terça-feira, 23 de agosto de 2011

Rebeldes entram na casa de Khadafi no complexo de Bab al-Aziziya


NATO continua a sobrevoar a capital líbia
Rebeldes entram na casa de Khadafi no complexo de Bab al-Aziziya

23.08.2011 - 10:20 Por Dulce Furtado, Isabel Gorjão Santos



Colunas de fumo são visíveis nos céus de Trípoli Colunas de fumo são visíveis nos céus de Trípoli (Foto: Louafi Larbi/Reuters)

Rebeldes líbios conseguiram entrar no complexo militar de Bab al-Aziziya, no centro de Trípoli, e tiveram acesso à casa de Muhammar Khadafi, mas não encontraram vestígios do coronel. Os combates em Trípoli estão hoje a viver as horas mais intensas desde o início da ofensiva da rebelião sobre a capital, no sábado.


Os rebeldes conseguiram forçar uma das entradas do complexo, adiantou a Reuters. Os jornalistas da agência britânica em Trípoli contaram que houve disparos para o ar para celebrar a chegada ao interior de Bab al-Aziziya e que incialmente houve uma breve resistência por parte das forças de Khadafi.

Um dos rebeldes, o coronel Ahmed Omar Bani, porta-voz militar da rebelião, confirmou à AFP a entrada no complexo. "As nossas forças entraram em Bab al-Aziziya, assumimos o controlo de uma das entradas". Segundo a estação de televisão Al-Jazira, os rebeldes já conseguiram aceder à casa de Khadafi dentro do complexo militar. Mas debaixo daquelas instalações existem vários túneis e a conquista do complexo poderá transformar-se "num jogo do gato e do rato", adiantou a BBC.

Pouco depois, os rebeldes anunciaram que tinham assumido inteiramente o controlo do complexo, mas que não foram encontrados vestígios de Khadafi. "Bab al-Aziziya está inteiramente sob nosso controlo, o coronel Khadafi e os seus filhos não estão aqui", disse à AFP Ahmed Omar Bani. "Ninguém sabe onde estão".

O canal árabe Al-Arabiya tinha relatado antes que "os revolucionários" – termo que ao longo dos últimos dias tem vindo a ser usado em substituição de "rebeldes" – tinham já conseguido passar a primeira linha de defesa fortificada do complexo. Um par de horas antes era reportado que a rebelião estava a "tentar entrar através do Portão Velho, do lado ocidental" do complexo. "E se tiverem sucesso os combates vão mover-se para dentro da fortificação", avaliava então um dos rebeldes líbios em Trípoli, identificado como Muftah Ahmad Othman pela Al-Arabiya.

As agências noticiosas têm vindo a dar conta ao longo da manhã de um endurecer dos combates em redor de Bab al-Aziziya e do hotel Rixos. E a Sky News avançou mesmo que se vê uma enorme coluna de fumo a erguer-se do complexo militar, depois de um raide aéreo da NATO.

Tanto as forças rebeldes como as leais ao regime de Muammar Khadafi afirmam desde ontem ter Trípoli sob seu controlo, mas os poucos testemunhos que chegam da cidade dão conta de uma batalha que é travada bairro a bairro, em combates que se fazem de forma estanque, com algumas ruas controladas por uma facção e outras nas mãos da outra.

“Falámos com residentes ontem à noite que acolheram a chegada dos rebeldes e dizem ter-se juntado à rebelião, e que estão a defender os seus bairros. O que parece é que estão apenas a defender a sua rua, o seu quarteirão, barricando-se lá dentro, com as suas armas, mas não controlam verdadeiramente nada mais do que a rua em que vivem”, relatava o correspondente da BBC Rupert Wingfield, que se encontrava na noite de ontem na capital líbia.

O jornalista descreve o que se passa em Trípoli como “uma batalha dividida em inúmeras frentes, uma em cada bairro, onde os residentes ora apoiam um lado ora outro”. Segundo Wingfield, os apoiantes do regime “controlam claramente grandes e importantes bairros na cidade e estão mais bem armados e melhor coordenados do que os rebeldes". "E não há dúvidas de que estão unidades muito bem equipadas a defender a área em volta do complexo de Khadafi [de Bab al-Aziziya] e do hotel Rixos, no centro”, avançou ainda.

Um forte explosão seguida por intensos disparos de artilharia foi ouvida pelas 11h00 (locais, menos uma hora em Lisboa) nas proximidades de Bab al-Aziziya e do Rixos – onde se encontram alojados cerca de 30 jornalistas estrangeiros, impedidos de sair para o exterior, e cuja área está cercada por combatentes leais ao regime.

O porta-voz da NATO Roland Lavoie corroborou já esta manhã a ideia de que “é muito difícil” determinar que áreas permanecem sob o controlo das forças do regime na capital. “Cada um dos lados reclama vitórias e claro que a exactidão [da informação] é a primeira vítima no conflito, porque somos bombardeados com informação”.

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