos, pouco nítida, mas forte, mas sentida, pressentida, sim, começa ele a pintar o retrato interno da dulcíssima Mãe e que logo todos nós assumimos, conjuntamente, nossa mãe síntese e simbólica, a Fonte, semente e nome de nossa vida, que tudo nos deu.

Tema freudiano, pois.
E no segundo soneto logo aparece um mistério: Quem será este desconhecido Ramón que aparece no penúltimo verso?
É D. Ramón Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, citado no pórtico do livro. No livro há citações, pós-modernidade. Ou seja, a obra se diz: “Calma, eu sou apenas uma obra literária”.
A descrição, o retrato começa pelos cabelos, as tranças, a voz, a lembrança.
Teus cabelos castanhos, tuas tranças
fazem lembrar as madres de Cartago.

Depois vem a casa, a cozinha, as comidas da culinária libanesa, a lentinha, o azeite, as cebolas fritas, a coalhada, o pão redondo, que a Mãe preparava... mas tudo isso passou. Onde estão as comidas, os pratos de lentilha, a terrina de azeite para as coalhadas, as cebolas fritas? Tudo passou... Como, ao redor da casa, o vento. Como passou o vento do tempo. Também passam a cerca do quintal, os vizinhos, as vozes cantantes, e passaram. E o que passa é aquele Calendário sem datas, o chão do passado, o que passa. A casa da mãe. O que passa.
Lentilha, azeite doce, o acebolado
chia na frigideira de alumínio;
a casa está repleta de convites

Que dizer sobre o quarto soneto? Escreveu Dom Ramon Angel Yara, bispo de La Serena, Chile, no seu igualmente “Retrato de Mãe”: "Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus; E pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo” (Tradução de Guilherme de Almeida).
Que dizer do quarto soneto?
Trata da permanência da mãe. Do que permanece, na lembrança. Mãe não morre nunca. Somos nós mesmos. Nossa Mãe somos nós mesmos, em continuidade dialética.
Em tudo, minha mãe, te vejo e sinto.
Neste verniz antigo, neste cheiro
suavíssimo que vinha do teu corpo,

A permanência é essa, da mãe, que mesmo morta, ainda dói em nós, que ainda cantante, ainda existente, que ainda alivia, ainda consola, ainda sorri.
A mãe é eterna!
Sim, eterna mas morre: é o quinto soneto.
A morte do eterno. A queda dos deuses. E num domingo! É o soneto da morte, do fim. O Eterno, como bem viu Hannah Arendt, é a eternidade do instante. O imortal é a presença da lembrança.
Façamos aqui a distinção (que Hannah Arendt estabelece) entre imortalidade e eternidade, para esclarecimento dessa alienação do mundo moderno.
Imortalidade significava continuidade no tempo através da realização de grandes feitos, obras e feitos notáveis. Por sua capacidade de produzir obras e de realizar feitos imortais, os imortais podiam, através das marcas de sua passagem, participar da natureza dos deuses. Na antigüidade clássica, havia os que ambicionavam à fama e, portanto, à imortalidade, e havia os que, satisfeitos com os prazeres que a natureza lhes oferecia, viviam e morriam como animais. Nesses dois casos, percebe-se uma alienação e uma falta de compreensão do real.
Outra coisa era a experiência do eterno, própria do filósofo no sentido estrito do termo, a visão da eternidade ainda que passageira. Diz Arendt que depõe muito a favor de Sócrates o fato de ele não ter escrito nada, porque não estava preocupado com a fama, ou seja, com a imortalidade. O filósofo vive a experiência do eterno. Se escreve sua experiência, ambiciosa a imortalidade, pois procura deixar para a posteridade algum vestígio de si, a fama.
A experiência do eterno, diz Arendt, só pode ocorrer fora da esfera das ambições humanas. Se morrer é deixar de estar entre os homens, a experiência do eterno é morte. O contrário é a preocupação com a fama, com a imortalidade. Eternidade e imortalidade são dessa maneira, integralmente contraditórios.
Tal experiência, a percepção do Eterno, diz Hannah Arendt, tem de ser rápida, pois ninguém pode suportá-la durante muito tempo. O condicionado e mortal não pode encarar o eterno na sua eternidade, senão indiretamente, rapidamente, numa intuição momentânea. O eterno está fora do mundo do homem. A imortalidade , ao contrário, reside entre os homens, e criação humana. O eterno não, não é condição de condicionamento humano, não é tocado pela ambição humana. O eterno advém ao homem, quando este nada deseja, na imobilidade do pensamento, silenciado pela vida contemplativa. Heidegger sabia disso. Pois o eterno não pode ser convertido em atividade humana, e uma iluminação que não se consegue com o movimento do esforço, mas com a observação pura dos movimentos do pensar. O eterno é positivo, mas nasce quando há radical negação. Nem pode ser aprisionado pelo discurso, pois não pode ser objetivado: “O Tao que tem nome não é o Tao”. O eterno é mais espaço do que razão. Está onde o “eu” não se encontra. Nem está delimitado no tempo, na convenção e no produto humano, pois o eterno é presença. E por isso não pode ser “usado” para a glória e fama do homem. Mais: o eterno não está no sujeito, porém vigora quando desaparecem sujeito e objeto. Ou quando não há espaço entre observador e coisa observada, como diz Krishnamurti.
A Imortalidade, entretanto, foi impiedosamente abalada com a queda do Império Romano. A destruição de Roma mostrou cruelmente que nenhum produto do homem pode ser considerado eterno (ARENDT, Hanna. A condição humana. Rio de Janeiro, Forense/Rio de Janeiro, Salamandra/São Paulo, Ed. Universidade São Paulo. 1981. 339p.).
Portanto, o eterno é a presença. Assim como a presença de minha mãe morte ainda dói, hoje, enquanto escrevo, tantos anos se passaram de sua morte. O fato de minha mãe ainda doer em mim significa que ainda está viva comigo, eu que vivi ao longo da vida sempre longe dela (talvez por isso não tenho nenhuma foto de minha mãe na parede, para não alimentar o fogo de uma dor antiga).

Numa tarde opressiva de domingo,
o estrondo de tua queda: a irreversível
fratura que me dói quando te lembro

A seguir o poeta retrocede, se volta para o tempo materno, ou seja, a infância, a iluminada época da Mãe, da mãe protetora armadura fonte. Nossa juventude dela vinha, nossa fartura se originava nela. A poderosa Mãe, entretanto pobre, que se inquietava na escassez. Mãe bela, esbelta, musical. Mãe mítica! Poderosa fantasia posta em ouro. Em brilhos e luas. Amada que quando voltava trazia o mundo inteiro em seus cabelos, em suas vestes, em suas mãos. Mãe fada.

