sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Literatura piauiense no Tocantins




Elmar Carvalho


A convite do secretário da Educação do Tocantins, Assis Brasil, Reginaldo Miranda da Silva, presidente da Academia Piauiense de Letras, e este diarista proferimos palestra em Palmas, na tarde do dia 29 de julho. O titular da pasta, o notável poeta Danilo Melo, é um velho amigo de lutas literárias, desde os tempos do jornal Inovação, época em que ele editou o tabloide cultural Litoral News, que bem merecia uma edição faquissimilada, em formato de livro, enfeixando seus vários números. Em sua rápida e ascendente carreira, foi secretário da Cultura do município de Parnaíba, da Educação de Palmas, durante seis anos, e agora é o secretário estadual da Educação. Segundo as informações de que disponho, exerceu esses cargos com dinamismo, competência e probidade.

Fomos participar da Feira Literária Internacional do Tocantins – FLIT, que na versão deste ano homenageou o escritor Juarez Moreira Filho, nascido em Ribeiro Gonçalves – PI. O auditório da FLIT também ostentava o seu nome. Deu-nos total atenção e assistência, durante todo o tempo em que estivemos no evento. Presenteou-nos com livros de sua autoria, e enviou alguns para os acadêmicos Humberto Guimarães e Palha Dias. A Feira foi arrojada e de vasta programação. Houve palestra de escritores famosos, em nível nacional e internacional. Houve, ainda, mesas redondas, oficinas, apresentações musicais e de violeiros, além de performances e exposição de livros. Entretivemos conversa com os escritores Odir Rocha, Osmar Casagrande, Mário Ribeiro Martins, todos membros da Academia Tocantinense de Letras, que nos presentearam com livros de sua autoria. Tivemos boa recepção e acolhida, graças à equipe da Secretaria da Educação, de que fazia parte Adriana Dias, nosso contato em Palmas.

Assis Brasil falou sobre literatura e ecologia. Embora ele seja muito contido em conversa e não seja dado a rasgos de oratória, avesso a frases bombásticas e de efeito, sem voz tonitruante e vibrátil, e refratário a performáticas gesticulações, pode ser considerado um mestre na arte da conferência, e sabe usar o microfone com eficácia, de modo que a sua voz, de pouca extensão, ganha corpo, textura, timbres e ritmo, que captam a atenção do ouvinte. Sem nada levar nas mãos – nem livros e nem anotações – proferiu a sua palestra como se estivesse lendo um texto, ou como se estivesse “atuado”. Não titubeou, não gaguejou e nem precisou retificar afirmações no decorrer de sua fala. Citou datas, lugares, nomes de autores, sem equívocos e sem dubitações, apesar de sua conferência haver sido rica em detalhes e novidades, e em informações polêmicas e ousadas, que passavam ao largo das trivialidades ecológicas. Em suma: era senhor de seu tema.

Eu e o Reginaldo Miranda discorremos sobre literatura piauiense. O Reginaldo, por ser eminentemente historiador, abordou com proficiência o início da educação no Piauí, os primeiros textos informativos, de caráter descritivo e historiográfico, bem como teceu considerações sobre alguns de nossos primeiros poetas e escritores. Também falou sobre a fundação da Academia Piauiense de Letras. Fiz uma síntese de nossa literatura. Expliquei os gêneros mais praticados por nossos escritores. Discorri sobre como e quando o modernismo chegou ao Piauí. Recitei de cor, para ilustrar minha conversa, rutilantes versos de Da Costa e Silva e Mário Faustino. E acredito ser esta a maior homenagem que se pode prestar a um poeta, vivo ou morto.

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