segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
BUDDHAM SARENAM GACHAMI
BUDDHAÁM, SARENÁM, GATCHÁMI
DHAMMÁM, SARENÁM, GATCHÁMI
SANGHÁM, SARENÁM, GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI BUDDHÁM, SARENÁM, GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI DHAMMÁM, SARENÁM GATCHÁMI
DUTIYÁM, PI SANGHÁM, SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI BUDDHÁM, SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI DHAMMÁM, SARENÁM GATCHÁMI
TATIYÁM, PI SANGHÁM, SARENÁM GATCHÁMI
Eu me refugio no Buda, no Dharma e na Sangha ... PELA SEGUNDA VEZ .... PELA TERCEIRA VEZ... (LÍNGUA pÂLI)
TRADUÇÃO COMPLETA EM PORTUGUÊS NO NOSSO BLOG
http://cursodebudismo.blogspot.com/search/label/GRANDE%20LIVRO%20DAS%20PROTE%C3%87%C3%95ES
sábado, 28 de janeiro de 2012
Passages de Paris n° 6
Passages de Paris n° 6
http://www.apebfr.org/passagesdeparis
Caros amigos,
A Comissao de Redaçao de Passages de Paris,
revista eletrônica da Associação dos Pesquisadores e Estudantes
Brasileiros na França
(APEB-FR), tem o prazer de anunciar que seu numero 6 ja esta disponivel no link abaixo:
(APEB-FR), tem o prazer de anunciar que seu numero 6 ja esta disponivel no link abaixo:
Na expectativa sua atençao, desejamos a todos boa leitura.
Eliana Bueno-Ribeiro (Editora)
(LEIA, NAS "REVISÕES", ARTIGO SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS" DE R. SAMUEL).
(LEIA, NAS "REVISÕES", ARTIGO SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS" DE R. SAMUEL).
sexta-feira, 27 de janeiro de 2012
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
A falência dos velhos prédios
A falência dos velhos prédios
Rogel Samuel
Há muitos anos – mais de 10 – li uma matéria de jornal em que um engenheiro dizia que os altos edifícios antigos não tinham sido construídos para suportar o trepidar do tráfego pesado que passa em sua porta, e que possivelmente um dia iriam ruir por falência múltipla de suas estruturas abaladas.
Ele se referia à av. Copacabana: “E como todos aqueles prédios foram construídos mais ou menos numa mesma época, todos vão desabar juntos, de uma só vez”.
Eu nunca me esqueci dessa sinistra previsão. Mas sempre que passa um ônibus ou caminhão pesado pelos buracos da rua, sinto os prédios estremecerem perigosamente.
Depois de 30 anos, que acontecerá?
Rogel Samuel
Há muitos anos – mais de 10 – li uma matéria de jornal em que um engenheiro dizia que os altos edifícios antigos não tinham sido construídos para suportar o trepidar do tráfego pesado que passa em sua porta, e que possivelmente um dia iriam ruir por falência múltipla de suas estruturas abaladas.
Ele se referia à av. Copacabana: “E como todos aqueles prédios foram construídos mais ou menos numa mesma época, todos vão desabar juntos, de uma só vez”.
Eu nunca me esqueci dessa sinistra previsão. Mas sempre que passa um ônibus ou caminhão pesado pelos buracos da rua, sinto os prédios estremecerem perigosamente.
Depois de 30 anos, que acontecerá?
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
CRÔNICA ANTIGA
Onde andará o poema?
Rogel Samuel
Estou numa Lan-house, um pouco quente, e vim ao blog para dar conta de uma coisa: minha postagem diária.
Rubem Braga produzia suas melhores crônicas quando não tinha assunto. Ele era o mestre. Um dia entrou pela manhã, bêbado, na nossa faculdade de letras. Entrou na biblioteca, falava alto.
- Vocês têm meus livros? gritou.
Ivete, a diretora da Biblioteca, mandou que os serventes expulsassem aquele bêbado.
- Mas é o Rubem Braga, dissemos.
E fizemos uma roda em torno dele e ele falou de sua vida particular, íntima, desabafou, quase chorou, contou coisas que não se podem publicar.
Quando eu o chamei de Embaixador, ele se irritou. Ele tinha sido Embaixador do Brasil, recente.
No fim apaixonou-se por nossa colega e minha amiga até hoje, Maria Alice Capucci, que é uma loura belíssima.
Escreveu um poema para ela. Onde andará o poema?
Rogel Samuel
Estou numa Lan-house, um pouco quente, e vim ao blog para dar conta de uma coisa: minha postagem diária.
Rubem Braga produzia suas melhores crônicas quando não tinha assunto. Ele era o mestre. Um dia entrou pela manhã, bêbado, na nossa faculdade de letras. Entrou na biblioteca, falava alto.
- Vocês têm meus livros? gritou.
Ivete, a diretora da Biblioteca, mandou que os serventes expulsassem aquele bêbado.