Nossa infância era toda iluminada
pelas fontes da tua juventude.

O texto é escrito com o intuito, com a inquietante busca de recuperar a imagem daquela criatura mítica, divina, dama antiga, fada e santa, busca infinita de volta ao útero materno, ao ninho antigo, àquele aconchego materno, onde tudo estava em paz, onde nós nos alimentávamos, nos encontrávamos com nossa originária semente, e para isso, para esse canto, o poeta pede a voz do Narciso, na água dos regatos, a imagem da Mãe, dela nunca nós nos poderemos libertar, aquela que em nós vive e dela nunca sairemos.
Mas nada.
Somente versos. Somente nos versos a sua fotografia.

O que a lembrança traz, porém, gera um pavor, o horror da recordação, o recordar aquela cena que não devia de ser nunca recordada, a agonia, a morte, a terrível e insuportável cena da morte, daquela que foi fonte da vida, da alegria, da proteção, abrigo, auxílio, amparo, e por quê?, e como de repente aparece este camoniano “estavas, posta no esquife” - ainda que ela esteja ali liberta como num trono, entronizada no Eterno sono, o sonho rente à luz, Iluminada – a morte veio mas também vieram as galáxias, vieram vales luminosos, abriram-se auroras fartas – mas por teres ido ficam mais sombrios os dias aqui deixados:

Estavas, posta no esquife, igual a todas
as defuntas convulsas, lapidadas.

Depois da morte do Eterno, depois de a mãe ser “posta em esquife”, naquele terrível verso camoniano, ficam as relíquias, os pertences, o vestido de linho desbotado, o sapato, o chinelo, a nuvem, tudo posto num saco tosco, humilde e roto, o legado de uma tristeza infinita, porque o tesouro se enterrara com ela mesma, e não há como dizê-la.
A morte da mãe.

E o canto se transforma em rugidos carcerários, impotentes, de barro, quilhas, peito, e onde o poeta revela seu modelo Jorge de Lima, sua poética, seu traçado.

A viagem é a sua morte.
A morte o tempo, as ampulhetas, as ressonâncias. A que mar foi levada aquela amada? Aquelas viagens se tornam a viajar.

A lembrança neste fim que sempre volta, algo inumerável, roupas no tanque, fantasmas trastes. A voz da mãe. Calvário de lembranças.
O soneto pós-moderno faz reflexões literárias, como essa referência a (Gabriel) Chalita. Ou seja, o poeta ressalta o caráter literário da obra, que se refere a si mesma.
O poeta como que diz: “não chore, isto é apenas literatura”.
E o retrato de mãe fica incompleto, só fragmentos de lembranças, como pedaços de imagem.
Mas o clima, a alma sai inteira, como quem abre a luz da primavera.





FUGA


IMAGEM DE SATÉLITE


FURACÃO




http://www.nj.com/starledger/

FURACÃO


FURACÃO HISTÓRICO


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Obama diz que furacão Irene será “histórico" e já há ordem para evacuar parte de Nova Iorque


Tempestade deverá atingir sábado a Costa Leste dos EUA
Obama diz que furacão Irene será “histórico" e já há ordem para evacuar parte de Nova Iorque

26.08.2011 - 18:27 Por PÚBLICO


Barack Obama alertou esta sexta-feira para a probabilidade de o furacão Irene, que se aproxima da costa Leste dos Estados Unidos, causar uma tempestade “histórica”. O mayor de Nova Iorque, Michael Bloomberg, já deu ordens para que sejam evacuadas partes da cidade..


O furacão Irene deverá atingir a costa Leste dos Estados Unidos durante o fim-de-semana, e em sete estados – Carolina do Norte, Maryland, Virgínia, Delaware, New Jersey, Nova Iorque e Connecticut – foi declarado o estado de emergência. Em Nova Iorque, o mayor Michael Bloomberg ordenou a evacuação obrigatória das regiões mais vulneráveis, o que deverá afectar pelo menos 250 mil pessoas.

Os transportes públicos irão encerrar a partir deste sábado, ao meio-dia. As áreas da cidade mais atingida serão Brooklyn, Queens, Staten Island, Battery Park City e a região financeira de Lower Manhattan.

O furacão deverá chegar neste sábado à Carolina do Norte, depois de a sua intensidade ter descido hoje para o nível 2 numa escala de cinco, com ventos de cerca de 169 quilómetros por hora.

Na cidade de Nova Iorque, o sistema de transportes ferroviários, incluindo o metropolitano, vai fechar a partir do meio-dia de sábado, anunciou o governador do estado Andrew Cuomo. Em Nova Iorque milhares de pessoas foram alertadas para abandonar as zonas junto à costa antes da chegada do furacão. A empresa ferroviária Amtrak cancelou jáalgumas viagens de comboio e o exército foi mobilizado em algumas regiões. As pontes da cidade de Nova Iorque serão encerradas se os ventos excederem 96 quilómetros por hora, disse Cuomo.

Em algumas regiões de Delaware, Maryland, New Jersey e Carolina do Norte estão já a decorrer evacuações forçadas. “Não esperem, não se atrasem. Esperamos que tudo corra pelo melhor, mas temos de estar preparados para o pior. Todos temos de encarar esta tempestade a sério. Se vos for dada uma ordem de evacuação, por favor sigam-na”, disse o Presidente norte-americano aos jornalistas a partir de Martha's Vineyard, o local onde se encontra de férias em Massachusetts. “Tudo aponta para que seja um furacão histórico”.

As previsões apontam para que o furacão se desloque em direcção a Washington e Nova Iorque. Nesta sexta-feira, a meio da tarde, estava a cerca de 550 quilómetros do Cabo Hatteras, na Carolina do Norte, a progredir a 22 quilómetros por hora. É enorme: tem um diâmetro de cerca de 820 quilómetros, o que representa cerca de um terço da costa Leste norte-americana (2675 quilómetros).

O furacão Irene poderá afectar cerca de 65 milhões de pessoas em várias cidades ao longo da costa, incluindo Washington, Baltimore, Filadélfia, Nova Iorque e Boston. “Haverá danos, só não sabemos a sua dimensão”, disse à Associated Press Craig Fugate, responsável da agência federal norte-americana para as situações de emergência (FEMA). A Cruz Vermelha já preparou diversos abrigos ao longo da costa.

