quarta-feira, 4 de junho de 2014

Harpa Submersa



 Harpa Submersa

J. G. DE ARAÚJO JORGE

Este retardatário gosto de pureza,
que me vem à boca do fundo coração,
não sei se é tédio ou o sinal de alvoradas renascentes.

Na areia branca onde a onda tenta apagar
vestígios de pés e levar todas as conchas,
me deixo à espera de outra vagas carregadas de conchas
ou de passos que tatuem novas marcas
na epiderme do coração.

Pobre coração marinheiro, tão marcado,
de que canto obscuro desenterras imprevistamente
esta harpa cheia de algas e de sons submersos?



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