quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O misterioso desaparecimento de Agatha Christie

O misterioso desaparecimento de Agatha Christie 

 fonte:

http://www.portalentretextos.com.br/colunas/panorama/o-misterioso-desaparecimento-de-agatha-christie,216,7267.html

Dame Agatha Mary Clarissa Mallowan (Torquay, 15 de Setembro de 1890 — Wallingford, 12 de Janeiro de 1976), mundialmente conhecida como Agatha Christie, foi uma romancista policial britânica, autora de mais de oitenta livros. Seus livros são dos mais traduzidos de todo o planeta, superados apenas pela Bíblia e pelas obras de Shakespeare[1], com mais de 4 bilhões de cópias vendidas em diversas línguas.[2]

Conhecida como Duquesa da Morte, Rainha do Crime, dentre outros títulos, criou os famosos personagens Hercule Poirot, Miss Marple, Tommy e Tuppence Beresford e Parker Pyne, entre outros. Agatha Christie escreveu também sobre o pseudônimo de Mary Westmacott.

Agatha Mary Clarissa Miller nasceu em 15 de Setembro de 1890, na costa de Devon, na cidade de Torquay, sendo a terceira filha de um rico americano.[1]. Os seus livros venderam centenas de milhões de cópias em inglês, além de mais algumas centenas de milhões em línguas estrangeiras, totalizando mais de 4 bilhões. Ela é a autora mais publicada de todos os tempos em qualquer idioma, somente ultrapassada pela Bíblia e por Shakespeare. Ela é a autora de oitenta romances policiais e coleções de pequenas histórias, 19 peças e seis romances escritos sob o nome de Mary Westmacott. Agatha Christie foi pioneira ao fazer com que os desfechos de seus livros fossem extremamente impressionantes e inesperados, sendo praticamente impossível ao leitor descobrir quem é o assassino.[1]

Primeiros anos

O pai de Agatha, Frederick, era americano e passava a maior parte do tempo viajando, já a mãe, Clara, era uma mulher muito tímida, de quem Agatha herdou boa parte de sua personalidade. O casal tinha mais dois filhos, Madge e Monty, ambas mais velhas que a futura escritora[3]. Em 1896, mudou-se, junto à família para a França.[4] Embora Madge e Monty recebessem uma educação formal, a mãe decidiu que a filha mais nova deveria começar a estudar antes dos 8 anos, então com 5 anos de idade, Agatha já sabia ler, a partir de então, praticamente só foi educada em casa, tendo diversos tutores e professores particulares. Quando a filha tinha ainda 11 anos, o seu pai, Frederick, morreu, a partir de então Agatha começou a viajar para vários lugares do mundo junto com a mãe.[3]Aos 16 anos, foi para uma escola de aperfeiçoamento em Paris, onde se destacou como cantora e pianista.[1]

Conheceu o Coronel Archibald Christie, piloto do Corpo Real de Aviadores em 1912, e manteve com ele um romance tempestuoso, casaram-se em 24 de Dezembro de 1914.[3]Enquanto o marido esteve na Primeira Guerra Mundial, Agatha trabalhou em um hospital e em uma farmácia, funções que influenciaram seu trabalho: muitos dos assassinatos em seus livros foram cometidos com o uso de veneno.[1] Em 1919, teve com Archibald sua primeira, e única, filha, Rosalind, e em 1926, a mãe de Agatha, Clara, morreu, e naquele mesmo ano a autora se divorcia do marido e desaparece por vários dias.[3] A irmã mais velha de Agatha, Madge faleceu em 1923, já o irmão Monty, morreu em 1929.[4]

Início na literatura

Começou a escrever The Mysterious Affair at Styles em 1916, e o livro foi publicado em 1920 pela editora Bodley Head vendendo cerca de 2.000 cópias, após ser rejeitado por 6 editoras.[1] Em seguida vieram The Secret Adversary, The Murder on the Links, The Man in the Brown Suit, Poirot Investigates e The Secret of Chimneys. Mas o sucesso veio em 1926 com a publicação de The Murder of Roger Ackroyd, que vendeu 5.000 cópias.[1] O livro causou polêmica, pois Agatha contrariou as regras dos romances policiais.

