segunda-feira, 29 de abril de 2013

Miritiba de Humberto de Campos

Miritiba de Humberto de Campos












Miritiba de Humberto de Campos


Rogel Samuel



Humberto de Campos nasceu em Miritiba, hoje Humberto de Campos, Estado do Maranhão em 1886 e morreu em 1934 no Rio de Janeiro. Foi um escritor de sucesso. Começou do nada, como tipógrafo, escriturário, redator de jornal. Chegou à Academia, na sucessão de Emilio de Meneses. Era um sucesso. Quem não leu Humberto de Campos naquela época? Diz Assis Brasil: "“Tido e elogiado como um prosador admirável, a fase poética de Humberto de Campos, no começo de sua carreira (1904-1915), quando publicou os dois volumes De Poeira, enquadra-se numa fase de transição, a que alguns chamam de neoparnasiana, mas sem uma característica definida. Certo, o homem de sensibilidade que também sabia fazer versos, como alguns de seus contemporâneos.”
(apud Antonio Miranda).

Jornalista e político. Foi autodidada. Getúlio o admirava. Escreveu mais de 30 livros. Leiamos "MIRITIBA":



É o que me lembra: uma soturna vila

olhando um rio sem vapor nem ponte;

Na água salobra, a canoada em fila...

Grandes redes ao sol, mangais defronte...



De um lado e de outro, fecha-se o horizonte...

Duas ruas somente... a água tranqüila...

Botos no prea-mar... A igreja... A fonte

E as grandes dunas claras onde o sol cintila.



Eu, com seis anos, não reflito, ou penso.

Põem-me no barco mais veleiro, e, a bordo,

Minha mãe, pela noite, agita um lenço...



Ao vir do sol, a água do mar se alteia.

Range o mastro... Depois... só me recordo

Deste doido lutar por terra alheia!




O soneto é extraordinário. Descreve a sua "soturna vila" natal, o rio, a água salobra, as canoas, as redes de pescar, os mangais. Tudo síntese do quadro. O horizonte, duas ruas, a igreja, as grandes dunas ao sol. A criança parte com a mãe, que agita um lenço, entra o barco no mar, na vida, no grande mar da vida, na terra alheia.

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