No entanto, se atento para os enclaves que superexcedem no todo deste romance em especial,
recupero uma terceira fase, autenticamente reveladora das imposições
respeitantes às inovadoras formas estruturais de narrar da pós-modernidade. No
capítulo sete, o arcabouço mítico desaparece para oferecer o espaço ao narrador
da fase final do século XX. O próprio título do capítulo já é por si uma
revelação peculiar: “SETE: DESAPARECE”. Quem
desaparece? Do desaparecido, falarei depois. Por ora, a palavra desaparece se projeta como um referente
(um sinal) de finalização da narrativa mítica e de nova mudança narrativa: do mítico para o plano da ficção-arte (a
anterior sinalizou a caminhada do histórico para o mítico). No capítulo
seguinte (capítulo Oito), há um “ponto” indefinido direcionando a mudança de
estilo narrativo, revelando a decadência da realidade sócio-substancial
amazonense, apresentada inicialmente pela maneira de narrar grandiosa da
linguagem histórico-lendária.
Contudo, ainda não me desenredei de Paxiúba. O
arcabouço mítico-ficcional diferenciado exige-me novas reflexões sobre este
poderoso personagem. Ele, neste momento em que o reflito, está vindo ao
encontro de Zilda, a “esposa do Laurie Costa,” (...) “lavadeira pessoal do
Palácio, das roupas brancas, exceto as lavadas em Lisboa”[i].
Ele está vindo também ao encontro de minhas reflexões teórico-críticas. Vejo-me
em expectativa: assim como a outra energética Zilda, a da mitologia germânica,
a poderosíssima guerreira da vitória, a guerreira de ferro, terei de vencê-lo
teoricamente e reflexivamente ─ pela razão, pelo conhecimento, pela ponderação
inovadora ─, terei de vencer suas guardas míticas e seus desafios existenciais.
Não posso deixar-me seduzir teluricamente pelo seu fabuloso porte, descomunal,
colocando-me em perigo diante das já insuficientes e, ainda, exigidas análises
significativas (dogmáticas), as quais estão aqui a digladiarem-se com as minhas
inferências fenomenológico-interpretativas.
Paxiúba surge no desenrolar ficcional pós-moderno como
personagem “cínico, atravessador”, anunciando que, mesmo possuidor de uma aura
mítica (que, pelo ponto de vista épico, deveria ser de autêntica pureza), ele
não será concebido como tal. Seu papel é o de “atravessador”, de intermediário entre as três dimensões da
efetiva ficção criativamente alterada: a sócio-substancial, a
mítico-substancial e a ficcional-arte. Desde o seu surgimento até ao final da
escrita rogeliana, ele atuará com desenvoltura nestes três planos da criação
literária. Seu poder será atuante. Pari
passu com o primeiro personagem-narrador, a sua importância se revelará
sempre ativada.
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