Desaparecimento

Em 3 de Dezembro de 1926, seu marido Archie revela que está apaixonado por por outra mulher, Nancy Neele, e quer o divórcio, e então deixa a esposa, para passar um fim de semana com a amante e alguns amigos em Godalming, Surrey. Após chegar em casa e não encontrar o marido, Agatha abandonou a casa em Styles por volta das 21h45 daquela noite com uma pequena mala. Na manhã do dia 4 de Dezembro seu carro foi encontrado em um barranco no lago de Silent Pool em Newlands Corner, com os faróis acesos. Dentro do Morris Cowley verde foram deixados um casaco de pele, a sua mala e uma carteira de motorista vencida. O desaparecimento da autora se tornou notícia em Surrey quando a polícia local publicou um relatório de pessoas desaparecidas, e passou-se a oferecer £100 para quem tivesse qualquer informação sobre a autora. Aviões, mergulhadores e escoteiros buscavam por Agatha - ao todo a busca teve a ajuda de 15.000 voluntários.[5]

Várias informações foram acrescentadas à história do desaparecimento da autora, no livro The World of Agatha Christie. Martin Fido diz que na semana de seu desaparecimento Agatha deixou uma carta para Carlo Fisher, sua secretária pedindo para cancelar uma hospedagem em Yorkshire. Segundo Martin, a autora escreveu também uma carta ao marido fazendo-lhe duras críticas. Ainda no sábado, antes da descoberta do carro da autora, ela havia escrito uma carta a Campbell Christie, de Londres, dizendo que iria para Yorkshire, mas a carta foi perdida antes que Campbell pudesse lê-la. Uma nota também foi escrita para o vice-chefe de polícia de Surrey(ainda antes de encontrar-se o carro de Agatha), informando que Archie temia por sua segurança.[5]

Descoberta

Agatha Christie estava desaparecida há 11 dias, desde que seu carro havia sido encontrado no lago Silent Pool, e estava sendo procurada por aviões(foi a primeira vez que se usou aviões para buscar algum desaparecido na Inglaterra), quando a polícia soube que ela estava no Hydropathic Hotel (hoje Old Swan Hotel), em Harrogate. Agatha chegou lá de táxi no dia 4 de Dezembro levando consigo apenas uma mala.[5]

A autora estava hospedada sobre o nome de Teresa Neele (o mesmo sobrenome da amante de seu marido), e dizia ser da Cidade do Cabo, e explicou que era uma mãe de luto pela morte de seu filho. No hotel Agatha foi vista dançando, jogando bridge, fazendo palavras cruzadas e lendo jornais. Curiosamente, a autora deixou um anúncio no The Times dizendo que Teresa Neele procurava parentes e amigos da África do Sul, interessante ressaltar, que a irmã de Agatha, Madge, morreu em 1923, após voltar do país africano[4]. A autora foi reconhecida no hotel pelo músico Bob Sanders Tappin que reivindicou a recompensa de £100. Sanders disse que se dirigiu a autora como "Mrs. Christie" e que essa respondeu-lhe, mas disse que estava sofrendo de amnésia. Agatha foi encontrada pela polícia no dia 19 de Dezembro.[5]

Controvérsia

Várias teorias foram criadas para explicar o falso desaparecimento da autora, algumas pessoas defendem que o escândalo foi um golpe publicitário para aumentar a venda de seus livros (The Murder of Roger Ackroyd lançado semanas antes do desaparecimento, continuava na lista de best-sellers), outras que a intenção da autora era apenas se vingar de Archibald, simulando sua morte para que o marido fosse acusado de assassiná-la, e finalmente há os que dizem que a autora realmente sofreu um acidente de carro e perdeu a memória.[5]

Embora em seus livros autobiográficos não haja quase nenhuma informação sobre o episódio de seu desaparecimento, acredita-se que, em "O Retrato", publicado sob o nome de Mary Westmacott, Agatha conte muito da sua história através da personagem Celia, que pensa em suicídio após ser abandonada pelo marido.[5]

