sábado, 14 de junho de 2014

SHAKESPEARE, SONETO XXIX

" Soneto  XXIX   "
                      Shakespeare
                                  (inglês - 1564-1616)



Quando em minha desgraça e sem fortuna sigo
dos homens desprezado, e minha sorte choro,
praguejo contra os céus insensíveis, deploro
meu destino, e em protesto inútil me maldigo.

E os ricos de esperança invejo, e, num momento,
anseio ter também prazeres, alegrias,
tudo o que, à alma nos traz algum contentamento
e de amizades enche o decorrer dos dias...

Mas se assim desolado estou, e penso em ti,
tal como a cotovia ao vir da madrugada,
canto à espera do sol, à luz que ainda não vi,

e me sinto feliz, e sou rico talvez,
pois tendo o teu amor em minha alma encantada,
nem troco o meu Destino e nem invejo os reis!

( JG de Araujo Jorge. Os Mais Belos Poemas Que O Amor Inspirou. Vol. IV -  1965 )

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