- Mas é o Rubem Braga, dissemos.
E fizemos uma roda em torno dele e ele falou de sua vida particular, íntima, desabafou, quase chorou, contou coisas que não se podem publicar.
Quando eu o chamei de Embaixador, ele se irritou. Ele tinha sido Embaixador do Brasil, recente.
No fim apaixonou-se por nossa colega e minha amiga até hoje, Maria Alice Capucci, que é uma loura belíssima.
Escreveu um poema para ela. Onde andará o poema?
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
BOM HUMOR
DUGPA
RINPOCHÊ -
Não rejeites o bom humor. Ele impede o envelhecimento do corpo e do coração. Sem humor, a felicidade não dá frutos. É como uma árvore sem pássaros que está virada para o inverno.
Não rejeites o bom humor. Ele impede o envelhecimento do corpo e do coração. Sem humor, a felicidade não dá frutos. É como uma árvore sem pássaros que está virada para o inverno.
segunda-feira, 23 de janeiro de 2012
A ALEGRIA
A vida afirma-se numa alegria constante que reconcilia os adversários, aproxima os amantes, os amigos, numa mesma liberdade. A alegria é um estado de perfeita aceitação, de renúncia a si próprio e de abandono aos outros. Encontramo-nos de repente cheios, para além dos nossos próprios limites humanos.
domingo, 22 de janeiro de 2012
Para Annie
Para
Annie
não, eu não quero mais
contracenar com a tua morte
não quero estar para sempre a ensaiar
o teu lado mortal
agora eu quero a vida
o vazio da paz mental
o abrir para um novo silêncio
de flores de mares sem lamentações
sem adeuses sem tristeza
um novo estado de voz
de minha voz cansada
de cantar no vazio deserto
(minha amiga Annie Giraud sucidou-se em Paris em 2008)
não, eu não quero mais
contracenar com a tua morte
não quero estar para sempre a ensaiar
o teu lado mortal
agora eu quero a vida
o vazio da paz mental
o abrir para um novo silêncio
de flores de mares sem lamentações
sem adeuses sem tristeza
um novo estado de voz
de minha voz cansada
de cantar no vazio deserto
(minha amiga Annie Giraud sucidou-se em Paris em 2008)
sábado, 21 de janeiro de 2012
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
POEMA
era o parque o ser o nada
era o monstro da montanha
era tudo o abandonado
o castelo no ar o aliado
era o canavial incontrolável
a lente de todos os saberes
o morredouro das gentes
o sorvedouro do ser
era o risco a mágoa a nuvem
as estreitezas o ver
mas tinha o que eu mais amava
o sonho a fantasia o crer
Rogel Samuel
era o monstro da montanha
era tudo o abandonado
o castelo no ar o aliado
era o canavial incontrolável
a lente de todos os saberes
o morredouro das gentes
o sorvedouro do ser
era o risco a mágoa a nuvem
as estreitezas o ver
mas tinha o que eu mais amava
o sonho a fantasia o crer
Rogel Samuel
Sayd Bahodine Majrouh (Afeganistão, 1928-1988)
um libelo contra a repressão
"landays" de exílio e de amor
Meus amigos, qual dos dois escolher?
Luto e exílio chegaram juntos a minha casa.
É Primavera, aqui as folhas crescem nos ramos
Mas no meu país as árvores perderam a ramagem sob o
[granizo das balas inimigas
Adormece em meus olhos
A insónia das minhas noites reduziu-me a pó
Poisa a tua boca na minha
Mas deixa a minha língua livre para falar de amor
Vem, amor, deixa-me abraçar-te
Eu sou a frágil hera que o Outono em breve levará
Esta mulher exilada não pára de morrer
Voltai-lhe o rosto para a terra natal, para que ela exale o seu último suspiro
Sayd Bahodine Majrouh, A voz secreta das mulheres afegãs - versão de Ana Hatherly,
Notas:
"Até agora desconhecidos do mundo, os “landays” das mulheres afegãs, aparentemente gritos sem sentido, escondem afinal uma linguagem secreta feminina que serve para expressar discursos de ódio, amor, erotismo ou escárnio. São vozes secretas proferidas à revelia e dirigidas aos homens e à cultura masculina dominante.
Sayd Bahodine Majrouh, poeta e profundo conhecedor das formas de arte e de poesia do seu país, o Afeganistão, recolheu estes cantos".
Sayd Bahodine Majrouh, poeta e profundo conhecedor das formas de arte e de poesia do seu país, o Afeganistão, recolheu estes cantos".