Mzi Mahola


A CASA DO POBRE

Quando era rapaz
Nunca perguntei o motivo
Do percurso solitário
que vinha do abrigo do homem pobre.

Porque ziguezagueava
Como a fuga de uma fera ferida.

Agora que sou adulto
Sei por que os ricos se perturbam
Quando resmungamos.

Mzi Mahola, África do Sul
Trad.: Isaac Pereira
________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ESTRANHO LUGAR



Tonight on medici.tv: Waldbühne, as if you were there!‏


ASSISTA HOJE DE GRAÇA COMO SE ESTIVESSE LÁ EM


http://www.medici.tv/

Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas


Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas
Descoberta foi feita graças a dados de poços perfurados pela Petrobras. Rio corre a 4 mil metros de profundidade

AE | 25/08/2011 10:34



Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas Descoberta foi feita graças a dados de poços perfurados pela Petrobras. Rio corre a 4 mil metros de profundidade


selo

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente.

A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Fluidos que se movimentam por meios porosos - como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica - costumam produzir sutis variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.

Foto: Getty Images

Cientistas descobrem que há um rio subterrâneo de 6 mil km abaixo do sinuoso Rio Amazonas (foto)

O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.

Características
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.


As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade do curso d’água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, a s águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.

Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.

Cidade no sudeste da Coreia do Sul abriga tesouros culturais e relíquias do budismo


Cidade no sudeste da Coreia do Sul abriga tesouros culturais e relíquias do budismo

Description: Le Monde

Philippe Mesmer
Enviado especial a Daegu (Coreia do Sul)


As cercanias da cidade sul-coreana de Daegu, que entre os dias 27 de agosto e 4 de setembro sediará o Campeonato Mundial de Atletismo, abrigam diversos tesouros que fazem parte da lista do Patrimônio Mundial da Unesco. Muitos deles se encontram em Gyeongju, ex-capital do reino de Silla (57 a.C a 935) e ponto de notáveis riquezas culturais. Túmulos da realeza, templos e relíquias dos primórdios do budismo na península, os tesouros de Gyeongju – 270 mil habitantes, às vezes apelidado de “museu sem paredes” – se espalham por um ambiente verdejante, longe da agitação urbana.

Como o templo Bulguksa. As primeiras obras datam de 751, embora uma pequena construção tenha sido erguida ali já em 528, um ano depois que o budismo foi adotado como religião do Estado pelo rei Beopheung, soberano de 514 a 540. O tempo, a deterioração e as reformas fizeram como que restassem somente algumas estruturas das construções do período de Silla, entre elas o templo Seokgatap, com treze séculos de idade e exemplo do estilo tradicional coreano. Mas o conjunto mantém um charme inegável, que harmoniza com seu ambiente florestal.

Reencarnar como dragão

Perto do templo se encontra a Gruta de Seokguram, aonde se chega por um caminho repleto de forsythias, que acompanha a encosta da Montanha Toham, ela mesma um ponto de junção de cadeias montanhosas: a de Taebaek, que desce do norte, e a de Soubaek, vinda do oeste. Escondido atrás de uma pequena construção do século 20 encontra-se um Buda de 3,5 metros de altura, sentado sobre uma estrutura em forma de lótus. Esculpido em um granito predominantemente bege, segundo uma tradição vinda da Índia, ele ocupa o centro de uma rotunda com paredes que retratam bodisatvas e as divindades hindus Brahma e Indra.

Na frente da rotunda, uma antecâmara decorada com baixos-relevos pode receber alguns fiéis que se inscrevem com antecedência. Do lado de fora, o local oferece uma vista magnífica até o Mar do Leste (Mar do Japão), onde se encontra, a algumas centenas de metros da orla, o túmulo de Munmu, rei de 661 a 681, que teria escolhido essa sepultura com o sonho de reencarnar como dragão para proteger a península.

Quando se desce da Montanha Toham de volta para Gyeongju, é recomendado percorrer as chamadas cinco zonas “históricas”, onde se poderão ver os grandes túmulos de vários soberanos, entre eles o da Rainha Seondok (606-647), que mandou construir o observatório astronômico Cheomseongdae. Essa sóbria estrutura, que segundo alguns foi realizada com 362 pedras de granito, o mesmo número de dias do calendário lunar, tem 9,4 metros de altura. Ainda próximo de Daegu, mas mais para o interior, fica o templo Haeinsa, em Hapcheong, que oferece uma possibilidade de estadia. Cercado por lugares de retiro perdidos na densa e úmida floresta dos arredores, o conjunto, construído no século 9 na Montanha Gaya, é o coração da ordem budista de Jogye.

Sua construção mais notável: o Janggyeong Panjeon, hábil estrutura de madeira que serve de cenário para o famoso Tripitaka Koreana, a coleção de textos budistas considerada a mais completa do mundo. Frutos de um trabalho iniciado em 1011 (o milênio será tema de eventos em setembro), esses escritos, que incluem ensinamentos de Buda e comentários diversos, estão gravados em 81.258 blocos de madeira, tendo recebido um tratamento especial por muitos anos.

O Janggyeong Panjeon foi idealizado no século 15 especialmente para preservá-los. “Seu sistema natural de ventilação limita as variações de temperatura e de umidade”, explica o venerável Sung Ahn. “Houve sete incêndios em Haeinsa, mas ele nunca foi destruído. E nenhum animal ou inseto se aproxima dele”. Nos anos 1970, o governo quis erguer uma construção em concreto para guardar os blocos do Tripitaka, mas diante de sua rápida deterioração, ele desistiu.

Além dos locais de cunho religioso, a vizinhança de Daegu oferece diversos tesouros do passado coreano, como os dois vilarejos tradicionais de Yangdong e de Hahoe. Situado na municipalidade de Gyeongju e construído no século 15, Yangdong abriga um grande número de hanok, as tradicionais casas dotadas de sistema de aquecimento no chão e ventilação que permite suportar melhor o frio do inverno e o calor estival.

Hahoe, mais ao norte, existe desde o século 16 na curva do Rio Nakdong, na municipalidade de Andong. Sede da grande família política dos Ryu, ele foi um importante centro de ensino do confucionismo, doutrina dominante da dinastia Joseon (1392-1897). É também de lá que vêm as máscaras usadas na dança tradicional de Byeolsingut, hoje parte dos tesouros nacionais da Coreia.

Tradução: Lana Lim

DENTRO DA CASA DE KADAFI


Steve Jobs deja su cargo de CEO


RIO -Em decisão histórica, Steve Jobs anunciou na noite de quarta-feira sua saída do cargo de diretor-executivo da Apple. Em licença médica desde 17 de janeiro último, Jobs trouxe à tona com sua decisão novos temores sobre seu estado de saúde - em 2004 o executivo teve um câncer no pâncreas, supostamente curado, e fez um transplante de fígado em abril de 2009.

