quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A seringa











A seringa

LUCILENE GOMES LIMA

Em romances como A selva e Coronel de barranco, entretanto, os ficcionistas expõem em detalhes o funcionamento do seringal e o processo econômico do ciclo. Em A selva, tanto a margem quanto o centro recebem um enfoque didático. Alberto, o protagonista do romance, inicia uma ação romanesca que vai desde o recrutamento para o trabalho no seringal até a sua integração nele, conhecendo-o em profundidade. Inicialmente, Alberto observa e analisa a viagem no vapor, o tratamento dado ao nordestino, depois conhece o funcionamento do seringal e sua ingerência na vida dos seringueiros. Indo para o centro, é guiado pela personagem Firmino, seringueiro manso que lhe ensina pacientemente a técnica de coleta do látex e os conhecimentos necessários para sobreviver na selva. Esse aprendizado é explicitado nos seguintes trechos:

Isto são as tigelinhas. Se espeta elas na seringueira, pelas bordas. Assim... É preciso ter cuidado para que a folha fique bem segura, se não a tigelinha cai e o leite escorre todo para fora. Está compreendendo?
[...]
- Cada seringueira leva tantas tigelinhas conforme for a grossura dela. Uma valente, como aquele piquiá que você está vendo ali, pode levar sete. Uma assim como esta leva cinco ou quatro, se estiver fraca. Corta-se de cima para baixo e, quando se chega a baixo o machadinho volta acima, porque a madeira já descansou. Seringueiro malandro faz mutá, mas aqui é proibido.
- Que é isso?
- Vamos andando que eu já lhe explico. Mutá é fazer um girau com galho de árvore e ir cortar a seringueira lá em cima, junto à folha. A princípio dá mais leite, mas depois morre. (2)

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