Sayd Bahodine Majrouh |
BIOGRAFIA |
Sayd Bahodine Majrouh nascido em 12 de Fevereiro de 1928, foi assassinado a 11 de Fevereiro de 1988 em Peshawar, no Paquistão. Doutor em Filosofia pela Universidade de Montpellier, decano da Faculdade de Letras de Kabul, foi também governador da província de Kapiça. Após a invasão soviética do Afeganistão, exilou-se no Paquistão onde fundou o Centro Afegão de Informação, que difundiu no mundo inteiro reportagens e análises sobre a resistência. |
(Enviado por Amélia Pais)
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
PREGUINHO, FILHO DE COELHO NETO, É O ATLETA DO SÉCULO
Autor do primeiro gol brasileiro em Copas do Mundo, João Coelho Neto, o Preguinho, ganhou 357 medalhas pelo clube carioca
Esqueça a história recente do tricolor das laranjeiras. E esqueça tudo que você conhece sobre ser um esportista vitorioso e completo. O maior atleta da história do Fluminense existiu quando o futebol ainda era praticado amadoramente no Brasil. João Coelho Neto nasceu em 1905, no Rio de Janeiro, na mesma casa da Rua das Laranjeiras que morou a vida toda. Filho do escritor Coelho Neto e com 13 irmãos, filiou-se ao Fluminense Football Club em 1916, onde, incentivado pelo pai, começou a vida de esportista. Jogado na água durante uma aula de natação, afundou como um prego, apelido que o perseguiria por toda a vida no diminutivo. Dedicou 33 anos de sua vida ao esporte pelo clube das laranjeiras, sempre na condição de amador.
Aos 18 anos, foi artilheiro do campeonato carioca de 1923 com 12 gols pelo Fluminense, onde jogou a vida toda. Seria também artilheiro dos campeonatos de 1928 (16 gols) e em 1932 (13 gols), e artilheito do clube em 1929 (9 gols), 1930 (20 gols) e 1931 (10 gols). Campeão Brasileiro de amadores em 1931 e Carioca em 1933 e 1938. Na época do futebol profissional, conquistou o tri-campeonato carioca de 1936, 1937 e 1938.
Mas o que o torna o atleta mais completo do século são seus títulos pelo clube em diversos esportes. Alcançou a marca de 357 medalhas em dez modalidades: remo, volêi, basquete (marcou 48 pontos em seu jogo de estreia e é um dos maiores cestinhas da história do clube, com 711), polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, hockey, tênis de mesa, natação e futebol numa época onde atletas eram mitos. Em 1925 chegou ao ponto de disputar uma prova de natação de 600 metros na Praia do Botafogo, ser campeão, correr para chegar a tempo de disputar o jogo final contra o Sâo Cristovão e sagrar-se campeão da Primeira Divisão de futebol amador no mesmo dia.
Argeu Afonso, jornalista e historiador amigo de Preguinho por 40 anos, fala sobre as lendas a respeito do façanha. “Foi campeão carioca de natação, veio para o Estádio das Laranjeiras, pegou o jogo final, entrou no time e foi campeão. Seria mar e terra. A lenda é que uns dizem que ele veio da Praia de Botafogo para o Fluminense de táxi. Outros dizem que ele veio de bicicleta. E os mais fanáticos dizem que ele veio correndo, quer dizer, fez natação, veio correndo, e jogou futebol. Seria o máximo! Mas isso vai por conta da lenda”, conclui.
Preguinho entrou para a história do futebol brasileiro ao marcar o primeiro gol da Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Na estreia da seleção na derrota para a Iugoslávia por 2 x 1, na Copa do Mundo de 1930, disputada no Uruguai. No albúm oficial do torneio, descrição do gol do brasileiro: “Aos 17 minutos do segundo tempo, os brasileiros fizeram o primeiro gol da seguinte forma: o lateral-direito brasileiro ataca, chuta… Arsenievich põe para
escanteio! Pamplona cobra, Stefenovitch tira de cabeça. Quando se acreditava que a bola seria levada para o campo adversário, a bola foi conquistada por Fausto, que driblou Vouyadinovich, enviando a bola de forma altíssima para o arco yugoslavo. No preciso instante em que a bola caía, em frente ao gol saltaram à procura da bola Ickovitch e Prego. Este conseguiu mover violentamente a bola em um dos ângulos conquistando o gol!”.
Foi também o primeiro capitão e o primeiro artilheiro da seleção em Copas, com 3 gols.
O gol que Pelé não fez
Na semana que antecedeu o Fla x Flu de 1928, Preguinho recebe um telegrama do goleiro rubro-negro: “Amanhã não farás nenhum gol. Vai ser canja para o Flamengo. E a zero”. Preguinho encheu-se de raiva e prometeu a amigos que faria dois gols no clássico mais tradicional do futebol carioca. Aos dois minutos de jogo, acertou um “tijolo quente” (apelido de seu forte chute) de longa distância.