"Eu sempre disse que se chegasse o dia em que não pudesse mais cumprir meus deveres e expectativas como diretor-executivo da Apple, eu seria o primeiro a dizer-lhes", afirmou Jobs em mensagem à diretoria da Apple. "Infelizmente, esse dia chegou. Por meio desta, renuncio ao cargo de diretor-executivo. Eu gostaria de servir, se a diretoria achar conveniente, como presidente do conselho, diretor e funcionário da Apple".

Para seu sucessor, Jobs apontou o diretor-executivo em exercício, Tim Cook, cujo nome já estaria no plano de sucessão da empresa californiana. Disse ainda acreditar que "os dias mais brilhantes e inovadores da Apple ainda estão à sua frente", e que esperava observar e contribuir para o sucesso da empresa em seu novo posto.

Suspensa a penhora dos bens de Alexandre Pato


LUIZA SOUTO
DO RIO

A Justiça cancelou a penhora dos bens de Alexandre Pato, solicitada pelos advogados da atriz Sthefany Brito, que foi casada com o jogador por nove meses. Calcula-se que o valor tenha chegado a R$ 540 mil.

"Na verdade a sentença que determinava o pagamento da pensão de R$ 50 mil à Sthefany já estava suspensa. O que aconteceu é que após essa decisão foi feita uma penhora de mais ou menos R$ 540 mil, o que não podia acontecer. Isso que foi cancelado", explicou ao F5 o advogado de Pato, João Paulo Lins e Silva.

Segundo Lins e Silva, o pedido de penhora é um meio judicial para garantir que o réu pagará a dívida que ele tem. "Como havia um efeito suspensivo antes de sair essa decisão nunca poderiam ter penhorado nada. A penhora só pode acontecer se derrubar o efeito suspensivo".

O advogado disse ainda que procura manter o jogador distante do processo.

"Falo com ele sempre e o que digo é que o objetivo dele é jogar futebol e o meu é resolver os problemas dele. Logo após a separação [no início de 2010] ele teve um baixo rendimento, só pensava nesses problemas. Inclusive o Milan não ganhou campeonato, ele não foi artilheiro. Quando conversei com ele e disse que eu resolveria o problema ele melhorou e o Milan foi campeão", disse.

O F5 entrou em contato com os advogados de Brito, mas eles afirmaram que não se pronunciariam mais sobre o caso.

Alexandre Pato e Sthefany Brito casaram-se no dia 7 de julho de 2009 em uma cerimônia religiosa no Rio, seguida de festa no Copacabana Palace, na zona sul carioca. Nove meses depois, no dia 24 de abril de 2010, o casal anunciou a separação.

Pato, que joga no Milan, namora atualmente Barbara Berlusconi, filha do primeiro-ministro italiano, Silvio.

Brito está no elenco da próxima novela das 18h, da Globo, "A Vida da Gente", de Lígia Manzo.

SOBRE A MÃO


CHRIS JACKSON (GETTY)

BANHO DE BARRO


MOHSIN REZA (REUTERS)

LEÃO


Agustina Bessa-Luís


GARRAS DOS SENTIDOS


Não quero cantar amores,
Amores são passos perdidos.
São frios raios solares,
Verdes garras dos sentidos.

São cavalos corredores
Com asas de ferro e chumbo,
Caídos nas águas fundas.
Não quero cantar amores.

paraísos proibidos,
contentamentos injustos,
Feliz adversidade,
Amores são passos perdidos.

São demência dos olhares,
Alegre festa de pranto,
São furor obediente,
São frios raios solares.

Da má sorte defendidos
Os homens de bom juízo
Têm nas mãos prodigiosas
Verdes garras dos sentidos.

Não quero cantar amores
Nem falar dos seus motivos.


Agustina Bessa-Luís



quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Michael Jackson - I Wanna Be Where You Are

Jose Feliciano - I Wanna Be Where You Are

RESSACA EM NITERÓI


Omar Khayyam


Um pedaço de pão, um copo de água fresca,
a sombra de uma árvore e os teus olhos!
Nenhum sultão é mais feliz do que eu.
E nenhum mendigo é mais triste.


* * *


Escuta este grande segredo:
Quando a primeira aurora iluminou o Mundo,
Adão já não era mais que uma criatura dolorida
que invocava a noite e a morte.

* * *


Não se pode incendiar o mar
nem convencer o homem de que a felicidade é perigosa.
Ele sabe, todavia, que o menor choque é fatal à ânfora cheia
e deixa intacta a ânfora vazia.


Omar Khayyam, Rubaiyat, Odes ao Vinho, Moraes Editores, Lisboa, 1981
________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Vietnamita víctima del napalm aboga por la paz mundial


Vietnamita víctima del napalm aboga por la paz mundial

BOGOTÁ, 22 de agosto.—Kim Phuc, la niña vietnamita fotografiada desnuda mientras huía de un ataque de napalm, expresó hoy un mensaje de paz y perdón, consciente de que no se puede cambiar el pasado y convencida de que con amor se puede mejorar el futuro.

"No podemos cambiar la historia, pero con amor podemos cambiar el futuro", afirmó hoy Phuc —durante una rueda de prensa en Bogotá—, quien desde hace 14 años es embajadora de Buena Voluntad de la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (UNESCO).

"Yo no he olvidado las cosas del pasado, yo continúo cargando en mi espalda" lo que me sucedió, aseveró Phuc, citada por EFE.

"La guerra no mató mi esperanza", concluyó.

Morreu Jerry Leiber, compositor de clássicos maiores do rock 'n' roll


Autor de "Hound Dog" e "Stand By Me"
Morreu Jerry Leiber, compositor de clássicos maiores do rock 'n' roll

23.08.2011 - 13:12 Por Cláudia Carvalho




Foi o génio escondido de Elvis Presley, de Ben E King, dos The Drifters ou dos The Coasters. Numa parceria com Mike Stoller, Jerry Leiber compôs muitos dos clássicos que marcaram a cena rock 'n' roll dos anos 1950 e 1960 e que ainda hoje são recordados. É o autor de “Hound Dog”, “Jailhouse Rock” e “Stand By Me”. Morreu esta segunda-feira em Los Angeles de insuficiência cardiopulmonar. Tinha 78 anos.


