terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Abstêmio, D. Pedro 1º era "grande namorador" e andava com "amigos de reputação duvidosa"

Abstêmio, D. Pedro 1º era "grande namorador" e andava com "amigos de reputação duvidosa"

Antônio Carlos Olivieri
Karina Yamamoto
Em São Paulo          
  • Reprodução/WikimediaCommonsDom Pedro 1º, reprodução de retrato de Benedito Calixto
Figura central da Independência do Brasil, Dom Pedro 1º desperta paixões e dúvidas entre os historiadores. Mesmo a historiografia oficial o retrata de maneira controversa – um príncipe caprichoso, exímio músico, amante da equitação e um mulherengo inveterado. No entanto, era abstêmio.
“Dom Pedro foi um meteoro que cruzou os céus da história numa noite turbulenta. Deixou para trás um rastro de luz que ainda hoje os estudiosos se esforçam por decifrar. Viveu pouco, apenas 35 anos, mas seu enigma permanece nos livros e nas obras populares que inspirou”, descreve o jornalista Laurentino Gomes, que lançou 1822 em que faz “uma grande reportagem” sobre o processo de independência do país.
“Nasceu e morreu no mesmo quarto no Palácio de Queluz. Um quarto simbolicamente chamado ‘D. Quixote’. E não haveria local mais adequado para um personagem tão quixotesco quanto D. Pedro”, teoriza.


Dom Pedro 1º namorou até uma freira

“Além das duas mulheres oficiais – as imperatrizes Leopoldina e Amélia – teve mais de vinte amantes conhecidas, que incluíam escravas do palácio, senhoras da corte, mulheres casadas, dançarinas e atrizes, uma vendedora de louças e até uma freira do Convento da Esperança da Ilha Terceira, no Arquipélago dos Açores”, conta Laurentino, que pesquisou entre mais de 80 livros, além das 150 fontes que utilizou para escrever 1808, seu primeiro título.
Em entrevista por e-mail ao UOL Educação, Laurentino também contou que o grande amor da vida do primeiro imperador brasileiro foi a Marquesa de Santos, a paulista Domitila de Castro de Canto e Melo. “Grande namorador”, como o jornalista se refere ao primeiro imperador, ele também levou um caso com a irmã de Domitila, Maria Benedita, que depois ganharia o título de Baronesa de Sorocaba.
Com suas mulheres oficiais e as amantes, sabe-se que Dom Pedro teve pelo menos uma dúzia e meia de filhos. “Mas, curiosamente, assumiu e reconheceu todos eles, incluindo os bastardos”, diz o autor de 1822. “Dom Pedro era um pai amoroso e atento às necessidades dos filhos, como mostram as cartas e bilhetes que trocava com eles. Alguns eu reproduzo no meu livro.”


Liberal, Dom Pedro 1º admirava Napoleão

Para Laurentino, o imperador foi “um personagem à frente do seu tempo”. Admirador de Napoleão – o mesmo que fizera com que a Família Real fugisse para o Brasil em 1808 –, “tinha um discurso liberal, mas uma índole autoritária”.
“Fechou a constituinte em 1823 porque os deputados não se curvaram à sua vontade e, no ano seguinte, outorgou ao Brasil uma das constituições mais liberais e avançadas da época”, exemplifica o autor que retrata Dom Pedro como “um homem de idéias próprias e bem diferentes daquelas defendidas pelo seu pai, D. João VI, e a mãe, Carlota Joaquina”.
Questionado sobre a importância de José Bonifácio, conhecido como o Patriarca da Independência, Laurentino diz: “Com a ajuda dele, o jovem príncipe de apenas 23 anos conseguiu manter o país unido naquele momento em que os riscos de uma guerra civil e de separação das diferentes províncias eram enormes”.

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