Aos dez minutos, numa confusão na área, se choca com Amado e sente que passou da bola. Testemunha ocular do feito e notável torcedor tricolor, Mário Lago descreveu o gol na revista Placar de julho de 1983. “A bola ia mesmo cair nas costas do Preguinho, mas ele nem se abalou. Tocou de calcanhar, com a maior categoria. Foi um gol de fazer inveja ao Sócrates. No fim, ganhamos de 4 x 1, com dois gols do nosso meia-esquerda”
Dois anos depois, na final do carioca de 1930 contra o Botafogo em 7 de dezembro, ele faria o gol que Pelé não fez. “Foi igual ao que Pelé tentou contra o goleiro Viktor, da Tchecoslováquia, na Copa de 70. O goleiro Germano lançou-lhe a bola na intermediária do Flu, Preguinho dominou-a, deu duas passadas e chutou forte, alto, por cobertura. Um gol que nenhum outro jogador conseguiu no mundo” disse Mário Lago em 1983. O jornalista Mário Filho apontou o lance como “um gol diabólico”.
FONTE: http://placar.abril.com.br/
Esqueça a história recente do tricolor das laranjeiras. E esqueça tudo que você conhece sobre ser um esportista vitorioso e completo. O maior atleta da história do Fluminense existiu quando o futebol ainda era praticado amadoramente no Brasil. João Coelho Neto nasceu em 1905, no Rio de Janeiro, na mesma casa da Rua das Laranjeiras que morou a vida toda. Filho do escritor Coelho Neto e com 13 irmãos, filiou-se ao Fluminense Football Club em 1916, onde, incentivado pelo pai, começou a vida de esportista. Jogado na água durante uma aula de natação, afundou como um prego, apelido que o perseguiria por toda a vida no diminutivo. Dedicou 33 anos de sua vida ao esporte pelo clube das laranjeiras, sempre na condição de amador.
Aos 18 anos, foi artilheiro do campeonato carioca de 1923 com 12 gols pelo Fluminense, onde jogou a vida toda. Seria também artilheiro dos campeonatos de 1928 (16 gols) e em 1932 (13 gols), e artilheito do clube em 1929 (9 gols), 1930 (20 gols) e 1931 (10 gols). Campeão Brasileiro de amadores em 1931 e Carioca em 1933 e 1938. Na época do futebol profissional, conquistou o tri-campeonato carioca de 1936, 1937 e 1938.
Mas o que o torna o atleta mais completo do século são seus títulos pelo clube em diversos esportes. Alcançou a marca de 357 medalhas em dez modalidades: remo, volêi, basquete (marcou 48 pontos em seu jogo de estreia e é um dos maiores cestinhas da história do clube, com 711), polo aquático, saltos ornamentais, atletismo, hockey, tênis de mesa, natação e futebol numa época onde atletas eram mitos. Em 1925 chegou ao ponto de disputar uma prova de natação de 600 metros na Praia do Botafogo, ser campeão, correr para chegar a tempo de disputar o jogo final contra o Sâo Cristovão e sagrar-se campeão da Primeira Divisão de futebol amador no mesmo dia.
Argeu Afonso, jornalista e historiador amigo de Preguinho por 40 anos, fala sobre as lendas a respeito do façanha. “Foi campeão carioca de natação, veio para o Estádio das Laranjeiras, pegou o jogo final, entrou no time e foi campeão. Seria mar e terra. A lenda é que uns dizem que ele veio da Praia de Botafogo para o Fluminense de táxi. Outros dizem que ele veio de bicicleta. E os mais fanáticos dizem que ele veio correndo, quer dizer, fez natação, veio correndo, e jogou futebol. Seria o máximo! Mas isso vai por conta da lenda”, conclui.
Preguinho entrou para a história do futebol brasileiro ao marcar o primeiro gol da Seleção Brasileira em Copas do Mundo. Na estreia da seleção na derrota para a Iugoslávia por 2 x 1, na Copa do Mundo de 1930, disputada no Uruguai. No albúm oficial do torneio, descrição do gol do brasileiro: “Aos 17 minutos do segundo tempo, os brasileiros fizeram o primeiro gol da seguinte forma: o lateral-direito brasileiro ataca, chuta… Arsenievich põe para
escanteio! Pamplona cobra, Stefenovitch tira de cabeça. Quando se acreditava que a bola seria levada para o campo adversário, a bola foi conquistada por Fausto, que driblou Vouyadinovich, enviando a bola de forma altíssima para o arco yugoslavo. No preciso instante em que a bola caía, em frente ao gol saltaram à procura da bola Ickovitch e Prego. Este conseguiu mover violentamente a bola em um dos ângulos conquistando o gol!”.
Foi também o primeiro capitão e o primeiro artilheiro da seleção em Copas, com 3 gols.
O gol que Pelé não fez
Na semana que antecedeu o Fla x Flu de 1928, Preguinho recebe um telegrama do goleiro rubro-negro: “Amanhã não farás nenhum gol. Vai ser canja para o Flamengo. E a zero”. Preguinho encheu-se de raiva e prometeu a amigos que faria dois gols no clássico mais tradicional do futebol carioca. Aos dois minutos de jogo, acertou um “tijolo quente” (apelido de seu forte chute) de longa distância.
