quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Walmir Ayala



Sou de uma geração que cultuava o poeta e crítico de arte Walmir Ayala. Grande poeta hoje esquecido nas vagas gavetas empoeiradas dos sebos e das antigas casas. Ayala era inteligente, ágil, meio gordinho (quando o vi). Aliás a única vez que o vi pessoalmente foi na sala de aula do mestre Alceu Amoroso Lima. Ayala assistiu ao curso de Cultura Brasileira do mestre Alceu, junto com outras personalidades. Sentado discretamente ali atrás, entrava e saía em silêncio, discreto, elegante, moderno. Ayala foi o primeiro intelectual moderno do Brasil, no sentido de sua pessoa e no seu modo de vestir, de ser, de ousar, rompendo uma tradição machista. Era um poeta. Um poeta excelente. Creio que nunca será esquecido.



CANTO DO REI

Rico de ouro não sou, porém. fabrico
o sol cada manhã, estendo penas
(pássaro matinal) e atinjo antenas
de desespêro no meu vôo ubiquo.

Se tu, pálio de párias, me condenas
à rude mendicância onde claudico,

abro a minha canção no espaço oblíquo
das tuas superadas açucenas.
Jardineiro não sou. Feitor dos astros,
recrio minha aurora de aderências
na prematura submersão dos mastros.

Nas quilhas dêstes barcos que me sobram,
é que o sol dos meus ouros se conforma,
e as luas do meu reino se desdobram.

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http://historiadosamantes.blogspot.com/2009/09/walmir-ayala.html

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