segunda-feira, 28 de setembro de 2009

O teto do mundo oceânico












O teto do mundo oceânico

Rogel Samuel


O mar paira sobre a imaginação do cemitério, o mar recomeçando sempre, onda após onda, o mar profundo túmulo coberto de diamantes, abismo do sol, límpidas obras, ondas de uma eterna causa, o tempo o sonho, a sabedoria, tesouro e templo de Minerva?, massa calma e nítida, o mar dos primeiros poetas, o mar de Homero, o mar heróico, como nos primeiros versos desse CEMITÉRIO MARINHO de Valéry na tradução de Darcy Damasceno e Roberto Alvim Correa, tradução clássica:


Esse teto tranqüilo, onde andam pombas,
Palpita entre pinheiros, entre túmulos.
O meio-dia justo nele incende
O mar, o mar recomeçando sempre.
Oh, recompensa, após um pensamento,
um longo olhar sobre a calma dos deuses!


Que lavor puro de brilhos consome
Tanto diamante de indistinta espuma
E quanta paz parece conceber-se!
Quando repousa sobre o abismo um sol,
Límpidas obras de uma eterna causa
Fulge oTempo e o Sonho é sabedoria.


Tesouro estável,templo de Minerva,
Massa de calma e nítida reserva,
Água franzida, Olho que em ti escondes
Tanto de sono sob um véu de chama,
-Ó meu silêncio!... Um edifício na alma,
Cume dourado de mil, telhas, Teto!

Um comentário:

Jefferson Bessa disse...

Impressiona as imagens de Cemitério Marinho: o silêncio do mar que edifica a alma. Obrigado, Amigo!

Abraços.
Jefferson.