Aos dez minutos, numa confusão na área, se choca com Amado e sente que passou da bola. Testemunha ocular do feito e notável torcedor tricolor, Mário Lago descreveu o gol na revista Placar de julho de 1983. “A bola ia mesmo cair nas costas do Preguinho, mas ele nem se abalou. Tocou de calcanhar, com a maior categoria. Foi um gol de fazer inveja ao Sócrates. No fim, ganhamos de 4 x 1, com dois gols do nosso meia-esquerda”
Dois anos depois, na final do carioca de 1930 contra o Botafogo em 7 de dezembro, ele faria o gol que Pelé não fez. “Foi igual ao que Pelé tentou contra o goleiro Viktor, da Tchecoslováquia, na Copa de 70. O goleiro Germano lançou-lhe a bola na intermediária do Flu, Preguinho dominou-a, deu duas passadas e chutou forte, alto, por cobertura. Um gol que nenhum outro jogador conseguiu no mundo” disse Mário Lago em 1983. O jornalista Mário Filho apontou o lance como “um gol diabólico”.
FONTE: http://placar.abril.com.br/
POEMA
Não posso reter os teus traços
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)
Rogel Samuel
Nem as notas de teu tema
Pois tua música se esquece
Como as vozes do poema
Da paixão, que mais um traço
Foi do azul de minha pena,
E quando te vir já será garço
O repique da tua cena
e o afastado abraço...
(oriunda onda a que cerca de aço
me levarão tuas algemas?)
Rogel Samuel
segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
NEUZA MACHADO - SOBRE "O AMANTE DAS AMAZONAS"
No entanto, se atento para os enclaves que superexcedem no todo deste romance em especial,
recupero uma terceira fase, autenticamente reveladora das imposições
respeitantes às inovadoras formas estruturais de narrar da pós-modernidade. No
capítulo sete, o arcabouço mítico desaparece para oferecer o espaço ao narrador
da fase final do século XX. O próprio título do capítulo já é por si uma
revelação peculiar: “SETE: DESAPARECE”. Quem
desaparece? Do desaparecido, falarei depois. Por ora, a palavra desaparece se projeta como um referente
(um sinal) de finalização da narrativa mítica e de nova mudança narrativa: do mítico para o plano da ficção-arte (a
anterior sinalizou a caminhada do histórico para o mítico). No capítulo
seguinte (capítulo Oito), há um “ponto” indefinido direcionando a mudança de
estilo narrativo, revelando a decadência da realidade sócio-substancial
amazonense, apresentada inicialmente pela maneira de narrar grandiosa da
linguagem histórico-lendária.
Contudo, ainda não me desenredei de Paxiúba. O
arcabouço mítico-ficcional diferenciado exige-me novas reflexões sobre este
poderoso personagem. Ele, neste momento em que o reflito, está vindo ao
encontro de Zilda, a “esposa do Laurie Costa,” (...) “lavadeira pessoal do
Palácio, das roupas brancas, exceto as lavadas em Lisboa”[i].
Ele está vindo também ao encontro de minhas reflexões teórico-críticas. Vejo-me
em expectativa: assim como a outra energética Zilda, a da mitologia germânica,
a poderosíssima guerreira da vitória, a guerreira de ferro, terei de vencê-lo
teoricamente e reflexivamente ─ pela razão, pelo conhecimento, pela ponderação
inovadora ─, terei de vencer suas guardas míticas e seus desafios existenciais.
Não posso deixar-me seduzir teluricamente pelo seu fabuloso porte, descomunal,
colocando-me em perigo diante das já insuficientes e, ainda, exigidas análises
significativas (dogmáticas), as quais estão aqui a digladiarem-se com as minhas
inferências fenomenológico-interpretativas.
Paxiúba surge no desenrolar ficcional pós-moderno como
personagem “cínico, atravessador”, anunciando que, mesmo possuidor de uma aura
mítica (que, pelo ponto de vista épico, deveria ser de autêntica pureza), ele
não será concebido como tal. Seu papel é o de “atravessador”, de intermediário entre as três dimensões da
efetiva ficção criativamente alterada: a sócio-substancial, a
mítico-substancial e a ficcional-arte. Desde o seu surgimento até ao final da
escrita rogeliana, ele atuará com desenvoltura nestes três planos da criação
literária. Seu poder será atuante. Pari
passu com o primeiro personagem-narrador, a sua importância se revelará
sempre ativada.
domingo, 15 de janeiro de 2012
Reflexões sobre a eleição na Academia Amazonense
Reflexões sobre a eleição na Academia Amazonense
Rogel Samuel
Houve ontem a posso da nova diretoria. A “oposição”
não compareceu.
Luta política na Academia é coisa muito antiga,
comum e esperada.
A primeira de que se tem notícia foi na eleição de
Mário de Alencar, protegido de Machado de Assis, na Academia Brasileira de
Letras.
A “panelinha” de Machado de Assis, unida ao Rio
Branco, derrotou o escritor Domingos Olímpio, autor do consagrado “Luzia-Homem”.
