terça-feira, 9 de abril de 2013
Sebastião Salgado captura natureza intacta em nova exibição em Londres
O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado considera os oito anos em que passou documentando as paisagens mais dramáticas do mundo e comunidades indígenas um preço pequeno a pagar por sua arte.
Sua mais recente exposição, "Gênesis", que começa em Londres em 11 de abril no Museu de História Natural, traz imagens marcantes monocromáticas de florestas tropicais exuberantes, geleiras gigantescas e pinguins da Antártica ao lado de tribos indígenas, como a brasileira Zo'é e a siberiana Nenets.
"Foi necessário levar oito anos para fotografar tudo isso", disse Salgado apontando para suas imagens cativantes de albatrozes, baleias e pinguins de uma viagem à Argentina e Antártica.
"Parece muito tempo, porque para nós, o tempo passa muito rápido e oito anos parece muito, mas não é na velocidade do planeta, na velocidade de natureza, não é nada, oito anos não é nada", afirmou ele.
A exposição é a terceira grande exploração de Salgado das questões globais, seguindo sua aclamada série "Trabalhadores e Migrações", que ele espera ajudar as pessoas a refletir sobre a natureza de uma forma diferente.
"Eu queria apresentar lugares que não foram tocados e que permanecem assim intactos até hoje. Eu quero que as pessoas vejam o nosso planeta de outra forma, sintam-se comovidas e se aproximem disso", afirmou.
"Eu tenho a esperança de que as pessoas que vêm para ver estas imagens, vão ver o nosso planeta e ver que temos uma natureza incrível e nós temos um planeta mineral incrível que é tão vivo como nós", acrescentou.
Salgado, que também é embaixador da Boa Vontade do Unicef, viajou para 32 países, incluindo a República Democrática do Congo, Equador e Madagascar, para ajudar a destacar o delicado equilíbrio das relações humanas com a natureza e a situação de algumas das comunidades indígenas do mundo.
Um dos últimos de uma geração de fotógrafos tradicionais que imprimem fotografias, Salgado, de 69 anos, considerou fácil a transição do filme para o digital, mas admite que ainda edita suas fotos à moda antiga, usando folhas de contato.
"Eu não sei como editar em um computador... eles fizeram folhas de contato para mim e eu fiz isso como sempre fiz a minha vida toda", disse ele.
"Eu não tenho Facebook, Twitter... Eu não sei como ligar um computador. Há outras coisas. Eu sou de uma geração que viu outras coisas. Eu realmente não faço parte disto. Ainda não. Provavelmente um dia eu farei", acrescentou ele.
Salgado não mostra sinais de diminuir o ritmo, apesar de sua idade, com uma agenda cheia de viagens ao Brasil, Sumatra, Nova Guiné e Tanzânia para vários projetos. Mas espera voltar à Grã-Bretanha para visitar a Escócia.
"Eu tenho um grande sonho, que é chegar ao norte da Escócia um dia e fotografar lá", disse Salgado.
"Foi provavelmente a luz mais bonita que eu já vi em toda a minha vida para preto e branco. As mudanças de luz. Os incríveis tons de cinza, os céus incríveis, as paisagens. Tenho uma esperança de um dia, se eu puder, vir fotografar a Escócia por um longo tempo, fazer algo na Escócia e usar meu tempo para beber um pouco de uísque escocês dos bons."
Mas, por enquanto, Salgado está satisfeito com suas conquistas.
"Toda a minha vida, eu tentei fazer minhas fotos, completamente em coerência com o meu modo de vida, com a minha ética, com as ideologias, e eu tive conforto, tirando minhas fotos."
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