Para os mais distraídos, Jerry Leiber poderá não ser um nome conhecido. O mesmo não se poderá dizer das músicas que compôs e que apesar de já terem passado décadas, continuam a ser lembradas, cantadas e tocadas. Elvis Presley tinha a voz, o charme e o passo de dança mas as letras, essas, eram de Jerry Leiber. “You ain't nothin' but a hound dog”, escreveu ele e cantou Elvis. Estávamos em 1956 e o “Rei do rock 'n' roll” chegava aos tops com “Hound Dog”, a mesma música que em 2004 entrou na 19ª posição da lista das 500 melhores canções de sempre da “Rolling Stone”.

Jerry Leiber conheceu Mike Stoller, que se tornaria no seu parceiro de trabalho, em Los Angeles no início dos anos 1970, ainda os dois eram jovens adolescentes, mal imaginando que nos anos a seguir ninguém escreveria hits como eles. Em comum tinham o amor à música, aos sons R&B, blues e pop, começando a escrever quase instantaneamente. Stoller ficava com a parte da música e Leiber com as letras.

“O Jerry era uma máquina de ideias”, disse Mike Stoller numa entrevista à “Rolling Stone” em 1990. “Para cada situação, o Jerry tinha 20 ideias.” Ideias que se tornaram sucessos e que nem aos artistas actuais passam despercebidos.

A “Hound Dog” foi originalmente escrita e composta para a cantora Big Mama Thornton em 1952 mas foi quando Elvis Presley pegou nela que se tornou num sucesso planetário. Depois disso, já foi gravada mais de uma dezena de vezes por vários outros artistas. À semelhança do que tem acontecido com muitas das músicas assinadas por Leiber e Stoller, não fossem eles uma das duplas mais cobiçadas no mundo da música. O mesmo aconteceu, por exemplo, com a sua composição “Kansas City” que se tornou um hit na voz de Wilbert Harrison em 1959, tendo sido mais tarde gravada por Little Richard, The Beatles, Brenda Lee, Sammy Davis, Jr., James Brown e The Everly Brothers.

É deles também o mega sucesso “Stand by Me”, que se manteve nos tops entre 1961 e 1986, escrito para Ben E. King. As versões e covers desta música continuam ainda hoje a aparecer.

Outros dos seus sucessos incluem: “Is That All There Is?”, de Peggy Lee; “Love Potion No. 9”, dos Clovers; “Ruby Baby”, dos Drifters; “Black Denim Trousers and Motorcycle Boots”, dos Cheers; “Smokey Joe's Cafe” e “Riot in Cell Block No. 9”, dos Robins; e “Searchin'”, “Yakety Yak”, “Poison Ivy”, “Charlie Brown”, “Down in Mexico” e “Little Egypt” dos Coasters.

“Ele foi o meu amigo, o meu companheiro, o meu parceiro de escrita durante 61 anos. Ele tinha um jeito com as palavras. Não havia ninguém melhor do que ele. Vou sentir a sua falta”, disse Stoller à CNN, comentando a morte do amigo.

Em 1985, Jerry Leiber passou a ter o seu nome no Songwriters Hall of Fame, e em 1987 entrou para o Rock and Roll Hall of Fame, ao lado de Stoller.

“O mundo da música perdeu hoje um dos seus grandes poetas laureados. O Jerry não só escreveu as letras que toda a gente andava a cantar, como nos mostrou a forma como verbalizar os nossos sentimentos sobre as mudanças na sociedade que estávamos a viver depois da Segunda Guerra Mundial”, disse à AP Terry Stewart, presidente do Hall of Fame and Museu.

Em 1995, estreou na Broadway um musical com base nas músicas de Leiber e Stoller, “Smokey Joe's Café”, apresentando mais de dois mil espectáculos.

Com Mike Stoller e David Ritz, Jerry Leiber escreveu um livro de memórias em 2009, intitulado “Hound Dog: The Leiber & Stoller Autobiography”.

ONDE ESTÁ ?


Rebeldes entram na casa de Khadafi no complexo de Bab al-Aziziya


NATO continua a sobrevoar a capital líbia
Rebeldes entram na casa de Khadafi no complexo de Bab al-Aziziya

23.08.2011 - 10:20 Por Dulce Furtado, Isabel Gorjão Santos



Colunas de fumo são visíveis nos céus de Trípoli Colunas de fumo são visíveis nos céus de Trípoli (Foto: Louafi Larbi/Reuters)

Rebeldes líbios conseguiram entrar no complexo militar de Bab al-Aziziya, no centro de Trípoli, e tiveram acesso à casa de Muhammar Khadafi, mas não encontraram vestígios do coronel. Os combates em Trípoli estão hoje a viver as horas mais intensas desde o início da ofensiva da rebelião sobre a capital, no sábado.


Os rebeldes conseguiram forçar uma das entradas do complexo, adiantou a Reuters. Os jornalistas da agência britânica em Trípoli contaram que houve disparos para o ar para celebrar a chegada ao interior de Bab al-Aziziya e que incialmente houve uma breve resistência por parte das forças de Khadafi.

Um dos rebeldes, o coronel Ahmed Omar Bani, porta-voz militar da rebelião, confirmou à AFP a entrada no complexo. "As nossas forças entraram em Bab al-Aziziya, assumimos o controlo de uma das entradas". Segundo a estação de televisão Al-Jazira, os rebeldes já conseguiram aceder à casa de Khadafi dentro do complexo militar. Mas debaixo daquelas instalações existem vários túneis e a conquista do complexo poderá transformar-se "num jogo do gato e do rato", adiantou a BBC.

Pouco depois, os rebeldes anunciaram que tinham assumido inteiramente o controlo do complexo, mas que não foram encontrados vestígios de Khadafi. "Bab al-Aziziya está inteiramente sob nosso controlo, o coronel Khadafi e os seus filhos não estão aqui", disse à AFP Ahmed Omar Bani. "Ninguém sabe onde estão".

O canal árabe Al-Arabiya tinha relatado antes que "os revolucionários" – termo que ao longo dos últimos dias tem vindo a ser usado em substituição de "rebeldes" – tinham já conseguido passar a primeira linha de defesa fortificada do complexo. Um par de horas antes era reportado que a rebelião estava a "tentar entrar através do Portão Velho, do lado ocidental" do complexo. "E se tiverem sucesso os combates vão mover-se para dentro da fortificação", avaliava então um dos rebeldes líbios em Trípoli, identificado como Muftah Ahmad Othman pela Al-Arabiya.