Voz discordante foi a de José Veríssimo, apesar de
ser intimamente ligado a Machado. É o que se lê em Brito Broca, “A vida
literária no Brasil – 1900”.
Votaram em Olímpio, também, o grupo dos boêmios:
Guimarães Passos, Artur Azevedo e Bilac.
A diferençã entre os dois candidatos era grande e a
injustiça flagrante e clamorosa. Não podia haver comparação: Domingos Olímpio um escritor nacionalmente
famoso, e Mário de Alencar apenas “um moço de talento”.
Houve protestos até nos Estados Unidos. O “Correio da Manhã” atacou a Academia,
culpando o Barão do Rio Branco que não se convencia de que Olímpio não tenha sido
o autor de uns editoriais em “A notícia” criticando a sua política do Acre. Em
carta a Frederico Abranches, Rio Branco refere-se a Domingos Olimpio como “capadócio,
capaz de perfídias e molecagens”. Alcindo Guanabara protestou na imprensa.
Muitos diziam que tudo era culpa de Olimpio não freqüentar
as “rodinhas literárias”.
Se Domingos Olímpio tivesse vivido um pouco mais,
talvez tivesse entrado na Academia. Mas morreu no ano seguinte, aos 56 anos.
E Mário de Alencar? Por que entrou na Academia tão jovem
em 1905, quando só tinha publicado uns livros inexpressivos: “Lágrimas”, (poesia, 1888); “Versos” (1092);
e “Ode cívica ao Brasil”, (poesia, 1903)?
Por
ser filho de José de Alencar?
Humberto
de Campos, no “Diário secreto”, diz que não: Mário de Alencar teria sido filho
ilegítimo de Machado de Assis.
Até hoje há brigas na Academia. Recentemente, um
acadêmico (dizem) atacou com um copo de vinho um seu colega...
Mas isso é outra estória.
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Reflexões sobre a eleição na Academia Amazonense
sábado, 14 de janeiro de 2012
O mundo da literatura “pop”
O mundo da literatura “pop”
Rogel Samuel
Os escritores brasileiros. Fui a uma famosa
livraria, em Ipanema. Rodei, fui e voltei, não vi nada que me interessasse. Eu
tinha um “vale” de compras. Nada. Acabei trazendo o caderno, onde escreverei uns
pobres textos. A época é do “pop”. Do nada. O livro como artigo “pop”. Naquela
loja os escritores brasileiros estavam postos nas estantes marginais, na
parede. Mas poucos. Só os mais (pop)ulares. Não nada a comprar, a me interessar. Ainda
bem. Dentro de uma década a grande maioria daqueles autores será esquecida. Pouco
restara da imensa massa de papel.
ARMADOS
Moradores do acampamento do Pinheirinho, localizado na zona sul de São José dos
Campos, aguardam com cães e armas improvisadas a reintegração de posse do local.
Segundo a prefeitura são pelo menos 1.600 famílias em situação irregular e que
já foram avisadas pela Justiça para deixar a área ocupada do Pinheirinho.
Algumas barreiras foram montadas pelo terreno. A ordem da juíza da 6ª Vara Cível
da cidade revoltou os moradores
TAO THE KING
O céu e a terra não são bondosos
Tratam os dez mil seres como cães de palha
O Homem Sagrado não é bondoso
Trata os homens como cães de palha
O espaço entre o céu e a terra assemelha-se a um fole
É um vazio que não distorce
Seu movimento é a contínua criação
O excesso de conhecimento conduz ao esgotamento
E não é melhor do que manter-se no centro
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
TAO THE KING
Trinta raios convergem ao vazio
do centro da roda
Através dessa não-existência
Existe a utilidade do veículo
A argila é trabalhada na forma de
vasos
Através da não-existência
Existe a utilidade do objeto
Portas e janelas são abertas na
construção da casa
Através da não-existência
Existe a utilidade da casa
Assim, da existência vem o valor
E da não-existência, a utilidade
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
TAO THE KING
O Caminho é o Vazio
E seu uso jamais o esgota
É imensuravelmente profundo e
amplo, como a raiz dos dez mil seres
Cegando o corte
Desatando o nó
Harmonizando-se à luz
Igualando-se à poeira
Límpido como a existência eterna
Não sei de quem sou filho
Venho de antes do Rei Celeste
BIENAL DO LIVRO DE MANAUS
TEXTO DA FONTE: http://catadordepapeis.blogspot.com/
"Não se trata de notícia sobre
qualquer das mais notórias exposições de livros no País. Trata-se, sim, dessa
que vai acontecer em Manaus, no período de 27 de abril a 7 de maio próximo.
Muito próximo.
O evento será patrocinado pelo
governo do Estado, e será realizado pela Secretaria de Cultura do Amazonas, sob
a direção de Robério Braga, que já executa vasto calendário de
eventos.
