PINTURA NA AREIA
PINTURA NA AREIA
Para curar-me, o feiticeiro
pintou tua imagem
no deserto:
areia de oiro - teus olhos,
areia vermelha - a tua boca,
areia azul para os cabelos,
e branca, branca areia, para as minhas lágrimas.
Pintou durante o dia, e tu
crescias como uma deusa
sobre a imensa tela amarela.
E pela tarde o vento dispersou
tua sombra colorida.
E, como sempre, na areia
nada ficou senão o símbolo das minhas lágrimas:
areia prateada.
Poemas dos Peles-Vermelhas, mudado para português por Herberto Helder, de O Bebedor Nocturno (1968), in Poesia Toda, Assírio & Alvim, Novembro de 1990, pp. 238-239.
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