O poema XI do Tao Te Ching de Lao Tse recebeu várias traduções em português, geralmente vindas de outras traduções de alguma língua européia. A de Emmanuel Carneiro Leão diz:
Trinta raios rodeiam um eixo
mas é onde o raio não raia
que roda a roda.
Vaza-se a vasa e se faz o vaso.
Mas é o vazio
que perfaz a vasilha.
Casam-se as paredes e se encaixam portas
mas é onde não há nada
que se está em casa.
Falam-se palavras
e se apalavram falas,
mas é no silêncio
que mora a linguagem.
É o Ser que faz a utilidade.
Mas é o Nada que dá sentido.
(A de Edmundo Montagne, traduzida em português: )
Trinta raios se juntam no cubo;
mas é o não existente entre eles o que
realiza a efetividade da roda.
De terra se fazem as vasilhas;
porém o não existente do meio realiza a
efetividade da vasilha.
Cortando portas e janelas se faz a casa;
porém esse não existente entre seus muros
realiza a efetividade da casa.
- Assim, pois, em geral
Do material depende a Utilidade;
E do Imaterial depende a Efetividade.
(A versão de Norberto de Paula Lima é assim:)
Trinta raios convergem, no círculo de uma roda
E pelo espaço que há entre eles
Origina-se a utilidade da roda
A argila é trabalhada na forma de vasos
E no vazio origina-se a utilidade deles
Abrem-se portas e janelas nas paredes da casa
E pelos vazios é que podemos utilizá-la
Assim, da não-existência vem a utilidade, e
da existência, a posse.
( A tradução de Wu Jyh Cherng, direta do original:)
Trinta raios convergem ao vazio do centro da roda
Através dessa não-existência
Existe a utilidade do veículo
A argila é trabalhada na forma de vasos
Através da não-existência
Existe a utilidade do objeto
Portas e janelas são abertas na construção da casa
Através da não-existência
Existe a utilidade da casa
Assim, da existência vem o valor
E da não-existência, a utilidade
(Mas não acredito que “utilidade” seja o sentido do Tao. O Tao não tem utilidade) .
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