Será distribuído na Bienal aos
estudantes da rede pública 1 milhão em vale livro para aquisição de obras, assim
incentivando a leitura.A iniciativa espera contar com 60 expositores; 250.000 visitantes e ainda 50.000 alunos. Para tantos números, a área da exposição terá seis mil metros quadrados.
Nosso anseio é que esta Bienal também alcance a longevidade e a notoriedade das atualmente em curso no Brasil."
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
Atrás do obstáculo, encontra-se a liberdade: entrando pelo novo ano
(Quadro de Manet)
Atrás do obstáculo, encontra-se a liberdade: entrando
pelo novo ano
Rogel Samuel
O novo sempre é agradável de sentir, de viver, de
estar. Não é constituído de palavras. É algo vivo, pulsa, tem energia. Viajamos
no novo, entrando numa novidade. A nova ação produz as novas amizades, novas
cores, flores.
Disse Dugpa Rinpoche: “Volte os olhos para a
simplicidade natural do mundo”.
Dugpa Rinpochê é um escritor budista. Seus
preceitos são simples, claros, curtos, poéticos. Ele os escrevia em pedacinhos
de papel, meditava neles durante muito tempo, e depois os liberava, dava-os ao
visitante. Acompanhou o Dalai Lama na fuga deste do Tibet, na época da invasão
chinesa. Morou em Dharamsala, na Índia, e depois foi para Nagarkot, no Nepal, a
três mil metros de altitude, perto daquelas montanhas, o Annapurna, o Melung
Tse, o Everest.
Não deve ter
tido uma vida fácil. Deve ter perdido a família e pátria. Viu o sofrimento de milhares
de tibetanos. Talvez sua família tenha sido morta ou torturada, como tantas
outras, naquela terrível invasão. Mas não esqueceu a surpresa da novidade, a
alegria, o amor. Não deixou de ver o mundo e a vida como uma coisa nova e
bonita, com alegria, sem depressão. Faleceu em Dharamsala, em 1989. A vida não
é fácil, nunca é fácil. Mas sempre é uma coisa nova. E é muito curta para que a
possamos sofrer, para que a transformemos em tragédia. É fácil fazer da vida
uma tragédia. Difícil é o contrário, fazer dela uma alegria nova.
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Sei que estou fazendo pose, que estou fazendo
frases, que estou tecendo frases de efeito, frases de estilo. Mas vou ou
procuro entrar nesse novo ano com um espírito renovado, sem os aborrecimentos
do passado.
Podemos entrar no novo ano por um novo caminho
interior, bem diferente, sem os padecimentos do passado, deixando no velho o
peso morto.
Dugpa Rinpochê, “Quem deseja a sorte alcança-a
sempre. Não deprecie nunca os seus sonhos. Deve fazer um pacto com eles. Eles
são a nascente e a força inesgotável que levarão à vitória. Atrás do obstáculo,
encontra-se uma liberdade virginal, um horizonte mais vasto”.
Sei que estou lidando com frases. Mas, além das
frases, que mais existe?
TAO THE KING
CAPÍTULO 3
Não valorizando os tesouros,
mantém-se o povo alheio à disputa
Não enobrecendo a matéria de
difícil aquisição, mantém-se o povo alheio à cobiça
Não admirando o que é desejável,
mantém-se o coração alheio à desordem
O Homem Sagrado governa
Esvazia seu coração
Enche seu ventre
Enfraquece suas vontades
Robustece seus ossos
Mantém permanentemente o povo sem
conhecimentos e desejos
Faz com que os de conhecimento
não se encorajem e não ajam
Sendo assim
Nada fica sem governo
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Estou como gosto, relendo Chateaubriand
Estou como gosto, relendo Chateaubriand
Rogel Samuel
Depois de tanto, tanto tempo volto a Chateaubriand.
Desde o tempo de minha Mestra, Dra. Maria Luíza Sabóia, não ponho os olhos num
texto de “René”, aqui traduzido por Oscar Paes Leme como “Renato”, naquele
tempo líamos em francês, hoje prefiro a dura e doce língua de Camões, de
Garret, em que me expresso.
Eu sempre achei o estilo desse poeta em prosa o mais doce o mais sentimental prosador
francês.
Dizem que Alencar se inspirou em Chateaubriand, o
que é possível, pois todos nós que
escrevemos amamos imitá-lo.
