quinta-feira, 11 de julho de 2013

Evento que debate, encena e lê a obra de Guimarães Rosa completa 25 anos

Grande Sertão

Evento que debate, encena e lê a obra de Guimarães Rosa completa 25 anos

Semana Roseana, realizada em Cordisburgo, cidade natal do escritor, tem caminhadas, palestras, saraus e encenações
por Vitor Nuzzi, da RBA                               
Semana Roseana, realizada em Cordisburgo, cidade natal do escritor, tem caminhadas, palestras, saraus e encenações
cc/kovadl
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Obra imortal de Guimarães Rosa é revivida ano a ano por admiradores e estudiosos no interior de Minas Gerais
São Paulo – A Semana Roseana, evento que discute e espalha a obra de Guimarães Rosa, começa amanhã (7), em Cordisburgo, pequena cidade mineira a 120 quilômetros de Belo Horizonte. É a 25ª edição. Até o dia 13, pesquisadores vão se unir a contadores de histórias, os chamados miguilins, em caminhadas, palestras, saraus, narrações, shows e encenações. Este ano, uma novidade é a exibição do documentário Sujeito Oculto na Rota do Grande Sertão, de Silvio Tendler, que aborda a viagem de dez dias do escritor pelo interior de Minas.
De 19 a 28 de maio de 1952, Guimarães Rosa acompanhou um grupo de boiadeiros em um percurso de 240 quilômetros. Com uma caderneta e lápis apontados dos dois lados, anotava cada detalhe, fazendo um sem-número de perguntas aos peões. Entre eles, estava Manuel Nardi, o Manuelzão, que se tornaria personagem da obra roseana.
Um dos pontos altos da semana é a caminhada eco-literária organizada no sábado (13). Numa fazenda próxima, os visitantes ouvem miguilins e cantadores. O tema deste ano é o conto O Duelo, do livro Sagarana., de 1946. Desta vez, haverá também uma caminhada “urbana”, pelas ruas da cidade de 9 mil habitantes, tendo como tema “a loucura na obra de Guimarães Rosa”. A saída, na terça-feira (9), será diante do Cemitério Municipal – onde um dos muros tem a inscrição: “As pessoas não morrem, ficam encantadas”. Uma das várias referências ao escritor espalhadas por Cordisburgo.
Desde 1974, o local onde o pai de Guimarães tinha uma vendinha de secos e molhados abriga o Museu Casa Guimarães Rosa, vinculado à Superintendência de Museus e Artes Visuais, da Secretaria de Estado da Cultura. Vinte anos atrás, formou-se a associação de amigos do museu, quando “a comunidade começa a se apropriar do espaço”, conforme lembra o diretor do museu, Ronaldo Alves de Oliveira. Em 1995, surge o Grupo Miguilim, com jovens contadores de histórias, iniciativa de Calina Guimarães, prima do escritor, que será homenageada no sábado, antes da caminhada. Criada em 1989, a semana traz ainda oficinas de produção de texto e bordado.
João Guimarães Rosa morreu em 19 de novembro de 1967, aos 59 anos, dias depois de tomar posse na Academia Brasileira de Letras. Com algum receio, havia adiado a posse durante quatro anos.


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