terça-feira, 8 de novembro de 2011

OTAVIO IANNI

OTAVIO IANNI

Rogel Samuel


         Eu soube em 2004 do falecimento de Otávio Ianni por meio de telefonema de Renan Freitas Pinto. Renan foi seu aluno e amigo. Escreveu uma tese sobre Florestan Fernandes, que deve ser publicada. Orientada por Ianni.
         Creio que fui um dos primeiros a anunciar a perda.
E um dos poucos. Até o momento em que escrevo, não li nada escrito na grande imprensa a respeito.  No dia que anunciei, dois dias depois da morte, não encontrei nenhuma notícia que me confirmasse o fato. Temi estar divulgando uma notícia errada, uma mentira. Tive vontade de telefonar de novo para o Renan, pedindo maiores detalhes.
         No dia seguinte, encontrei uma notícia. No site do MST, o Movimento dos sem Terra. Aí compreendi tudo. Um muro de  silêncio cercou o caso. 
         Logo após li notícia vinda de Cuba (!), de Havana, a 5 de abril. De um jornal de lá. O título dizia: «Morre um dos maiores sociólogos brasileiros».
         Curioso como o obituário é revelador. Certa vez, num mesmo dia, morria Henriqueta Lisboa e Orson Welles. A morte de Welles saía na primeira página do jornal. A de Henriqueta era apenas uma nota paga no obituário.
         E não é uma questão ideológica. A morte de Pedro Calmon, tido como homem da elite conservadora (o que não concordo, pois o conheci), não ocupou nenhuma manchete. Ficou no obituário.
         Não conheci pessoalmente Otávio Ianni.
         Ele faleceu no dia 4 de abril, aos 77 anos. Era professor emérito da Universidade de São Paulo. Foi sepultado na cidade de Itú.
Professor em várias universidades brasileiras e no exterior, no México, Estados Unidos, Espanha e Itália. Nos últimos anos orientava seus alunos e pesquisadores no Instituto de Filosofia e Ciência Humana da Universidade de Campinas.

Ele sofria de leucemia havia algum tempo e finalmente estava internado no hospital Albert Einstein.
Além de professor aposentado da Universidade de São Paulo (USP), foi professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), docente visitante da Universidade de Columbia, em Nova York. Teve os direitos políticos cassados pelo regime militar em 1969, quando passou a dar aulas no Exterior. Voltou ao Brasil em 1977, tornou-se professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Era marxista. Estudou na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde foi discípulo de Florestan Fernandes.
Escreve muitos trabalhos, entre os quais: Homem e Sociedade (1961). Metamorfoses do Escravo (1962); Industrialização e Desenvolvimento Social no Brasil (1963); Política e Revolução Social no Brasil (1965); Estado e Capitalismo no Brasil (1965); O Colapso do Populismo no Brasil (1968); A Formação do Estado Populista na América Latina (1975); Imperialismo e Cultura (1976); Escravidão e Racismo (1978); A Ditadura do Grande Capital (1981); Revolução e Cultura (1983); Classe e Nação (1986); Dialética e Capitalismo (1987); Ensaios de Sociologia da Cultura (1991); e a Sociedade Global.

Nenhum comentário: