terça-feira, 1 de novembro de 2011

Bico de pena de R. S.



CENTENÀRIO de Odysséas Elytis

Abro a minha boca e o mar se regozija
E leva as minhas palavras a suas escuras grutas
E às suas focas pequenas as murmura
Nas noites em que choram os tormentos do homem.

Abro as minhas veias e enrubram-se os meus sonhos
Transformam-se em arcos para os bairros dos meninos
E em lençóis para as raparigas que velam
Para ouvir às ocultas os prodígios do amor.

Aturde-me a madressilva e desço ao meu jardim
E enterro os cadáveres dos meus mortos secretos
E às estrelas traídas que eram suas
Corto o cordão dourado pra caírem no abismo

O ferro enferruja e eu castigo o seu século
Eu que já experimentei a dor de mil pontas
Com violetas e narcisos a nova
Faca vou preparar que convém aos Heróis.

Desnudo o meu peito e os ventos se desatam
E vão varrer as ruínas e as almas destruídas
Das espessas nuvens limpam a terra
Pra que surjam à luz os Prados encantados.


Tradução de Manuel Resende.
Odysséas Elytis (Οδυσσέας Ελύτης), pseudônimo de Odysseas Alepoudelis, nasceu em Iráklio, na ilha de Creta no dia 2 de Novembro de 1911. Faleceu no dia 18 de Março de 1996. Prémio Nobel em 1979

 Tradução de Manuel Resende.
Odysséas Elytis (Οδυσσέας Ελύτης), pseudônimo de Odysseas Alepoudelis, nasceu em Iráklio, na ilha de Creta no dia 2 de Novembro de 1911. Faleceu no dia 18 de Março de 1996. Prémio Nobel em 1979

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