quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Por que viajar por essa porta?





Por que viajar por essa porta?

Rogel Samuel



Escreveu Dugpa Rinpochê: "Podes utilizar o instante como uma porta, e deslocar-te no tempo. Tudo é possível. Reencontrar-se com a idade de cinco anos, num quarto de criança, ou no pátio de uma escola, não é uma divagação pouco consistente, nostálgica. Estás realmente nesse quarto de criança, nessa escola, isto é, no Presente dessa época. É o segredo do Instante, a chave de ouro que abre todas as portas: tudo se passa no mesmo lugar, no mesmo tempo, no mesmo momento. Estamos realmente lá, e lá é aqui".



Por que viajar por essa porta? Ver a escadaria da minha escola "Princesa Isabel", em 1948, subindo para aquele espaço, onde D. Ivete Ibiapina nos esperava com seu cantar, e de lá avistar a praça, o espaço, o Ideal Clube, o palacete dos dois pianos, o monumento ao Congresso Eucarístico, e ao longe o rio, o Rio Negro, o Rio Sempre Negro, o Rio para sempre Negro, ameaçador como a morte, no centro do qual tudo gira, num rodopio de vida e de morte, onde tudo desaparece e reaparece, ou melhor, onde nada desaparece sem deixar o seu rastro: "o instante como um vazio rodopiante, no centro da roda da vida e da morte. Esse estado de ser nunca desaparece. Ele é a permanência, o fundamento, e, no entanto, move-se constantemente, sem nunca alterar a sua imobilidade irradiante", diz
o mesmo Dugpa Rimpochê.

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