TAO TE CHING
TAO TE CHING - Lao Tse - O Livro do Caminho - Tradução do
Mestre Wu Jyn Cherng
CAPÍTULO 1
O caminho que pode ser expresso não é o Caminho constante
O nome que pode ser enunciado não é o Nome constante
Sem-Nome é o princípio do céu e da terra
Com-Nome é a mãe de dez mil coisas
Assim, a constante não-aspiração é contemplar as Maravilhas
E a constante aspiração é contemplar o Orifício
Ambos são distintos em seus nomes mas têm a mesma origem
O comum entre os dois se chama Mistério
O Mistério dos Mistérios é o Portal para todas as Maravilhas
CAPÍTULO 2
Quando os seres sob o céu reconhecem o belo como belo
Então isso já se tornou um mal
E reconhecendo o bem como bem
Então já não seria um bem
A existência e a inexistência geram-se uma pela outra
O difícil e o fácil completam-se um ao outro
O longo e o curto estabelecem-se um pelo outro
O alto e o baixo inclinam-se um pelo outro
O som e a tonalidade são juntos um com o outro
O antes e o depois seguem-se um ao outro
Portanto
O Homem Sagrado realiza a obra pela não-ação
E pratica o ensinamento através da não-palavra
Os dez mil seres fazem, mas não para se realizar
Iniciam a realização mas não a possuem
Concluem a obra sem se apegar
E justamente por realizarem sem apego
Não passam
sábado, 7 de janeiro de 2012
JEREMIAS E OS MORTOS DA BAIXADA
JEREMIAS E OS MORTOS DA BAIXADA
(CRÔNICA ANTIGA)
Rogel Samuel
«Na sexta-feira, 1 de abril de 2005, chacinas no Rio podem ter matado 41 pessoas. Foi uma das madrugadas
mais sangrentas no Estado.» Noticiários
transformados em plantões policiais.
«A esperança mói.
A esperança dói.»
Escreveu Cassiano, em
«Jeremias sem chorar».
*
* *
Antes da queda do muro
de Berlin, estava eu em casa do Lothar, na Mendelsonstrasse, em Frankfurt. Via
tv todos os dias, fora estava frio. Comentei, para ele: «Não vejo notícias de
crimes, por aqui». Ele retrucou: «Não há, não. Uma associação de consumidores
impôs, em ação na Justiça, que não se divulgasse isso».
- Por quê? Perguntou o
senso comum brasileiro. Não fere a liberdade de imprensa?
- Não, disse ele. A
media tem de estar a serviço da população...
- Mas a população não
deve ser informada sobre o perigo?
- Não é o caso,
argumentou ele. Se há um assassino, ou uma quadrilha solta na cidade, não é meu
problema, mas da polícia, cabe à polícia prendê-lo. A polícia tem o dever
constitucional de proteger-me, e para tal é paga. Quanto à imprensa, não tem o
direito de aterrorizar-me.
Calei-me.
*
* *
Pareceu-me ter um ar
de abismo, não
obstante alva
e limpa como uma estrela-
*
* *
Cassiano Ricardo, dos
maiores poetas do Brasil. Sob certos aspectos, o maior de sua geração, na
técnica, na variação de sua poética, «renovando a poesia», disse Cabral. Sobre
ele, Oswaldino Marques escreveu o clássico da crítica literária brasileira: «O
laboratório poético de Cassiano Ricardo».
*
* *
Lembra Oswaldo Mariano
a observação de Mestre Alceu de que Archibald MacLeish escreveu que o poema
deveria ser um «globe fruit», integrado
no «pensamento planetário», na era cósmica. Por isso, diz o autor do prefácio,
no livro predomina «a esfericidade semântica», e a rima «esfera» e «espera». Ou
em «Os sobreviventes»:
Milhões de crianças
chorando
na noite esférica.
Por que choram?
Não são
elas que choram.
É o futuro.
*
* *
Escreveu
Archibald MacLeish:
Haverá pouca coisa a
esquecer:
o vôo dos corvos,
uma rua molhada,
o modo do vento soprar,
o nascer da lua, o por-do-sol,
três palavras que o mundo sabe,
pouca coisa a esquecer.
o vôo dos corvos,
uma rua molhada,
o modo do vento soprar,
o nascer da lua, o por-do-sol,
três palavras que o mundo sabe,
pouca coisa a esquecer.
*
* *
Em «Os que virão
depois», diz Cassiano:
que hoje usam máscaras
pra fingir de vivos
não os que poderiam
ter morrido esta noite
sob a chuva de sol
nuclear
mas os que acordarão
como pássaros
que anunciam o amanhe-
cer
sem nenhuma surprêsa
de ainda estarem
vivos
*
* *
É assim na tradução de
Bandeira.
É assim nos mortos da
Baixada.
*
* *
Sim, acordar. Como os
pássaros. Mas sem nenhuma surpresa acordaremos vivos, sem a esperança que dói.
O mundo que mais parece abismo, uma estrela branca, pairando no ar. Quando
morrer esquecerei de tudo, e todos me esquecerão. Haverá,
de pouca coisa a esquecer, quase nada: o fracos poucos versos que fiz, os
romance que construí, essas minhas crônicas. Pouca coisa. Três palavras que o
mundo sabe. Para mim, será bem mais difícil esquecer: meu amor fracassado,
minhas impossibilidades, meu caso perdido. Acordar, renascer? Não creio. Meus
olhos fechados sob a campa. Não verei nem o nascer da lua, nem o por-do-sol.
A chuva pinga, na argila rasa.
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