As agências noticiosas têm vindo a dar conta ao longo da manhã de um endurecer dos combates em redor de Bab al-Aziziya e do hotel Rixos. E a Sky News avançou mesmo que se vê uma enorme coluna de fumo a erguer-se do complexo militar, depois de um raide aéreo da NATO.

Tanto as forças rebeldes como as leais ao regime de Muammar Khadafi afirmam desde ontem ter Trípoli sob seu controlo, mas os poucos testemunhos que chegam da cidade dão conta de uma batalha que é travada bairro a bairro, em combates que se fazem de forma estanque, com algumas ruas controladas por uma facção e outras nas mãos da outra.

“Falámos com residentes ontem à noite que acolheram a chegada dos rebeldes e dizem ter-se juntado à rebelião, e que estão a defender os seus bairros. O que parece é que estão apenas a defender a sua rua, o seu quarteirão, barricando-se lá dentro, com as suas armas, mas não controlam verdadeiramente nada mais do que a rua em que vivem”, relatava o correspondente da BBC Rupert Wingfield, que se encontrava na noite de ontem na capital líbia.

O jornalista descreve o que se passa em Trípoli como “uma batalha dividida em inúmeras frentes, uma em cada bairro, onde os residentes ora apoiam um lado ora outro”. Segundo Wingfield, os apoiantes do regime “controlam claramente grandes e importantes bairros na cidade e estão mais bem armados e melhor coordenados do que os rebeldes". "E não há dúvidas de que estão unidades muito bem equipadas a defender a área em volta do complexo de Khadafi [de Bab al-Aziziya] e do hotel Rixos, no centro”, avançou ainda.

Um forte explosão seguida por intensos disparos de artilharia foi ouvida pelas 11h00 (locais, menos uma hora em Lisboa) nas proximidades de Bab al-Aziziya e do Rixos – onde se encontram alojados cerca de 30 jornalistas estrangeiros, impedidos de sair para o exterior, e cuja área está cercada por combatentes leais ao regime.

O porta-voz da NATO Roland Lavoie corroborou já esta manhã a ideia de que “é muito difícil” determinar que áreas permanecem sob o controlo das forças do regime na capital. “Cada um dos lados reclama vitórias e claro que a exactidão [da informação] é a primeira vítima no conflito, porque somos bombardeados com informação”.

NELSON FREIRE

domingo, 21 de agosto de 2011

RETRATO DE UMA OBRA-PRIMA


JORGE TUFIC

RETRATO DE UMA OBRA-PRIMA


Rogel Samuel

O tema é banal, é vulgar. O tema é a mãe, tema já tão gasto pelo tempo dos cadernos poéticos e saudades. Todos nós tivemos ou temos, uma mãe a saudar, a lembrar, a louvar.

Mas Tufic é um poeta excepcional: Realizou sua obra-prima. Sonetos pós-modernos em que ele traça o perfil, o “Retrato de mãe“, de sua verdadeira mãe.

O livro todo está neste blog, logo abaixo.

http://historiadosamantes.blogspot.com/search/label/JORGE%20TUFIC


O livro é uma obra-prima em quinze sonetos. E começa por uma invocação:

Venham fios de luz, aromas vivos
misturar-se às palavras, à centelha
do louvor mais profundo deste filho
que se depura e sofre com tua ausência.
Venha o trigo do Líbano, a maçã
de que tanto falavas; venha a brisa
tecer mediterrânea esta saudade
que vem de ti quando por ti me alegro.
Que venha a primavera, saturando
vales, planícies, colorindo os montes,
noites de luar caiando os muros altos.
Venha a pedra da igreja onde ficaste
quando em febre te ardias. Venham lírios
rebrotados de ti, dos teus martírios

Invocada, a mãe começa a delinear-se, começa a aparecer, nítida, forte, sim, ele começa a pintar o retrato interno da dulcíssima Mãe que logo todos nós assumimos, conjuntamente, nossa mãe síntese e simbólica, fonte, semente e nome de nossa vida, que tudo nos deu.


E neste segundo soneto logo aparece um mistério: Quem será este desconhecido Ramón que aparece no penúltimo verso? É D. Ramón Angel Jara, Bispo de La Serena, Chile, citado no pórtico do livro.


A descrição, o retrato começa pelos cabelos, as tranças, a voz, a lembrança.


Teus cabelos castanhos, tuas tranças
fazem lembrar as madres de Cartago.
Doce mãe, sombra tépida, murmúrio
de sonâmbulas fontes; poucos sabem
teu nome, enquanto, fatigada embora,
dás-nos o pão e o leite, a flor e o fruto.
Poucos sabem te amar enquanto viva
e, quando morta, poucos também sabem
da fraqueza que em força transformavas.
Ai, retrato de mãe, quanto mistério
se converte na tímida lembrança
destes álbuns que lágrimas sulcaram.
Na verdade, Ramón, só de lembrá-la
um soluço arrebenta-nos a fala.

Depois vem a casa, a cozinha, a Mãe prepara comidas da culinária libanesa, a lentinha, o azeite, as cebolas fritas, a coalhada, o pão redondo, tudo isso passou.

Ao redor da casa, o vento. Também passa. A cerca do quintal, os vizinhos, as vozes cantam, e passaram. O que passa é o calendário sem datas, o chão do passado, o que passa, mas volta agora.


Lentilha, azeite doce, o acebolado
chia na frigideira de alumínio;
a casa está repleta de convites
para a janta frugal e acolhedora.
Nos arredores brinca o vento: a cerca
divisória, talvez, nada separa.
Vizinhando quintais vozes fraternas
cantam, mandam recados de ternura.
Assim te vejo, mãe, rosto suado
na lida da cozinha ou pondo a mesa.
Terrinas de coalhada, o pão redondo
a recender de ti, mais que do trigo.
Calendário sem datas, chão de outrora,
como tudo passou se tudo é agora?


Que dizer sobre o quarto soneto? Escreveu Dom Ramon Angel Yara, bispo de La Serena, Chile, no seu igualmente “Retrato de Mãe”: "Uma simples mulher existe que, pela imensidão de seu amor, tem um pouco de Deus; E pela constância de sua dedicação, tem muito de anjo; Que, sendo moça, pensa como uma anciã e, sendo velha, age com as forças todas da juventude; Quando ignorante, melhor que qualquer sábio desvenda os segredos da vida, e, quando sábia, assume a simplicidade das crianças;
Pobre, sabe enriquecer-se com a felicidade dos que ama, e, rica, empobrece-se para que seu coração não sangre ferido pelos ingratos; Forte, entretanto estremece ao choro de uma criancinha, e, fraca, entretanto se alteia com a bravura dos leões; Viva, não lhe sabemos dar valor porque á sua sombra todas as dores se apagam, e, morta, tudo o que somos e tudo o que temos daríamos para vê-la de novo, e dela receber um aperto de seus braços, uma palavra de seus lábios. Não exijam de mim que diga o nome dessa mulher, se não quiserem que ensope de lágrimas este álbum porque eu a vi passar no meu caminho. Quando crescerem seus filhos leiam para eles esta página: eles lhe cobrirão de beijos a fronte; e dirão que um pobre viandante, em troca de suntuosa hospedagem recebida, aqui deixou para todos o retrato de sua própria mãe... (Tradução de Guilherme de Almeida).