O segundo casamento e retorno à literatura

Em 1927 Agatha voltou a escrever, com a publicação de The Big Four, protagonizado por Hercule Poirot. Mesmo após o escândalo de seu desaparecimento, Agatha só se separou de Archibald em 1928, dois anos após o incidente. No outono do mesmo ano, o arqueólogo britânico Leonard Woolley convidou Agatha para o Oriente Médio, onde estava no comando de escavações em Ur. No ano seguinte Agatha voltou a Ur, onde conheceu o jovem assistente de Woolley, Max Mallowan (14 anos mais jovem que Agatha), com quem se casou em 1930. A autora manteve seu nome como Agatha Christie porque assim estava celebrizada entre os seus leitores, mas em sua vida particular era chamada de Mrs. Mallowan. Com o marido, Agatha viajou por todo o mundo, fazendo escavações e tomando conhecimentos sobre arqueologia, e escreveu um livro sobre a experiência, Come, Tell Me How You Live. O casamento com Mallowan duraria até a morte da escritora. Sua única filha, Rosalind casou-se no início da Segunda Guerra Mundial, e em 1943 teve um filho, Mathew Prichard, o único neto de Agatha Christie.[1]

Em 1934, Agatha alcança o auge de sua carreira, com um de seus livros mais famosos, Murder on the Orient Express, adaptado para o cinema, teatro e TV em incontáveis ocasiões, sendo a mais famosa delas a versão de 1974 do romance, que rendeu um Óscar a Ingrid Bergman, e três prêmios BAFTA. [6] Só no ano de lançamento do filme, o romance original vendeu 3 milhões de cópias. [7]

Últimos anos

Em 1971, Agatha tornou-se dama do império britânico. O último livro protagonizado por Hercule Poirot, Curtain (escrito nos anos 40), foi publicado em Dezembro de 1975, porque Agatha já não se sentia disposta a escrever. A autora veio a falecer 2 meses depois, em 12 de Janeiro de 1976, por conta de uma pneumonia. Encontra-se sepultada em St Mary Churchyard, Cholsey, Oxfordshire na Inglaterra.[8] Já o último livro de Miss Marple, Sleeping Murder (também escrito nos anos 40) foi publicado em Outubro de 1976. O marido Max Mallowan morreu em 1978.[1]

O Legado de Agatha

Ao contrário dos irmãos, Agatha nunca teve chance de frequentar a escola pública, e foi educada pela mãe, num ambiente quase recluso onde Agatha interessou-se pela música clássica e sonhava em ser cantora lírica. Agatha chegou até mesmo a estudar música em Paris. Em sua infância, também através da mãe, teve o primeiro contato com a literatura.[9]

Em seus 56 anos de carreira Agatha escreveu mais de 80 livros, fora as várias peças teatrais e adaptações cinematográficas e televisivas de suas obras, protagonizadas por Hercule Poirot, o detetive belga popularizado pelo uso de suas células cinzentas, e Miss Marple, a solteirona, que observando a natureza humana pode solucionar os mais obscuros mistérios.[1][9]

Referências

    ↑ a b c d e f g h i j k l Hercule Poirot Central Agatha's Life(em inglês). Página visitada em 5 de Abril de 2011
    ↑ Michael Fleming. Variety.Agatha Christie gets a clue for filmmakers Página visitada em 5 de Abril de 2011
    ↑ a b c d Agatha Christie Biography(em inglês). Página visitada em 27 de Novembro de 2011.
    ↑ a b c Agatha Christie Timeline Life Events(em inglês). Página visitada em 27 de Novembro de 2011.
    ↑ a b c d e f Hercule Poirot Central Agatha Christie's Disappear(em inglês).Página visitada em 5 de Abril de 2011
    ↑ a b IMDB Murder on the Orient Express(1974). Página visitada em 18 de Julho de 2011
    ↑ a b c d e f g h Hercule Poirot Central Facts and Trivia on Agatha Christie (em inglês). Página visitada em 1 de Maio de 2011
    ↑ Find a Grave Agatha Christie(em inglês). Página visitada em 18 de Julho de 2011
    ↑ a b c Scribd "Agatha". Página visitada em 20 de Abril de 2011
    ↑ a b c d The St. Martin's Theatre The Mousetrap(em inglês). Página visitada em 26 de Novembro de 2011.
    ↑ a b Agatha Christie World's Biggest Book(em inglês). Página visitada em 23 de Julho de 2011.

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