terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O ORGULHO DE ALENCAR

O ORGULHO DE ALENCAR

POR

HUMBERTO DE CAMPOS


(Taunay - Reminiscências, vol. I, pág. 109)

O Imperador Pedro II não tinha grandes simpatias pessoais por José de Alencar. Porque este o houvesse ferido por mais de uma vez pela imprensa, ou porque lhe fizesse mal o amor-próprio, ou melhor, o orgulho do escritor, foi o soberano contrário, desde o princípio, à candidatura do seu ministro da Justiça à cadeira de senador pelo Ceará. No dia em que este lhe foi comunicar que era candidato, o monarca objetou-lhe:

- No seu caso, não me apresentava agora: o senhor é muito moço...

Alencar, num daqueles repentes que lhe eram habituais, não se conteve.

- Por esta razão, - disse - Vossa Majestade devia ter devolvido o ato que o declarou maior antes da idade legal...

E tomando conta de si:

- Entretanto, ninguém até hoje deu mais lustre ao governo...

O Imperador não lhe perdoou, jamais, esse ímpeto, vetando, como se viu depois, o seu nome, que era o mais votado da lista

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