sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Hino ao trabalho


Hino ao trabalho

 

Rogel Samuel

 

Bilac escreveu um dos mais belos hinos ao trabalho, desde o trabalho pré-histórico operador do fogo, construtor da primeira casa, o que começou a lavrar, o lavrador o ferreiro o coveiro... costureiro, o escritor, marinheiro, cantor, eletricista, aviador, o socialista, o homem da esperança.... O trabalho é aquela atividade, aquela mercadoria valiosíssima, que visa a um determinado fim (O capital, I, 1). Atividade essa que opõe o homem à natureza e revela sua capacidade de gerar valor, seja pela força de trabalho humano fisiológico simples, seja pelo trabalho abstrato intelectual e artístico. Todo trabalho é um dispêndio de cérebro para criar riqueza, com músculo, nervos, mãos. Produzir é em si gerar uma mercadoria, um valor. O trabalho construiu o mundo, ou com operários manuais, mecânicos, ou com cantores, pianistas, escritores e poetas. Nós somos que fizemos.

 

 

Benedicite!


Bendito o que, na terra, o fogo fez, e o tecto;
E o que uniu a charrua ao boi paciente e amigo;
E o que encontrou a enxada; e o que, do chão abjeto,
Fez, aos beijos do sol, o ouro brotar do trigo;



E o que o ferro forjou; e o piedoso arquiteto
Que ideou, depois do berço e do lar, o jazigo;
E o que os fios urdiu; e o que achou o alfabeto;
E que deu uma esmola ao primeiro mendigo;



E o que soltou ao mar a quilha, e ao vento o pano;
E o que inventou o canto; e o que criou a lira;
E o que domou o raio; e o que alçou o aeroplano...



Mas bendito, entre os mais, o que, no dó profundo,
Descobriu a Esperança, a divina mentira,
Dando ao homem o dom de suportar o mundo!


 

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