domingo, 29 de junho de 2014
As garças
As garças
(Afresco do Teatro Amazonas, possivelmente De Angelis)
Rogel Samuel
Eu me lembro. Na década de 50 o Rio Negro invadiu o centro de Manaus. A antiga Drogaria Flink ficou debaixo dágua. As águas entraram pela praça da Matriz. Creio que foi em 1953.
Agora leio que a enchente é grande. Calamidade. "A medição do nível das águas do rio Negro, feita no principal porto de Manaus, é realizada desde 1902. Desde que começou essa medição, 1953 foi marcado pela maior enchente da história do Estado. Naquele ano, em junho, o mês de pico das cheias dos rios da região atingiu 29,69 metros", diz a Agência Estado. 3 mil casas serão afetadas. O Rio Negro atinge a maior marca em 106 anos.
O maior poeta daquelas águas é Álvaro Maia:
GARÇAS
No azul, em móveis ângulos, esparsas
as penas em finíssimas arestas,
fugindo em tempo às cerrações funestas,
vão em busca do céu bandos de garças ...
Em meio de tristezas e de festas,
fazem retas e círculos de farças,
ou pospontam sendais nas talagarças
e nas tules ondeantes das florestas...
Na tarde escura, no verdor da aurora,
voam, revoam pelo espaço afora,
- aladas sensações, asas de mágoas...
Descem, depois, aos longes da planura,
e, enfeitando os barrancos de brancura,
lembram Mães-dágua em sonhos sobre as águas...
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