sexta-feira, 19 de julho de 2013

Aluno com paralisia cerebral é finalista da Olimpíada Brasileira de Matemática

Aluno com paralisia cerebral é finalista da Olimpíada Brasileira de Matemática


Gabriela Lousada
Do UOL, em Santos (SP)                

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O estudante Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, está próximo de realizar a última etapa da 9ª Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), marcada para setembro. O aluno de Itanhaém, cidade no litoral sul de São Paulo, tem paralisia cerebral e a deficiência afeta a coordenação motora do menino, que possui capacidade intelectual igual a de outras crianças da mesma idade Arquivo pessoal
O estudante Arthur Gabriel dos Santos Dantas, de 11 anos, está próximo de realizar a última etapa da 9ª Obmep (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), marcada para setembro. O aluno de Itanhaém, cidade no litoral sul de São Paulo, se destaca não só por estar entre os finalistas, mas principalmente pelo exemplo de superação. Arthur tem paralisia cerebral e a deficiência afeta a coordenação motora do menino, que possui capacidade intelectual igual a de outras crianças da mesma idade.
Aluno da educação inclusiva na classe 6ªD do ensino fundamental na Escola Municipal Noêmia Salles Padovan, Arthur está entre os melhores da classe, motivo de orgulho para a mãe. "Se eu falo que estou muito orgulhosa é pouco. Foi um salto para ele ter passado na 2ª fase. Ele já é um campeão para mim. Não só na matemática, mas campeão da vida, de tudo. Ele é meu campeão", diz Valéria dos Santos Silva, 46.
A família reconhece a responsabilidade do estudante. "Meu filho é muito inteligente. Sabemos que não é fácil, mas ele está aí para provar que nada é impossível, basta acreditar. O exemplo dele serve de incentivo aos demais alunos. Agradeço às professoras que o inscreveram na Olimpíada. Elas não olharam a deficiência do meu Arthur e sim a capacidade dele", se emociona Valéria.
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Em 1994, no momento em que foi anestesiado para uma cirurgia nos olhos, Valdemir Pereira Corrêa enxergou pela última vez. Nasceu com glaucoma, mas "uma sucessão de erros médicos" em clínicas de Campinas (SP) e São Paulo lhe tirou definitivamente a visão, aos 24 anos. Após entrar em uma escola de surfe e redescobrir o prazer do aprendizado, Corrêa decidiu prestar vestibular para educação física e, aos 43 anos, formou-se pela Unisanta (Universidade Santa Cecília), em Santos (SP) Leia mais Francisco Arrais/Divulgação - Prefeitura de Santos
Arthur tem dificuldade para falar e, por isso, utiliza o computador portátil como extensão da sua voz. Recurso utilizado apenas às vezes pela mãe, que diz entender o que o filho quer com a pronúncia de algumas sílabas. "Sou a mãe, entendo meu filho, apesar dele só falar algumas palavras. Quando ele quer me contar como foi o dia na escola, usamos o notebook".
Embora seja bom com os números, o itanhaense já sabe o que vai querer para o futuro. Os mistérios e curiosidades que envolvem os planetas, as galáxias, o sistema solar e a lua ganham notoriedade na vida do garoto. "Quando o assunto é astronomia, os olhos do meu filho brilham. Ele até balbucia algumas palavras", conta a mãe.

Sem ajuda especial

Para executar as tarefas do dia a dia escolar, ele conta com o auxílio de um notebook (para expressar o que quer dizer) e da estagiária Marina Alves Carvalho Ferreira, responsável por acompanhar o desempenho do estudante durante as aulas. Mas todo o esforço -- reforça a mãe -- fica por conta dele. "A estagiária é como uma 2ª mãe para ele, sou muito grata a ela. A Marina na sala de aula funciona como um porta voz para o pequeno Arthur", diz Valéria.
"Ele é exemplo para os demais estudantes. É inteligente, engajado e adora estudar e não gosta de faltar à escola. Inclusive, quando tem consulta marcada e precisa sair mais cedo da unidade, ele fica nervoso", conta a estagiária.
A mãe explica que, apesar da deficiência, o aluno não sofre preconceito no ambiente escolar: "Todos o adoram e os amiguinhos e professores estão sempre ajudando. Ele é um menino especial, não pela deficiência, mas pela pessoa carinhosa que ele é. Está sempre sorrindo e feliz".
O aluno está sempre na companhia de Wesley Rodrigues, 11, o amigo inseparável. "Quando ele tem dificuldade eu o ajudo, mas grande parte do dia ele não precisa. Ele é muito inteligente". No intervalo das aulas, o passatempo predileto de Arthur é jogar damas e dominó. "Ele é bom com os números". Mas adverte: "Eu também ganho as partidas", brinca Wesley.

Fanático pelo Corinthians

As atividades diárias do Arthur não se resumem à escola. Neste mês de férias, além de repassar as matérias para a participação na Olimpíada de Matemática, o menino aproveita para brincar, torcer pelo time de coração e ver TV.
"Ele é fanático pelo Corinthians, adora futebol. Quando não está no computador conversando ou jogando no Facebook, ele está vendo desenho na televisão ou brincando. O Arthur aproveita as férias como os coleguinhas da classe", diz a mãe.
Além das brincadeiras, o finalista ainda tem na agenda sessões de terapia ocupacional, fisioterapia e natação. E o que Arthur tem a dizer sobre a participação dele na OBMEP? Letra por letra, ele vai formando a frase na tela do computador: "Gosto muito de estudar. Obrigado. Estou muito feliz".

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