Que dizer do quarto soneto? Trata da permanência da mãe. Mãe não morre nunca. Somos nós mesmos.


Em tudo, minha mãe, te vejo e sinto.
Neste verniz antigo, neste cheiro
suavíssimo que vinha do teu corpo,
do pólen de tuas mãos, do hortelãzinho.
Em tudo, minha mãe, teu vulto amado
se desenha mais firme, e, lentamente,
vem dizer-me aos ouvidos qualquer coisa
desses anos que pesam sobre mim.
Em tudo, minha mãe, vejo este lenço
que à passagem da dor recolhe o traço
do sorriso que foste a vida inteira.
E, mesmo quando morta, entre açucenas,
ainda ressai de ti, poder divino,
a canção que adormece o teu menino.

Essa é a permanência da mãe, mesmo morta, ainda canta, ainda existe, ainda alivia, ainda consola, ainda sorri.

A mãe é eterna!

Sim, mas morre: é o quinto soneto. A morte do eterno. A queda dos deuses... E num domingo! É o soneto da morte, do fim. O Eterno, como bem viu Hannah Arendt, é a eternidade do instante. O imortal é a presença da lembrança.

Numa tarde opressiva de domingo,
o estrondo de tua queda: a irreversível
fratura que me dói quando te lembro
de olhos fixos em mim, quase a dizer-me
adeus, lágrimas ácidas rolando
sobre abismos drenados- tal o impacto
na dureza do chão, tal a dureza
do impacto na ossatura envelhecida.
Ninguém para colher-te o desamparo
desse tombo sem grito; apenas gestos
e vozes pressentidas me indicavam
zombeteiro demônio. Quem mais, Senhor,
de tão covarde, cínico e vilão,
faz da morte uma simples diversão?


A seguir se volta para o tempo materno, ou seja, a infância, iluminada época da Mãe, mãe protetora armadura fonte. Nossa juventude dela vinha, nossa fartura se originava nela. A poderosa Mãe, entretanto pobre, que se inquietava na escassez. Mãe bela, esbelta, musical. Mãe mítica! Poderosa fantasia posta em ouro. Brilhos e luas. Amada que quando voltava trazia o mundo inteiro em seus cabelos, em suas vestes, em suas mãos.

Nossa infância era toda iluminada
pelas fontes da tua juventude.
Armadura que tínhamos freqüente
para afastar as sombras e o perigo.
Eram fartos os dias com teus peixes
mergulhados no arroz: postas de ouro
não largavam seus brilhos nem suas luas.
Na escassez, entretanto, te inquietavas.
Ainda te vejo, o porte esbelto indo
por aqueles baldios transparentes
onde a luz, de tão verde, pincelando
os ermos, quanta música expandia!
Voltavas quase noite ao doce abrigo,
e o mundo inteiro, mãe, vinha contigo.

O texto é escrito com o intuito, com a busca de recuperar a imagem daquela criatura divina, dama antiga, fada e santa, busca infinita de volta ao útero materno, ao ninho antigo, àquele aconchego materno, onde tudo estava em paz, onde nela nos alimentávamos, nos encontrávamos com nossa originária semente, e para isso, para esse canto, o poeta pede a voz do pássaro, o pedal das nuvens, procurou, como Narciso, na água dos regatos, a imagem aquela que em nós dela nunca se esquece.

Mas nada.

Somente nos versos há a sua fotografia.

Mas...

Fui pedir ao canário que me desse
um raspão do seu canto fragmentário;
fui às nuvens do céu pedir mais nuvem
para o leve pedal que emite a voz;
debrucei-me, também, sobre os regatos
em busca de tua face; a brisa, enfim,
tentara descrever-te mas não pôde.
Andei, assim, por montes e calvários.
Ajoelhei-me ante o Cristo, bebi vinho.
Nada pude captar, nenhum remorso
fora maior que o meu nessa procura.
Somente agora, mãe, na tecelagem
destes versos que fiz para louvar-te,
em tudo posso ver-te e posso amar-te.

O que a lembrança traz, porém, gera um pavor, o horror da recordação, o recordar aquela cena que não devia de ser nunca recordada, a agonia, a morte, a terrível e insuportável cena da morte, daquela que foi fonte da vida, da alegria, da proteção, abrigo, auxílio, amparo, e por quê?, e como de repente aparece este “estavas, posta no esquife” - Não! Não quero vê-la! Não a posso ver, ainda que ela estava ali liberta como numa trono, entronizada no Eterno sono, o sonho rente à luz, Iluminada – a morte veio mas também vieram as galáxias, vales luminosos, auroras – mas por teres ido ficam mais sombrios os dias aqui deixados:

Estavas, posta no esquife, igual a todas
as defuntas convulsas, lapidadas.
Tão branca e tão distante companheira
destes ventos na pausa da agonia.
Quisera ter morrido quando foste,
nave de ti somente, abrindo rotas
na invisória partida, nesse coro
latente em nossas almas. Parecias
dormir, então, liberta como um trono.
Ó lágrimas de Orfeu, tempo escoado,
corpo de insones ânforas, mãezinha,
que sei de ti nos guantes da saudade?
Que sabemos de ti quando te vais,
se o teu vazio é feito de punhais?


