sábado, 26 de setembro de 2009

A teoria da decisão filosófica de Euryalo Cannabrava




A teoria da decisão filosófica de Euryalo Cannabrava


Rogel Samuel


Mais uma vez tento reler o livro de meu mestre Euryalo Cannabrava. Livro difícil, mas extraordinário.

Cannabrava tentava publicá-lo quando era meu professor, na pós-graduação.

Ele um dia entrou furioso na nossa sala e contou que tinha ida ao gabinete do amazonense Artur Cesar Ferreira Reis, que era então presidente do Conselho Federal de Cultura, autoridade que dirigia o Instituto Nacional do Livro em plena era da ditadura militar.

- Começa que eu tive de marcar audiência e ele me deixou esperando na ante-sala, contou irado.

- Quando entrei no gabinete com os manuscritos do livro debaixo do braço, ele, sem levantar os olhos dos papéis que assina, perguntou:

- Que o senhor deseja, professor?

- Eu não agüentei: dei o murro na mesa dele e disse: "Exijo respeito!"...

E por aí foi a briga.

- Certamente o livro não será publicado... - disse Cannabrava.

Mas foi.

Euryalo Cannabrava é um dos mais importantes filósofos do Brasil. Mario de Andrade o chamava de Mestre. Professor catedrático do Colégio Pedro II, professor-visitante das Universidades de Columbia, de Londres (a convite de A. J. Ayer). Era professor de Cibernética e Lógica Matemática. Autor de diversos livros, como "Descartes e Bergson"(que tenho, com dedicatória), "Elementos de metodologia filosófica", "Ensaios Filosoficos", "Estética da Crítica" e outros.

O curso de Cannabrava a que assisti foi surpreendente. Ele contava casos de sua vida pessoal, de suas amizades, de sua formação. Disse que teve uma preceptora alemã quando criança, e que caçou búfalos selvagens na ilha de Marajó.

Seu nome é mundialmente conhecido nos dicionários de filosofia e ele se correspondia até com Bertand Russel.

O difícil era acompanhar suas aulas quando começava a discorrer sobre a lógica matemática...

2 comentários:

ROGEL DE SOUZA SAMUEL disse...

Estimado amigo Rogel Samuel:Li, encantado, o seu comentário acerca da minha modesta tradução deum soneto em inglês de Fernando Pessoa.Como analista arguto que é da Literatura, V. tem o dom de sondar o quepaira acima da mera análise literária em si. Vai muito além e o fazpoeticamente, desentranhando da profundidade dos seres e das obras oque não suspeitávamos como simples mortais. À sua crítica chamariade crítica poética, pois ela se se realiza no domínio daliteriedade, sendo que esta última acoplada à criaçãocrítico-poética.Suas crônicas, seus textos, estão atravessados por essa finasensibilidade, melhor dizendo, suavidade, do domínio do poético, dacrítica como criação, que faz de um texto um texto outro com umsopro do lirismo brotado na naturalidade , na espontaneidade de suaescrita.Portanto, lisonjeia-me saber que o trabalhoque faço no domínioliterario tem ressonância positiva de um especialista..Estou dando continidade às traduções de poemas pessoanos, dentro domeu tempo possível.Aproveito para informá-lo de que eu tomei a liberdade de incluir oseu Novo manual de teoria literária como indicação biblliográfica nomeu pequeno volume a ser lançadobrevemente pela editora Quártica,Breve introdução ao curso de Letras: uma orientação.Cumpprimentando efusivamente, queira dispor do amigo e admirador, Cunha e Silva Filho.

Anônimo disse...

Oi, Roger,

Há alguns anos estudo Filosofia e me interesso por lógica. Você acha que os livros do Professor Euryalo Cannabrava podem ajudar como introdução?

Obrigado,
André Neves
andrefelipe.neves@yahoo.com.br