quarta-feira, 30 de setembro de 2009

As bandeiras congeladas





As bandeiras congeladas

Rogel Samuel




Holderlin vê as heras amarelas e as rosas. A paisagem sobre a lagoa. Holderlin parece
um poeta zen. Ele vê. Cisnes Graciosos enfiam a cabeça na água. Na água plácida, santa, calma. Mas ele parece que sonha. Pois não é verão, mas inverno. Não há água no lago, nem cisnes, nem flores, nem calor, nem sol. Os muros estão mudos e frios. São muros. As bandeiras congelam.

METADE DA VIDA


Heras amarelas
E rosas silvestres
Da paisagem sobre a
Lagoa.

Ó cisnes graciosos,
Bêbedos de beijos,
Enfiando a cabeça
Na água santa e sóbria!

Ai de mim, aonde, se
É inverno agora, achar as
Flores? e aonde
O calor do sol
E a sombra da terra?
Os muros avultam
Mudos e frios; ao vento
Tatalam bandeiras.

(Trad. Manuel Bandeira)

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