Dormindo vinhas, mãe, já rente à brisa,
aos telhados de Sena, rente às asas
dos Derwiches que em sonho acorrentavas,
rente ao chão, rente à luz, à névoa rente
sobre a qual repousavas como em sonho.
Na música de um verso ou na toada
das cachoeiras, metáforas de ti
sobrevoam meus olhos consolados
pela visão dos seres que encarnaste.
A morte também veio, barulhenta,
mas galáxias cintilam nos teus passos,
vales de auroras curvas te embalsamam.
Por teres ido, fica mais sombria
a terra onde plantaste o nosso dia.



sábado, 20 de agosto de 2011

NELSON GONÇALVES - HOJE QUEM PAGA SOU EU



Composição: Herivelton Martins e David Nasser

Antigamente nos meus tempos de ventura
Quando eu voltava do trabalho para o lar
Deste bar alguém gritava com ironia:
"Entra mano, o fulano vai pagar"
Havia sempre alguém pagando um trago
Pelo simples direito de falar
Havia sempre uma tragédia entre dois copos
Nas gargalhadas de um infeliz a soluçar
Eu sabia que era um estranho desse meio
Um estrangeiro na fronteira desse bar
Mas bebia, outros pagavam e eu partia
Para o mundo abençoado do meu lar
Hoje, faço deste bar a sucursal
Do meu lar que atualmente não existe
Tenho minha história pra contar
Uma história que é igual, amarga e triste
Sou apenas uma sombra que mergulha
No oceano de bebida, o seu passado
Faço parte dessa estranha confraria
Do vermuth, do conhaque e do traçado
Mas se passa pela rua algum amigo
Em cuja porta a desgraça não bateu
Grito que entre neste bar beba comigo
Hoje quem paga sou eu!

NELSON GONÇALVES - REVOLTA



Composição: Raul Sampaio e Nelson Gonçalves

Hoje tão longe dos teus lábios sedutores
Sem o carinho dos teus beijos, meu amor
Não tenho horas de sossêgo em minha vida
Sou mais um barco que não tem navegador
Vivo perdido no passado dos teus beijos
Sinto o fantasma dos teus lábios junto aos meus
Beijo outras bocas pra fugir da tua boca
E sinto ainda o sabor dos beijos teus
O desespero me tirou a consciência
E no delírio que me envolve esta paixão
Eu vou tramando no meu cérebro-nervoso
Uma maneira de magoar teu coração
É meu consolo acreditar que estás sofrendo
Em tua vida de prazeres e de louca
Beijando bocas, como eu, mas com saudades
Dos beijos que eu roubei da tua boca.

Jorge de Sena


Jorge de Sena (1919-1998)‏



Glosa à chegada do Outono



O corpo não espera. Não. Por nós
ou pelo amor. Este pousar de mãos,
tão reticente e que interroga a sós
a tépida secura acetinada,
a que palpita por adivinhada
em solitários movimentos vãos;
este pousar em que não estamos nós,
mas uma sede, uma memória, tudo
o que sabemos de tocar desnudo
o corpo que não espera: este pousar
que não conhece, nada vê, nem nada
ousa temer no seu temor agudo...

Tem tanta pressa o corpo! E já passou,
quando um de nós ou quando o amor chegou.






________________________
Amélia Pais
http://barcosflores.blogspot.com
http://cristalina.multiply.com

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sviatoslav Richter: Schubert Sonata D.894 1st mvt. 1/3

A CRISE SE APROXIMA




A CRISE SE APROXIMA

ROGEL SAMUEL


O mundo pode acabar. O mundo capitalista. Que outro mundo haverá? O capital chegou a seu limite, em breve nâo valerá nada.

Só papéis sem valor. O perigo ronda, pois os mais ricos vâo descontar nos mais pobres. O Brasil tem terra, petróleo, reservas.

Será que resistirá?


Mas o maior inimigo do país está dentro dele mesmo.

E nâo é a corrupção, como a imprensa alardeia.

Nem os políticos.




AUMENTAM ATAQUES DE TUBARÃO


Ataques de tubarão estão aumentando em todo o mundo. De acordo com a International Shark Attack File (ISAF), foram registrados 115 incidentes com tubarões, sendo que 79 deles consistiram em ataques ocorridos nos habitats naturais dos tubarões sem que os animais tivessem sido provocados por humanos. Para se ter uma idéia, em 2009 foram 63 ataques não provocados.


A ISAF contabiliza os relatos de ataques de tubarões em todo o mundo desde o século 16. Ao todo foram 2.320 ataques relatados. Os Estados Unidos são o lugar onde mais ocorreram estes incidentes com 1049 casos, sendo 44 fatais. No segundo lugar está a Austrália com 417 casos, sendo 131 fatais, seguido pelo continente africano com 299 casos (78 fatais). Na América do Sul foram 101 ataques (23 fatais).

De acordo com o relatório da ISAF o aumento da interação de tubarões com humanos está relacionado com o aumento do tempo que os humanos passam no mar. “Como a população e o aumento do interesse em atividades aquáticas é esperado o crescimento no número de ataques de tubarões”, afirma o relatório.

A ISAF afirma que a população de tubarões está em declínio em muitas pastes do mundo por causa da sobrepesca, perda de habitat, o que teoricamente diminuiria o número de ataques. No entanto, não é o que os índices estão mostrando.

Nesta semana, duas pessoas ficaram feridas em uma praia de Primorie, no extremo oriente russo. De acordo com especialistas da região, não há precedentes na região. Um britânico que passava a lua-de-mel nas Ilhas Seychelles, no Oceano Índico morreu na quarta-feira (17) após perder o braço devorado por um tubarão. De acordo com testemunhas, o local também teve um ataque parecido há pouco mais de duas semanas. Um francês teria sido morto no incidente anterior.

O ISAF recomenda, no caso de um ataque, bater no nariz do peixe, pois isto restringe seu ataque, abrindo espaço para fugir da água.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

RONALDO


DEPARDIEU


Morgan Stanley reduz previsão de crescimento global


Morgan Stanley reduz previsão de crescimento global


LONDRES - O Morgan Stanley reduziu as previsões de crescimento global em 2011 e 2012, dizendo que os Estados Unidos e a zona do euro estão "perigosamente perto de uma recessão" e criticando as autoridades de Washington e da Europa por não agirem de forma mais decisiva para conter a crise de dívida pública. O banco cortou de 4,2% para 3,9% a estimativa para a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) global em 2011, e a taxa projetada para 2012 baixou de 4,5% para 3,8%.


- Nossas previsões revisadas mostram os EUA e a zona do euro perigosamente perto de uma recessão - definida como dois trimestres consecutivos de contração - nos próximos seis a 12 meses - disse Joachim Fels, vice-diretor da equipe global de economia do Morgan Stanley, em comunicado divulgado nesta quarta-feira, junto com a pesquisa.

Ele observou, porém, que o setor corporativo ainda parece saudável e que a inflação mais baixa aliviará a pressão sobre o bolso do consumidor, mas que bancos centrais como o Federal Reserve e o Banco Central Europeu (BCE) podem tentar afrouxar mais a política monetária.

O crescimento das economias emergentes cairá de 7,8% em 2010 para 6,4% neste ano, estimou Fels.