A morte do samba apoteótico
Rogel Samuel
Com ele morre a gloria, o brilho, a ousadia. “Trevas! Luz! Explosão do universo” –
tema com que levou o Viradouro ao primeiro lugar em 1997 – define bem o que ele
foi ao longo de sua grande arte. Ele veio do Maranhão como marinheiro aos 17
anos.
Eu o conheci
no “Flor do amanhã”, quando recebeu o Dalai Lama. Ali, Joazinho Trinta mantinha
permanentemente uma criança ao colo, filho de uma menina de rua que ele
abrigava.
A última vez
que o vi foi no shopping de Manaus.
- Como vai o
“Flor do amanhã”, Joazinho? – pergunto. O que aconteceu com ele?
O “Flor do
amanhã” foi para mim o maior projeto social que já existiu no Rio de Janeiro:
abrigava toda a população de rua, meninos, meninas, prostitutas, travestis,
índios, mendigos, viciados – a todos
Joazinho dava casa e comida e tinha o plano de ali instalar uma escola de
primeiro grau onde eu pretendia trabalhar de graça.
- Mataram o “Flor
do amanhã”, disse-me ele.
E depois de
um suspirou de dor:
- Estávamos
atrapalhando...
2 comentários:
Rogel, os mesmos que mataram o flor do amanhã são os mesmos que o imitaram e ainda vão ganhar muito dinheiro com a memória do nosso diretor e cenógrafo.
Postar um comentário